Para que fique clara a minha posição relativamente ao tema da poluição recupero aqui um artigo de minha autoria de 15.05.2004 e postado aqui no blogue em 09.01.2008.
"Vivendo Portugal uma época em que grassa a hipocrisia, os adiamentos, os silêncios e as falsas verdades no que se refere às questões ambientais é com regozijo que confirmo mais uma vez que a imprensa continua a ser uma referência de denúncia e esclarecimento cabal. Vem isto a propósito do artigo «Os gases de Portugal» (GR 173).
Enquanto em Sines eternizamos o debate sobre o desenvolvimento sustentável, recorrendo a eminências catedráticas em jornadas ambientais com vocabulário técnico que afasta o mais interessado cidadão e a autarquia Siniense consegue que sejam efectuadas medições em contínuo e descontínuo dos gases atmosféricos (assombrosa glória) para identificar quais as unidades industriais poluidoras (dúvida arrasadora); enquanto criamos observatórios do ambiente e a população de Sines discute e revolta-se em silêncio contra os maus cheiros, o artigo consegue em poucas linhas responder a todas estas questões, provando que é possível falar de poluição de forma clara e compreensível para todos, e também que o Estado português sonega informação aos seus cidadãos, e só quando pressionado pela CE - entenda-se obrigado a pagar multas — cumpre as suas obrigações ambientais.
Nado e criado em Sines há 33 anos, desde cedo percebi que a poluição era companheira de todas as horas. Contudo, ao longo dos anos, senti que não era irreversível, pois a população, a autarquia e as forças vivas lutavam contra um suposto fatalismo. Recordo a greve verde traduzida no cerco ao porto industrial pelas embarcações dos pescadores e a luta contra a incineradora de lixos industriais. Existia mobilização e liderança que conduziram à defesa dos direitos da população. Hoje, com o ridículo argumento de que não se deve protestar no Verão para não prejudicar o turismo em Sines (turismo?!) e de que o desenvolvimento económico é indissociável de poluição, acomodou-se a população, que vive numa passividade assustadora, trocando diariamente a sua saúde por um futuro monetariamente melhor.
Estará Sines irremediavelmente inundada por um sentimento de impotência perante tão elevados interesses? Alguém que explique que é possível - com elevado investimento, é certo - reduzir significativamente a poluição atmosférica, que existem fontes energéticas alternativas e indústrias não poluentes e igualmente geradoras de emprego ou com impacto ambiental reduzido, que há países com mais desenvolvimento e com muito menos poluição.
Alguém que grite aos ouvidos dos Sinienses que a poluição não é um fatalismo e que a saúde e o bem-estar não têm preço e são um direito elementar e inalienável, Quando for efectuado o estudo epidemiológico há muito exigido, vamos Infelizmente concluir aquilo de que suspeitamos: somos mais doentes e morremos mais, nomeadamente de doenças do foro oncológico, do que a generalidade dos portugueses. A propósito, alguém viu por aí as associações ambientais?"
“Texto publicado na extinta revista Grande Reportagem, em 15 de Maio de 2004”
"Vivendo Portugal uma época em que grassa a hipocrisia, os adiamentos, os silêncios e as falsas verdades no que se refere às questões ambientais é com regozijo que confirmo mais uma vez que a imprensa continua a ser uma referência de denúncia e esclarecimento cabal. Vem isto a propósito do artigo «Os gases de Portugal» (GR 173).
Enquanto em Sines eternizamos o debate sobre o desenvolvimento sustentável, recorrendo a eminências catedráticas em jornadas ambientais com vocabulário técnico que afasta o mais interessado cidadão e a autarquia Siniense consegue que sejam efectuadas medições em contínuo e descontínuo dos gases atmosféricos (assombrosa glória) para identificar quais as unidades industriais poluidoras (dúvida arrasadora); enquanto criamos observatórios do ambiente e a população de Sines discute e revolta-se em silêncio contra os maus cheiros, o artigo consegue em poucas linhas responder a todas estas questões, provando que é possível falar de poluição de forma clara e compreensível para todos, e também que o Estado português sonega informação aos seus cidadãos, e só quando pressionado pela CE - entenda-se obrigado a pagar multas — cumpre as suas obrigações ambientais.
Nado e criado em Sines há 33 anos, desde cedo percebi que a poluição era companheira de todas as horas. Contudo, ao longo dos anos, senti que não era irreversível, pois a população, a autarquia e as forças vivas lutavam contra um suposto fatalismo. Recordo a greve verde traduzida no cerco ao porto industrial pelas embarcações dos pescadores e a luta contra a incineradora de lixos industriais. Existia mobilização e liderança que conduziram à defesa dos direitos da população. Hoje, com o ridículo argumento de que não se deve protestar no Verão para não prejudicar o turismo em Sines (turismo?!) e de que o desenvolvimento económico é indissociável de poluição, acomodou-se a população, que vive numa passividade assustadora, trocando diariamente a sua saúde por um futuro monetariamente melhor.
Estará Sines irremediavelmente inundada por um sentimento de impotência perante tão elevados interesses? Alguém que explique que é possível - com elevado investimento, é certo - reduzir significativamente a poluição atmosférica, que existem fontes energéticas alternativas e indústrias não poluentes e igualmente geradoras de emprego ou com impacto ambiental reduzido, que há países com mais desenvolvimento e com muito menos poluição.
Alguém que grite aos ouvidos dos Sinienses que a poluição não é um fatalismo e que a saúde e o bem-estar não têm preço e são um direito elementar e inalienável, Quando for efectuado o estudo epidemiológico há muito exigido, vamos Infelizmente concluir aquilo de que suspeitamos: somos mais doentes e morremos mais, nomeadamente de doenças do foro oncológico, do que a generalidade dos portugueses. A propósito, alguém viu por aí as associações ambientais?"
“Texto publicado na extinta revista Grande Reportagem, em 15 de Maio de 2004”
11 comentários:
Bráz, gostava de perceber com base científica fez esta afirmação:
"Quando for efectuado o estudo epidemiológico há muito exigido, vamos Infelizmente concluir aquilo de que suspeitamos: somos mais doentes e morremos mais, nomeadamente de doenças do foro oncológico, do que a generalidade dos portugueses."
E o estilo de vida actual das populações, a falta de exercício físico, a mal alimentação, o tabaco, o alcool, as drogas, o aquecimento GLOBAL... esses não contam para as doenças do foto oncológico?
Pura demagogia, sem quaisquer elementos que o comprovem, estabalecer uma relação entre o complexo industrial de sines e uma doença cujas estatísticas mostram que é um flagelo cada vez maior em todo o país e no mundo.
Podemos não ter estudos cientificos, mas temos a constatação da observação, a evidência de quem trabalha ou infelizmente conhece os "caminhos" das doenças oncológicas e comenta o número anormal de casos na região.
Demagogia é alegar que não ausência de estudos, então está tudo bem. Não existindo estudos cientifico que o comprovem cientificamente, até me faz alguma confusão, os investimentos que as indústrias vem fazendo para reduzir a poluição, devem ser estúpidos.
a reposição detes dois pots merecem apenas uma palavra da minha parte em relação ao sr. Braz:
coerência
Infelizmente como utente de tratamentos oncológicos no HLA,vos digo:
Nos últimos 5 anos, triplicaram os casos de cancros e cada vez são mais agressivos.
E se falarem com algum médico (off-record) vos dirá que nesta zona a taxa é muito maior.
Li por aqui neste blog a comparação do filme da Julia Roberts, no nosso caso não é ficção, é realidade!
Estamos fartos do "políticamente correcto sr anónimo 1:51 AM, Junho 21, 2009.
É óbvio que o sedentarismo e as drogas também contam. A indústria PODE ter o seu desenvolvimento mas, duma forma sustentável mas, AUTORIDADES a sério, não podem fechar os olhos a certas coisas só porque são "amigos" e vão aos anos uns dos outros...
agora que se aproxima as eleições autarcas é que se lembram da poluição
Anónimo das 1:51 AM, Junho 21, 2009
parabens pelo seu comentário.Nós não estamos ,bem disso não há duvida e outros ?
...uma doença cujas estatísticas mostram que é um flagelo cada vez maior em todo o país e no mundo.
Está na hora de quebrar o silêncio.Sugerimos que se marque para o dis de abertura do FMM um grande manifestação onde possamos gritar por socorro ! Em nome daqueles já nos deixaram por problemas oncológicos e por todos nós de sorte incerta.BASTA !
Estamos fartos do "políticamente correcto sr anónimo 1:51 AM, Junho 21, 2009.
Quem é o Sr. para falar estamos fartos? Fale por si, porque ainda agora aqui chegou oficialmente e, já anda a tentar manipular.
Alguém sabe responder à pergunta:
Qual a percentagem de habitantes de Sines e arredores com cancro?...
Estamos fartos do "políticamente correcto sr anónimo 1:51 AM, Junho 21, 2009.
Quem é o Sr. para falar estamos fartos? Fale por si, porque ainda agora aqui chegou oficialmente e, já anda a tentar manipular.
10:13 AM, Junho 22, 2009
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...quem eu sou? Tudo menos um anónimo que não aceita a demagogia "barata" e dá a cara.
Mesmo que tenha cá chegado agora, tenho direito a uma opinião. Outros, não sei se a terão, mesmo que escrevam algumas frases "bonitas"
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