domingo, 21 de junho de 2009

Sines e a Poluição - reposição

Para que fique clara a minha posição relativamente ao tema da poluição recupero aqui um artigo de minha autoria de 15.05.2004 e postado aqui no blogue em 09.01.2008.


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Vivendo Portugal uma época em que grassa a hipocrisia, os adia­mentos, os silêncios e as falsas ver­dades no que se refere às questões ambientais é com regozijo que confirmo mais uma vez que a im­prensa continua a ser uma referên­cia de denúncia e esclarecimento cabal. Vem isto a propósito do ar­tigo «Os gases de Portugal» (GR 173).
Enquanto em Sines eterni­zamos o debate sobre o desenvol­vimento sustentável, recorrendo a eminências catedráticas em jorna­das ambientais com vocabulário técnico que afasta o mais interessa­do cidadão e a autarquia Siniense consegue que sejam efectuadas medições em contínuo e descontínuo dos gases atmosféricos (assombrosa glória) para identificar quais as unidades industriais poluidoras (dúvida arrasadora); en­quanto criamos observatórios do ambiente e a população de Sines discute e revolta-se em silêncio contra os maus cheiros, o artigo consegue em poucas linhas respon­der a todas estas questões, provando que é possível falar de poluição de forma clara e compreensível pa­ra todos, e também que o Estado português sonega informação aos seus cidadãos, e só quando pressionado pela CE - entenda-se obrigado a pagar multas — cumpre as suas obrigações ambientais.

Nado e criado em Sines há 33 anos, desde cedo percebi que a poluição era companheira de todas as horas. Contudo, ao longo dos anos, sen­ti que não era irreversível, pois a população, a autarquia e as forças vivas lutavam contra um suposto fatalismo. Recordo a greve verde traduzida no cerco ao porto industrial pelas embarcações dos pesca­dores e a luta contra a incineradora de lixos industriais. Existia mobilização e liderança que conduziram à defesa dos direitos da popu­lação. Hoje, com o ridículo argumento de que não se deve protestar no Verão para não preju­dicar o turismo em Sines (turismo?!) e de que o desenvolvimen­to económico é indissociável de poluição, acomodou-se a popu­lação, que vive numa passividade assustadora, trocando diariamen­te a sua saúde por um futuro mo­netariamente melhor.

Estará Sines irremediavelmente inundada por um sentimento de impotência pe­rante tão elevados interesses? Al­guém que explique que é possível - com elevado investimento, é certo - reduzir significativamente a poluição atmosférica, que exis­tem fontes energéticas alternativas e indústrias não poluentes e igualmente geradoras de emprego ou com impacto ambiental reduzido, que há países com mais de­senvolvimento e com muito menos poluição.

Alguém que grite aos ouvidos dos Sinienses que a po­luição não é um fatalismo e que a saúde e o bem-estar não têm preço e são um direito elementar e inalienável, Quando for efectuado o estudo epidemiológico há muito exigido, vamos Infelizmen­te concluir aquilo de que suspeitamos: somos mais doentes e morremos mais, nomeadamente de doenças do foro oncológico, do que a generalidade dos portugueses. A propósito, alguém viu por aí as associações ambientais?"

“Texto publicado na extinta revista Grande Reportagem, em 15 de Maio de 2004”

11 comentários:

Anónimo disse...

Bráz, gostava de perceber com base científica fez esta afirmação:

"Quando for efectuado o estudo epidemiológico há muito exigido, vamos Infelizmen­te concluir aquilo de que suspeitamos: somos mais doentes e morremos mais, nomeadamente de doenças do foro oncológico, do que a generalidade dos portugueses."

E o estilo de vida actual das populações, a falta de exercício físico, a mal alimentação, o tabaco, o alcool, as drogas, o aquecimento GLOBAL... esses não contam para as doenças do foto oncológico?

Pura demagogia, sem quaisquer elementos que o comprovem, estabalecer uma relação entre o complexo industrial de sines e uma doença cujas estatísticas mostram que é um flagelo cada vez maior em todo o país e no mundo.

Estação de Sines disse...

Podemos não ter estudos cientificos, mas temos a constatação da observação, a evidência de quem trabalha ou infelizmente conhece os "caminhos" das doenças oncológicas e comenta o número anormal de casos na região.

Demagogia é alegar que não ausência de estudos, então está tudo bem. Não existindo estudos cientifico que o comprovem cientificamente, até me faz alguma confusão, os investimentos que as indústrias vem fazendo para reduzir a poluição, devem ser estúpidos.

Anónimo disse...

a reposição detes dois pots merecem apenas uma palavra da minha parte em relação ao sr. Braz:

coerência

Anónimo disse...

Infelizmente como utente de tratamentos oncológicos no HLA,vos digo:

Nos últimos 5 anos, triplicaram os casos de cancros e cada vez são mais agressivos.
E se falarem com algum médico (off-record) vos dirá que nesta zona a taxa é muito maior.
Li por aqui neste blog a comparação do filme da Julia Roberts, no nosso caso não é ficção, é realidade!

efernandes disse...

Estamos fartos do "políticamente correcto sr anónimo 1:51 AM, Junho 21, 2009.
É óbvio que o sedentarismo e as drogas também contam. A indústria PODE ter o seu desenvolvimento mas, duma forma sustentável mas, AUTORIDADES a sério, não podem fechar os olhos a certas coisas só porque são "amigos" e vão aos anos uns dos outros...

Anónimo disse...

agora que se aproxima as eleições autarcas é que se lembram da poluição

Anónimo disse...

Anónimo das 1:51 AM, Junho 21, 2009

parabens pelo seu comentário.Nós não estamos ,bem disso não há duvida e outros ?
...uma doença cujas estatísticas mostram que é um flagelo cada vez maior em todo o país e no mundo.

Anónimo disse...

Está na hora de quebrar o silêncio.Sugerimos que se marque para o dis de abertura do FMM um grande manifestação onde possamos gritar por socorro ! Em nome daqueles já nos deixaram por problemas oncológicos e por todos nós de sorte incerta.BASTA !

Anónimo disse...

Estamos fartos do "políticamente correcto sr anónimo 1:51 AM, Junho 21, 2009.

Quem é o Sr. para falar estamos fartos? Fale por si, porque ainda agora aqui chegou oficialmente e, já anda a tentar manipular.

Anónimo disse...

Alguém sabe responder à pergunta:
Qual a percentagem de habitantes de Sines e arredores com cancro?...

efernandes disse...

Estamos fartos do "políticamente correcto sr anónimo 1:51 AM, Junho 21, 2009.

Quem é o Sr. para falar estamos fartos? Fale por si, porque ainda agora aqui chegou oficialmente e, já anda a tentar manipular.

10:13 AM, Junho 22, 2009

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...quem eu sou? Tudo menos um anónimo que não aceita a demagogia "barata" e dá a cara.
Mesmo que tenha cá chegado agora, tenho direito a uma opinião. Outros, não sei se a terão, mesmo que escrevam algumas frases "bonitas"