quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Para onde vamos, Quem assume o Leme?

Temos assistido há já algum tempo, a um tempo a que chamo de “faz de conta que somos um povo livre, civilizado, evoluído e bem governado”. Mas continuamos a fazer de conta.

Se alguns tiverem a memória para conseguirem fazer um “rewind” na sua “fita” magnética alguns anos, talvez seja possível encontrarem frases no ar tais como: A Europa dos cidadãos, A Europa dos direitos e oportunidades, a Europa da economia social e do progresso, a Europa Solidária, a Europa da Paz e da cooperação, entre outras. Se puxarmos mais atrás a bobine, talvez alguns se lembrem de frases como Sociedade sem classes, Sociedade Solidária, Educação gratuita, Igualdade de oportunidades, Serviço Nacional de Saúde Tendencialmente gratuito e universal, Trabalho para todos com direitos e deveres, Justa distribuição da riqueza produzida, entre outras também.

Tudo isto, inscrito na constituição da República, não necessariamente com estas ordens e frases, constituía para os cidadãos alguma segurança quer nos valores, quer nos direitos.

Penso para mim que 2003 depois de uma era “cavaquista” de aproveitamentos de dinheiros públicos e/ou mal utilizados, é o tal ano de viragem de muitos dos conceitos sociais aceitáveis e que muitos dos países civilizados os resguardam ainda “religiosamente” não sendo por isso que as suas economias sejam diminuídas, antes pelo contrário.

A partir do ano em que um tal primeiro-ministro tem a “lata” de dizer na sede da Democracia Portuguesa que o nosso país estava de “tanga”, nunca mais a esperança com que cada um tem o direito de viver, sorriu, antes pelo contrário.

Nessa altura, dão-se mudanças estruturais radicais no “puzle” Português e Europeu que conduziram sem qualquer margem para dúvidas ao estado actual de esmagamento dos mais pobres ou remediados pelos muito ricos. A Luta de classes põe os poderosos com cada vez mais força à custa de incoerentes sectores e organizações que, cognominando-se de organizações de esquerda, nos seu actos, facturam vitórias para a direita mais conservadora ou mais retrógrada que age como uma Monarquia fossilizada.

Chegamos assim, a uma altura da nossa vida, em que a generalidade dos cidadãos, deixa de acreditar perigosamente nos políticos e nas políticas perseguidas.

A verdade é mesmo essa – A propósito de relançar a economia, relançar o emprego e desenvolver as empresas, há um tal “Iluminado” que inventa (?) a criação de um tal Código do Trabalho que com as sucessivas remodelações e contestações, mesmo do Partido que hoje é Poder que diga-se o agravou, não conseguiu nenhum dos objectivos a que se tinham proposto e argumentado quanto aos seus benefícios. Pelo contrário, a desregulamentação do trabalho já de si com regras na prática de aplicação duvidosa, com a Autoridade para as condições de trabalho praticamente imobilizada, com o incentivo á criação das Empresas de Trabalho Temporário que colocam todos os dias trabalhadores temporários nas empresas em trabalho efectivo, agrava-se o tecido laboral com todas estas implicações no tecido social. O desemprego, o desrespeito pela sociedade e o descrédito no futuro está de facto instalado na sociedade sem dúvida nenhuma. É um facto que estamos a perder a luta por melhores condições de vida e cuja volta ou luta pela volta só se conseguirá com lutas profundas, sérias e aguerridas dos sectores democráticos (Associações, Sindicatos, Movimentos, Partidos, etc).

Portugal tem definitivamente e há muito tempo um problema que me recuso ainda, a considerá-lo como intrinsecamente Português: A tendência para desenvolver desigualdades e para distribuir a riqueza produzida de forma disforme. É inaceitável este estado de coisas.

Sabemos que o Estado só pode proporcionar os bens sociais impreteríveis e outros, se tiver dinheiro, se tiver fundos e se tiver política séria. Para a prossecução dos objectivos sociais, os impostos dos contribuintes são assaz importantes. É inaceitável que Um banco ou um qualquer empreiteiro de obras públicas ou outro, pague menos impostos do que os seus trabalhadores – Falo de Justiça e neste caso, de Justiça fiscal.

Creio com todas as bases que o problema de fundo deste País não está nas pessoas. Durante mais de 30 anos, tivemos à frente das finanças e da economia deste país (segundo dizem), os melhores “mestres” nas matérias, catedráticos que ainda hoje “botam faladura” como que não fossem eles também os responsáveis por este estado de coisas. O Problema principal como dizia, está nas POLÍTICAS adoptadas. Mudem de políticas que este Estado mudará certamente.

Acho mesmo assim, que o País tem futuro, porque remadores não faltam para levar esta “grande barcaça” a bom porto. O que falta são timoneiros e homens do leme que não enganem os remadores e que não estejam do lado dos “Adamastores”. Há muito mais vida para além do deficit que o capitalismo mundial nos impõe a cumprir rapidamente e que o Partido Socialista de Portugal com a ajuda dos seus companheiros de viagem se mantém refém. Os trabalhadores não são madraços.

ef

4 comentários:

Carlos André disse...

Bom post Egídio.

Vamos para onde a Alemanha queira, eles é que mandam nisto.

Anónimo disse...

Quem trabalha no sector privado, quem não vive à custa do estado, quem não recebe mais de 1500€ por mês ( sector publico ou publico-privado), quem não tem ajudas de custos e abonos de família. Vão acabar por não sofrer tanto como os restantes mencionados nestes grupos.

Pois é meus amigos, mas o problema é mesmo esse. Neste país é só gente que vive, ou sobrevive graças a essas pequenas coisas. Como é que podemos viver num Portugal onde temos 500 mil trabalhadores activos a viver directa, ou indirectamente dos recursos do estado?

O maior défice nas contas publicas encontra-se no excesso de empresas do estado. É o excesso de freguesias, concelhos e recursos humanos que não estão a fazer nada. E nesses mesmo lugares, existe excesso de gestores públicos.

Vejam o caso do município de Sines e dos restantes deste Portugal. Quando o estado decidir acabar com esses postos de trabalhos e com todos esses recursos aí o povo irá se revoltar, mas isso também significa que ninguém está realmente interessado em resolver o problema desde Portugal das bananas.

Os recursos são limitados, não existe tv's, computadores, carros, telemóveis e todos os produtos que compramos do estrangeiro se nós não exportamos. Até muitos dos produtos que compramos no supermercado para comer, vem do exterior.

Estas medidas do governo não passam apenas de uma tentativa de parar uma bola de neve que só se vai agravar. Porque o aumento dos impostos e o corte do investimento do estado português em obras públicas, irá apenas contribuir com a desaceleração da economia assim como a diminuição da receita por via de impostos.

Claro está, se tivéssemos uma economia onde o grosso das empresas fossem exportadoras e a maior parte das famílias não vivessem à custa do estado. Estas medidas não tinham tanto impacto. Alias se assim fosse, se calhar não tínhamos uma divida igual ou superior ao PIB e não estávamos a falar destes aumento dos impostos. Nem tínhamos necessidade de alterar leis do código do trabalho que veio só agravar as condições de vida dos trabalhadores.

Para a maior parte dos jovens, ordenado inferior a 1500€, a trabalhar em empresas de trabalho temporário e em falsos recibos verdes, sem ajudas de custo e todas as regalias é o prato do dia.

Anónimo disse...

Pagam sempre os "mesmos"...os que "trabalham"...

Anónimo disse...

Quem trabalha no sector privado fica radiante com estas medidas. Os calões priviligiados dos funcionários públicos que paguem a crise. Esquecem-se que o privado aproveita logo para seguir o mesmo exemplo. O Português não acorda mesmo!