segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Visto de Fora

"Passei o Natal em Porto Covo -na fabulosa costa alentejana-, e constatei: o avanço da besta não pára. Multiplicam as construções anacrónicas, detroem a paisagem. E, no desaforo, deixam as estradas degradarem-se. Doeu-me a alma. Não progredimos: enforcamo-nos."

Manuel Poppe, Publicado na Página de Cultura do Jornal de Notícias, 09.01.2011


Mas quem é Manuel Poppe, que tão vilmente vem contestar a jóia da coroa do turismo (???) do nosso Concelho. Falar de construções anacrónica que destroem a paisagem e cujos projectos foram pagos regiamente a ilustres arquitectos e aprovados por doutos vereadores, questionar que o estado das estradas, cujos projectos e concursos estão lançados (em condições normais a manutenção evita a reparação)?

Manuel Poppe é um intelectual distinto, com muito mundo calcorreado, provocatório e irreverente. Não alinha no politicamente correcto, nem no conforto das conveniências e dos convites para integrar equipas de estudo pagas a peso de ouro para caucionar a voz do pagante.  

Fez crítica literária no “Diário Popular”e produziu e apresentou um programa sobre livros na televisão. Foi conselheiro cultural junto da Embaixadas de Portugal em Roma, São Tomé, Telavive e Rabat. É “Dottore in Lingue e Leterrature Straniere, pela Universidade “La Sapienza”, com uma tese sobre Régio. Sandro Pertini distinguiu-o com a comenda da Ordem de Mérito e as cidades de Florença e Veneza com as respectivas Medalhas de Ouro. Poppe é ensaísta, dramaturgo, romancista e cronista. Em 1995 recebeu o Grande Prémio da Associação Portuguesa de Escritores.

Publicou “Temas da Literatura Viva” (1982), Crónicas Italianas (1984), Os amantes voluntários (1987), O pássaro de vidro (1988), A mulher nua (1997), Sombras em Telavive (2001), Memórias, José Régio e outros escritores (2001), A tragédia de Manuel Laranjeira (2002), Um Inverno em Marraquexe (2004), A aranha (2005) e Pedro I (2007), entre outras obras. Está traduzido e publicado em hebraico e italiano.
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Eis a voz de quem vê de "fora", com o distanciamento necessário das questiúnculas politico-partidárias e sem espartilhos económicos ou outros.

3 comentários:

Lusitano disse...

O remate do seu artigo foi simplesmente o meter o dedo na ferida!!! Mas mais deveria ser feito... tal como começar a deixar de lado o "Politicamente Correcto" e tomar sérias medidas pois Porto Covo não é nenhum estaleiro e muito menos as estradas são para os coelhos fazerem tocas...

Zeca Diabo disse...

Porto Covo,por este andar,já nem dá para comer uma laranja na falésia e muito menos assar um sargo no braseiro.
Adeus Porto Covo, joía do Litoral Alentejano!

Maria disse...

Terá uma mãozinha chinêsa por aí? Confesso q quando começaram a vedar terrenos na zona e a cortar acessos às praias pensei em noestros Hermanos mas, agr tenho ouvido uns zumzuns q não sei não... onde há fumo há fogo como dizia o outro. Seria necessário rodarem por aí outro filme Hollyodesco e c ajuda de grandes actores internacionais de novo virem defender o q é nosso e do mundo. Enfim tenho pena q esteja a contecer...