Depois da autêntica trapalhada dos subsídios não atribuídos, seguiu-se mais um golpe, que para alguns será o derradeiro, nos economicamentente moribundos clubes de Sines.
A autarquia mais que duplicou o custo dos transportes aos clubes de Sines, fazê-lo via fax e a meio da época desportiva demonstra bem a falta de capacidade de diálogo da autarquia, o respeito que os clubes lhe merecem, o desconhecimento da gestão desportiva e a falta de coragem em assumir a falência dos compromissos.
Fala-se em demissão de dirigentes desportivos, do abandono de competições, do fim de clubes mas fala-se em surdina, num misto de medo das represálias e na vã esperança que ainda haja por aí umas migalhas que assegurem a sobrevivência. O silêncio, o medo e a ignorância agrada ao poder, especialmente quando este é ignorante.
O executivo eleito pelo SIM será recordado - entre outras bem piores - como aquele que ditou o fim do desporto em Sines tal como o conhecemos. Mas não foi agora, nem tão-pouco a crise que ditou este destino, antes a incapacidade e incompetência dos membros deste executivo ao longo dos anos, que nunca conseguiu definir uma visão estratégica para o futuro desportivo de Sines, utilizando o seu contributo monetário como moeda de troca política e não como a base de um verdadeiro desenvolvimento e estratégia politica desportiva local e regional.
Quando durante anos se falou da nefasta proliferação de clubes em Sines, da crescente subsidio-dependência dos clubes, da ingerência politica nos destinos dos clubes, na promiscuidade de dirigentes políticos como dirigentes desportivos, na falência da autarquia, no galopante endividamento, no laxismo da despesa, na realização de investimentos megalómanos, na insistência de verbas absurda para a cultura, no crescimento dos custos com pessoal e assessorias, quase todos concordavam, mas muitos aproveitaram desta lógica de gestão comprometedora do futuro, e o futuro como sempre chega um dia.
Ao recorrente discurso dos custos indirectos que a autarquia suporta com os clubes, como com a manutenção de equipamentos, transportes, etc, espantosamente nunca ninguém contrapôs com a enorme poupança que significa a existência destes clubes para a autarquia. Para além do serviço social e desportivo que prestam são muito mais eficazes economicamente que a autarquia. Basta pensar quanto custaria à autarquia manter as largas centenas de atletas sinienses a praticarem desporto, quando comparativamente os clubes dispõem de técnicos e dirigentes voluntários, nomeadamente aos fim-de-semana. Quanto custaria isto em salários à autarquia? A alternativa será sempre reduzir o número de praticantes e consequentemente de resultados desportivos que o poder político tanto gosta de ostentar.
Mas virá o bodo aos pobres há medida que se aproximem novamente as eleições autárquicas, até lá muitos não sobreviverão, mas veremos que restarão aqueles que interessam a quem decide, porque quem se pretende candidatar também sabe que o futuro chegará um dia destes.
Para a maioria dos clubes chegou o fim da linha, a mudança de paradigma é um caminho estreito e é feito de luta e confronto para os que pretendem sobreviver e de subserviência e silêncio para os que apenas pretendem resistir mais alguns tempo.
Devem os clubes e colectividades constituir uma Federação das colectividades de Sines, que os represente e fale a uma só voz, junto da autarquia e do patrocinadores, nomeadamente da Galp Energia, que tem a obrigação de definir e conhecer o destino das verbas atribuídas.
Partilhar serviços comuns de transportes, administrativos, jurídicos, instalações, etc, para obtenção de partilha de custos e economias de escala; decidir a eventual fusão de alguns clubes; criar actividades geradoras de receitas para diminuir a sua dependência da autarquia; chamar os atletas e famílias a participar nos custos desportivos; elaborar um estudo que demonstre os custos que a autarquia teria para assegurar a manutenção da prática desportiva que hoje existe evidenciando a eficácia das verbas aplicadas; equacionar a possibilidade de apoio de outras autarquias da região que assegurem a sobrevivência dos clubes e os compromissos assumidos com os atletas e federações, entre tantas outras medidas e soluções.