quinta-feira, 25 de novembro de 2010

A côrte do El Dorado

Enquanto no resto do País se marcaram greves em protesto contra as medidas de austeridade que tendem a esvaziar ainda mais os bolsos dos Portugueses, em Sines festejou-se o dia do Municipio, que por esta altura é o el dorado Português.

Na véspera do feriado que comemora a entrega da carta de foral por D. Pedro I, a côrte de intelectuais reuniu-se em segredo na cafetaria do castelo, sem avisos, nem divulgações ao povoléu, que a festa queria-se restrita e só para pessoas com apurado gosto musical. Ali se sentaram numa mesa corrida os membros da côrte e demais convidados, assim, de costas voltadas para a entrada à qual um ou outro cidadão mais curioso se assumava, para espreitar a origem de tão refinados acordes criados pelos bobos da côrte.

- Toquem umas musiquinhas que amanhã não se trabalha!

Ironias à parte, até porque não é altura para isso, quando nos queixamos que a população não adere aos eventos culturais promovidos pelo Município ou por qualquer outra associação ou organização, não podemos simultaneamente escondê-los ou torná-los demasiado elitistas quando nos convém. Eu, que por estes meses vivo durante a semana em Sines e que me considero uma pessoa minimamente informada relativamente ao programa cultural do Concelho, nada sabia sobre a denominada “Jam Session” que ali ocorreu, se calhar porque não faço parte da côrte de intelectuais que ali estava destinada a juntar-se.

- E esta merda é toda nossa!

Cantam as claques de futebol quando ganham um jogo em campo alheio, e deve ser o que pensa este executivo do castelo e das suas infraestruturas agora felizmente reabilitadas. Mas eu também quero aquele espaço para mim e tenho a certeza que o resto dos Sinienses também pensam assim, por isso essa história de fechar as portas do castelo e abri-las só quando fazem as suas festas privadas pela noite fora não me parece nada justo.

Que fique claro que não sou contra a política cultural implementada, muito menos contra o clube 33 e as "jam sessions" que o executivo directa ou indirectamente organiza, sou isso sim, contra a pouca divulgação destas iniciativas e a forma como essa pouca divulgação é promovida, porque não tenham dúvidas que a maioria da população não sabe sequer que existe a cafetaria do castelo, e muito menos que nas terceiras terças-feiras de cada mês, ali se juntam excelentes músicos para tocar fora de horas.

A politica, eu não me canso de dizer isto, devia ser a mais nobre das profissões, para não dizer que deveria ser uma missão. Eu, que já deixei de acreditar que esta democracia representativa possa vir a ser justa, muito embora estas pequenas demonstrações de elitismo e proveito próprio à custa de todos me continuem a revoltar, acredito que sejam coisas destas que a vão fragilizando cada vez mais, permitindo que sistemas erradamente considerados como utopias, possam vir a ser discutidos e encarados como soluções, para a pouca vergonha com que estes supostos representantes nos brindam um pouco por todo o País.

11 comentários:

Anónimo disse...

Como a elite não usa vai de suprimir.
"Transporte urbano municipal deixa de circular ao sábado de manhã"

Anónimo disse...

O termo Eldorado significa o homem dourado segundo a lenda tamanha era a riqueza da cidadela que o Imperador tinha o hábito de se espojar no ouro em pó para ficar com a pele dourada se o Peru Amarelo se quiser espojar no ouro em pó em Sines tem bastante eu até sei onde está e posso dizer porque não sou ambicioso e muito menos vendedor de Ilusões.

Anónimo disse...

Quem não sabe da realização das jam sessions é porque não se informa.
São constantemente publicitadas nas agendas culturais.....

Se a população não sabe da realização de determinado evento e se este é publicitado, de quem é que será a falha?
Como se para os eventos terem alguma legitimidade fosse necessário uma bula papal....

Anónimo disse...

Ao comentador das 8.04P.M.
Se me dirigi-se um convite do género:
- Convido-o à assistir e participar,logo à noite numa "jam Sessions". Como não sei o que isso é, diria de emediato: Vá voçê!

O que está subjacente é politica cultural deste município é pensada e realizada por uma elite para dela usufruir um número restrito de seneenses.

A recuperação do Castelo é sem dúvida uma obra deste executivo de louvar. Mas a exemplo de outros projectos, começam bem, mas sempre descambam para exageros!Ex: FMM, Pro Artes, CAS,Cafetaria do Castelo, Passeio da Primavera entre outros!

A exemplo poder central, quando há que cortar despesas, atarraxa-se mais um pouco, quem já está apertado! Não houve passeio da Primavera, mas há banquetes para as elites.
Como cantava o poeta: Eles comem tudo, eles comem tudo e não deixam nada!

Anónimo disse...

Terra dos Abranhos.

Políticos mentirosos, imbecis, oportunistas, hipócritas que proliferam aos pontapés ,isto são os novos Abranhos uma fonte inesgotável de inspirados, um retrato de Arrivistas, sem inteligência e sem escrúpulos, gente medíocre, cretina e impiedosa, Gente de raça Abjecta, e este povo já se habituou a ser explorado, enxovalhado, espoliado, e curvando-se, ainda agradece a chibatada.
O povo por isso não merece mais do que Tem.

Anónimo disse...

Mas há algum evento, projecto, grupo, associação ou pessoa ligada à cultura local que alguém neste blog elogie? Nunca vi. Protagonizado pela autarquia ou por uma pessoa ou entidade privada, tem sido sempre a arrasar. Seria uma grande surpresa ler qualquer coisa a favor. A única actividade que vejo referida e elogiada é o desporto. E depois dizem que os outros é que são elitistas.

Anónimo disse...

pensava que a música das tasquinhas, todos os dias, era popular... não me parece que seja para as elites. De facto, se não lêm a agenda cultural então não critiquem.

Anónimo disse...

Vá lá,façam um esforço e arranjem algo para elogiar.
O espetaculo apresentado este fim de semana no salão do Povo pelo Ao Luar Teatro.
Para além disto só me lembro de algo, deixa cá ver, hum...não isto não pode ser.
Há já sei, o o o o...pois é melhor não...então e se for...tirando o...
Pois o FMM é só para o ano...

Bruno Leal disse...

Querem-me dizer então que a "jam session" da véspera do feriado do Município foi divulgada? Mostrem-me onde sff... Eu elogio todo e qualquer actividade cultural que o Município promova, desde que não seja feita às escondidas, só para alguns, mas paga com o dinheiro de todos e num local público.

Anónimo disse...

Sr. Bruno faça-nos um favor, não responda a esses proxenetas do regime, que vêm para aqui tentar desacreditá-lo, ponha os óculos de protecção e deixe que a areia caia naturalmente sem lhe causar danos nos olhos, porque isso era o que eles queriam, continue.
Sentem-se incomodados nota-se tão bem, mas isto é o que transparece o pior é o que se mantém oculto, que é muito mais do que isto.

Anónimo disse...

Ao Luar Teatro??? Um grupinho de 3 pessoas acabado de formar, supostamente do Algarve, (que eu saiba não faz parte da cultura local), e feito por actores que foram corridos, despedidos do Teatro ao Largo por mau comportamento, é a única coisa que há a elogiar??? Não me façam rir que sou um homem sério e não ando aqui a dormir. Então e o que é que o senhor Penas tem feito por Sines? Que mediocridade tudo isto. Dá vontade de emigrar.

Prezo no entanto a opinião do Bruno Leal e a forma educada como a expõe, mesmo que possa não concordar com tudo o que diz. Mas isso, é a vida.