quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Somos carneiros


Estamos falidos. Não é de hoje, nem da crise financeira mundial, não são os PEC, nem a aprovação do Orçamento de Estado que resolverão o problema. Estamos falidos desde o primeiro orçamento deficitário em 1976, que se repetiu até hoje, apenas aumentando a ordem de grandeza.
A questão não é conjuntural é estrutural, atávica e cultural. Desde que exista quem empreste gastaremos sempre mais do que aquilo que temos, assim foi com todos os partidos que passaram pelo poder, desrespeitando o futuro.

Sou de esquerda, mas conheço a ideologia subjacente e os movimentos históricos, princípios estranhos à maioria dos actuais políticos.  Uma esquerda solidária, humanista, mas também realista e pragmática, nada de confundir com terceiras vias ou de pôr o socialismo na gaveta.

Acredito no estado social. Pelo que defendo que as áreas que gerarão sempre prejuízo não se deve em seu  nome esquecer o rigor orçamental, assim como existem áreas de actuação do estado que geram mais valias, que não podem ser motivo de laxismo ou de vergonha, o lucro é motivo de inteligência, não é pecado. A avidez não é sinónimo de lucro, não deve nem pode ser.

Faltou a este partido socialista coragem. Foi e é forte com os fracos - professores, funcionários públicos, classe média e fraco com os fortes - a banca, os magistrados, os médicos, as regiões administrativas, etc. Deixa as mais importantes reformas por fazer, excepto a da segurança social.

Continua a aguardar a reforma administrativa do território, temos concelhos, presidentes, vereadores e assessores a mais, temos que esclarecer a questão das regiões administrativas. Hoje olhando para trás, sábio foi o povo que rejeitou o mapa das regiões.

Continua-se a empregar e nomear por motivos políticos, de suposta confiança politica, pois criou-se a ideia que os motivos políticos a tudos se suprepõem e tudo justificam. Não se exige currículo ou experiência anterior nas funções a desempenhar, este modus operandi é transversal a todos os políticos desde as juntas de freguesia até ao governo central.

Ao contrário de muitos fundos europeus canalizados para bens intangíveis, temos que regressar às origens e produzir muito, bem e barato - a tal competividade. A fobia das exportações, tem feito esquecer a necessidade de reduzir as importações, produzindo e consumindo bens produzidos por nós. Precisamos de empresários, industriais, basta de empresários de pacotilha e corra-se com os especuladores.

Proíbam as autarquias - todas-  de festas, romarias e foguetes e paguem aos funcionários público aquilo que é seu por direito, o seu ordenado.

Mandem para o mercado de trabalhos as centenas, talvez milhares de políticos acoitados em fundações, institutos, empresas municipais e para municipais, e mantenham o IVA nos valores médios europeus.
Somos todos culpados, apaziguámo-nos na melhoria de vida material, acreditámos que o futuro era sempre a melhorar, como se não houvesse retrocesso. A especulação e o dinheiro fácil conseguiram aquilo que durante milhares de anos ao longo da história nenhuma guerra, ditadura ou calamidade conseguiu, tornar o rebanho calmo, pacifico e ordeiro, caminhando para o abismo sem o mais pequeno balido, ou olhar para trás. Rendemo-nos porque o sistema de saúde melhorou, entregámos os pontos porque a educação avançou, jogámos a toalha ao chão porque passámos a ganhar mais, de facto a qualidade de vida melhorou, mas a um preço insuportável.

Mas como em tudo existem uns mais culpados que outros e desta é fácil a culpa não morrer solteira. Os culpados são quem nos governa e governou, seja por acção como por omissão. Desde o inicio da década de oitenta até à actualidade - perdoem-se os anos de revolução, PREC incluído por a politica era o ópio colectivo que tudo desculpava - não existirá um único politico que tenha cavalgado o poder que não tenha culpas no cartório.

A politica enquanto causa nobre já não existe, a geração anterior ainda produziu alguns políticos, na verdadeira acepção da palavra, a nossa tratou de mostrar que a politica acabou. Mais que a geração rasca, somos a geração em que os políticos se desenrascaram.

15 comentários:

PV disse...

revejo o meu pensamento no teu.

Marius Herminius disse...

Concordo com a totalidade deste post, obviamente.
Digo até mais:
Quem estiver de boa fé só tem que concordar, pois não lhe resta alternativa.
Acrescento que:
Pode até não concordar, mas aí já não estará de boa fé, obviamente.

Anónimo disse...

Português de Primeira.

Jorge viegas vasconcelos despediu-se da ERSE e foi para casa com 12.000€ de ordenado por mês durante o maximo de 2 anos ou ate arranjar novo emprego qual é neste pais o trabalhador que se despede e fica a receber seja o que for.

Anónimo disse...

Uma provocação, pequenina, a convivência com alguns "dinossauros" faz-te bem. Bom post.

Anónimo disse...

O poder está lá para se servir, e o resto dos cidadãos que se lixem e paguem impostos.

Reformado aos 49 anos com 3.178.47,Administrador da Epul com mais de 5000€ de ordenado, Assessor de Antonio mechia com 10.000€ de ordenado deputado com mais de 4.000€ de ordenado, escritorio de advocacia,e aulas na universidade, saiu de deputado e pediu a subvenção mais de 2.000€ esta mal.

Anónimo disse...

bras nunca tenhas medo os grandes tambem se abatem e um dia os verdadeiros sineenses vao saber o que vale o actal presidente promessas e mais promessas

Anónimo disse...

Eu até concordo.
Ninguém tem é os tomates de mexer no mapa municipal ( concelhos e freguesias ).
Ninguém tem os tomates de fechar muita empresa publica/municipal.

E ninguém tem os tomates de acabar com os subsídios, a minorias e outros grupos da sociedade.

Não se esqueçam que 70 ou 80% da despesas é com ordenados e pensões.

Se tais medidas fossem aplicadas, poderiam realmente a resolver o problema estrutural que temos. Mas no dia a seguir tínhamos um golpe de estado à porta.

Isto é um pouco contraditório. Mas os portugueses querem o problema resolvido, mas também não querem acabar com uma boa fatia dos postos de trabalho inúteis que existem no estado. Maior parte deles são em cargos de gestão/chefia.

A conclusão que se tira é que os portugueses dizem que querem resolver o problema, mas lá no fundo dizem que não. E assim a vida continua...

efernandes disse...

Um Bom Post, de um bom pensador e não vale a pena meter a cabeça na areia...SÃO FACTOS!

Quanto a sermos "TODOS" culpados...
Se a "minha " culpa puder ser expurgada na praça pública, varrendo ruas, desentupindo esgotos, ajudando os velhos, pagando alguma factura em dívida, eu aceito o castigo JÁ!

Creio que depois disso, Portugal terá um rumo e um futuro risonho...

Eu aceito pagar as minhas dívidas, que me digam quanto é que eu vou procurar, trabalhando, arranjar o dinheiro mas, quero o reverso da medalha ou seja:
Só pago as minhas.
Abraço A. Braz

Anónimo disse...

Um terço do vencimento

O presidente da camara de Sines, Manuel Coelho (faz 69 anos segubda-feira) vai auferir uma reforma de 3.090€.Opta por um terço do vencimento actual para beneficiar a autarquia.

Ver em--- Reformas conjeladas para 200 mil (actualizadas)-actualidade

Carlos André disse...

Está lá tudo e sem espinhas.

Obrigado pela atenção.lol

A. Teixeira disse...

Brás,
Sou daqueles que gosta de dizer o que pensa, genuinamente, sem ter sempre o fito de magoar ou desculpar alguém.
Por isso tenho feito (ou tentado fazer porque muitos dos meus comentários não são publicados e não é porque seja ofensivos mas talvez seja porque são verdadeiros!) severas críticas à forma como algumas questões sãoa qui colocadas e nos termos em que o são.
Neste caso, porém, tenho que reconhecer que este é um bom post, não que concorde necessariamente com tudo o que é dito, mas, pelo menos, convida à reflexão, o que nos tempos que correm é muito bom.
Cumprimentos,
A. Teixeira

Só um esclarecimento: o Presidente da Câmara não faz anos 2ª feira. Só para evitar parabens desnecessários!

Anónimo disse...

Censos 2011 vão custar 45 milhões de euros aos comtribuintes.
Quem paga o Estado em Portugal são os trabalhadores por conta de outrem, e são esses que vão pagar o PEC.

Ouvir Cavaco Silva é como ler a bula de um antidepressivo.

Os discursos do presidente produzem efeitos segundarios; sonolencia,indisposição,perda de memoria,variações de humor,indesposição momentania,náusias,irritações e enjoos.

Anónimo disse...

Despesa orçamentada com a Assembleia da Republica para o ano de 2010.
Total= 191 Milhões 405 Mil 356 Euros e 61 Centimos.
Folha 372 do diario da republica Nº28 1º Série-de 10 de Fevereiro de 2010.

Anónimo disse...

Ao anonimo das 10:19 AM, Outubro 14, 2010

O presidente da camara de Sines, Manuel Coelho...
"Natural de Coimbra, onde nasceu em 9 de Novembro de 1940, ..."(fonte site da CMS)
E vão ser 70 primaveras, para muitos, ao constatarem esta idade dava-lhes logo para a nostalgia, evocando os "dinossauros".

Anónimo disse...

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