Imaginem que todos os gestores públicos das 77 empresas do Estado decidiam voluntariamente baixar os seus vencimentos e prémios em dez por cento. Imaginem que decidiam fazer isso independentemente dos resultados. Se os resultados fossem bons as reduções contribuíam para a produtividade. Se fossem maus ajudavam em muito na recuperação.
Imaginem que os gestores públicos optavam por carros dez por cento mais baratos e que reduziam as suas dotações de combustível em dez por cento.
Imaginem que as suas despesas de representação diminuíam dez por cento também. Que retiravam dez por cento ao que debitam regularmente nos cartões de crédito das empresas.
Imaginem ainda que os carros pagos pelo Estado para funções do Estado tinham ESTADO escrito na porta. Imaginem que só eram usados em funções do Estado.
Imaginem que dispensavam dez por cento dos assessores e consultores e passavam a utilizar a prata da casa para o serviço público.
Imaginem que gastavam dez por cento menos em pacotes de rescisão para quem trabalha e não se quer reformar.
Imaginem que os gestores públicos do passado, que são os pensionistas milionários do presente, se inspiravam nisto e aceitavam uma redução de dez por cento nas suas pensões. Em todas as suas pensões. Eles acumulam várias. Não era nada de muito dramático. Ainda ficavam, todos, muito acima dos mil contos por mês. Imaginem que o faziam, por ética ou por vergonha. Imaginem que o faziam por consciência.
Imaginem o efeito que isto teria no défice das contas públicas.
Imaginem os postos de trabalho que se mantinham e os que se criavam.
Imaginem os lugares a aumentar nas faculdades, nas escolas, nas creches e nos lares.
Imaginem este dinheiro a ser usado em tribunais para reduzir dez por cento o tempo de espera por uma sentença. Ou no posto de saúde para esperarmos menos dez por cento do tempo por uma consulta ou por uma operação às cataratas.
Imaginem remédios dez por cento mais baratos. Imaginem dentistas incluídos no serviço nacional de saúde.
Imaginem a segurança que os municípios podiam comprar com esses dinheiros.
Imaginem uma Polícia dez por cento mais bem paga, dez por cento mais bem equipada e mais motivada.
Imaginem as pensões que se podiam actualizar. Imaginem todo esse dinheiro bem gerido.
Imaginem IRC, IRS e IVA a descerem dez por cento também e a economia a soltar-se à velocidade de mais dez por cento em fábricas, lojas, ateliers, teatros, cinemas, estúdios, cafés, restaurantes e jardins.
Imaginem que o inédito acto de gestão de Fernando Pinto, da TAP, de baixar dez por cento as remunerações do seu Conselho de Administração nesta altura de crise na TAP, no país e no Mundo é seguido pelas outras setenta e sete empresas públicas em Portugal. Imaginem que a histórica decisão de Fernando Pinto de reduzir em dez por cento os prémios de gestão, independentemente dos resultados serem bons ou maus, é seguida pelas outras empresas públicas.
Imaginem que é seguida por aquelas que distribuem prémios quando dão prejuízo.
Imaginem que país podíamos ser se o fizéssemos.
Imaginem que país seremos se não o fizermos.
(MC)
9 comentários:
Eu imagino, sim.
Imagino o grande manguito que esta gente visada neste artigo faz às pretensões aqui descritas.
Estamos em crise?
Então vejam as despesas feitas por alguns institutos públicos, na ordem dos milhões de euros! Despesas supérfluas, na sua maioria.
Depois aparecem aquelas cândidas figuras, a dizer que a culpa é da crise internacional.
Que todos temos que fazer sacrifícios.
Que este governo – ou qualquer outro - não tinha alternativa.
Já os anónimos – anónimos porque são tímidos e não por serem apenas covardes e venenosos, com certeza – dirão que a crise existe devido:
Aos sindicatos; sindicalistas e afins.
Aos trabalhadores, porque são preguiçosos.
A todos os políticos em geral, porque nenhum deles tem os filhos inscrito nos Centros de Emprego, entre outras “mordomias”.
Ter memória?
Ter sentido crítico?
Isso não, porque provoca dores de cabeça.
Imagine.
Amanhã seria o aniversário de John Lennon, e sonhar não custa nem paga imposto (por enquanto...)
Não tem a ver com o tema, mas não posso deixar de registar um facto relevante e positivo- o blog da concelhia do PS, que estava parado no tempo em Junho de 2009 - passou a mexer - em Julho de 2010, e logo com um mea culpa por ter descurado a comunicação com o eleitorado. Mais vale tarde que nunca. Será que nos ouvem??
Como não há bela sem senão, registo também um facto negativo, que é a posição assumida em relação ao parque de campismo. O PS Sines defende a posição da CMS de abrir concurso para venda do direito de superfície dos terrenos do parque. Será que estes senhores sabem o que isso significa?? saberão que é o princípio de uma eventual alteração de finalidade daquele terreno? porquê direito de superfície e não concessão?
Braz, recordo-lhe um seu post a propósito do betão, e peço-lhe que converse com os seus amigos socialistas para os demover. Mesmo que não publique este comentário por óbvia falta de relação com o tema.
MPDAguiar
Quem é que assina com as siglas MC?
MC significa Mário Crespo, suponho...
Éra nesse pais que gostava de viver e tinha orgulho na bandeira
Crise. Deputado esfomiado reivindica jantar na cantina da Assembleia da Republica.
O deputado do PS Ricardo Gonçalves gostava de ter a cantina da AR aberta ao jantar isto porque 3700€ mês que aufere mais 60€ de ajudas de custo por dia quase não dão para comer.
www.expesso.pt
134 Mil Euros para passear o rabiosque de Durão Barroso.
Austuridade? Onde? É tudo á grande e á francesa.
Organizamos cimeiras da Nato,compramos automoveis para receber os lideres e até um especial Durão Barroso.
E assim continua o fandango.
www.expresso.pt
8:00 Sexta feira 8 de Outubro 2010
Pois... Mário Crespo faz sentido... Gosto desse homem!
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