quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Roupa de Domingo - Estamos na Maior!...

Uma mensagem recebida na caixa do Correio

Um dia destes estava a trabalhar com a televisão ligada e ouvi este desabafo de uma desempregada:

" Não tinha filhos, ganhava acima da média, pensava que tinha um emprego para sempre e agora, dependo da minha mãe.... não compro roupa, a que tinha fui-a usando e tenho uma melhor, de parte, para ir às entrevistas de emprego, é como se fosse a roupa de domingo."

Parei de trabalhar ouvi o programa até ao fim e pensei que há muito tempo não ouvia essa expressão. Expressão que se usava, e muito, na minha infância.

Os da minha geração, os que nasceram nos anos cinquenta lembram-se que usávamos bata na escola, desde a primária até ao fim do liceu, e que não tinhamos luxos nenhuns.

Compravam-nos um par de sapatos no inico do inverno e outro no verão e quando havia dinheiro tínhamos direito a roupa nova. Ninguém se chateava de herdar roupa dos irmãos mais velhos...e tínhamos uma roupa melhor para os domingos.

Contavam-se pelos dedos da mão os que continuavam a estudar após a quarta classe e o destino estava traçado.

Os que continuavam a estudar, mas sem muitas posses iam para as escolas técnicas, para terem uma ferramenta para começarem a trabalhar mal acabassem o curso comercial/industrial, com qauinze/ dezasseis anos, os com dinheiro iam para o liceu.

Os pais diziam que se quisessemos estudar mais já era connosco!!!

As opções para distracções eram poucas e o tempo para estudar, aqueles que de nós podiam, era muito.

Lia-se muito, eu e as minhas irmãs, pelo menos, não porque os nossos pais tivessem dinheiro para comprar livros mas porque existia a biblioteca de turma e ouvia-se muita "telefonia" e conversava-se muito mais do que se conversa hoje.

Ia-se de longe em longe à matiné ver um filme e era um acontecimento ir ao cinema.

Não, não estou saudosista, estou indignada>/revoltada porque acabei de ouvir, na televisão, o discurso do Snr Primeiro Ministro e segundo ele estamos na maior. O desemprego já era está a baixar tanto que qualquer dia é negativo!!!!!!

Não há pior cego do que o que não quer ver.

Não há ninguém que não tenha alguém de família desempregado e parece que ter emprego no nosso País é uma questão de sorte e não um direito.

Voltámos aos tempos em que a competência de nada vale sem conhecimentos..........e estamos na maior!!!!!!

Abraços

Ana
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Continuemos na maior que vamos parar longe!

4 comentários:

Anónimo disse...

Belissimo desabafo...

No nosso pais infelizmente, ter emprego, depende principalmente, do estomago de cada um...
Quem aguenta bajular ou segurar uma "bandeira", vai-se safando !!!

Percebo, cada vez mais, que os lugares são "feitos", não para os mais capazes, nem para os mais competentes, ou mais preparados. Os lugares são "feitos" para os compadres, para os amigos e para os da "cor".

É assim que vai o nosso pais ....
Alimentado de favores e compadrios, onde os mais icompetentes e os lambe-botas, vão sendo promovidos, ao que parece, por muitos anos de lealdade...

É de facto triste, frustrantre e lamentável que os nossos destinos, estejam assim entregues !!!

É o que "nós por cá" temos...

Anónimo disse...

Apesar de ter nascido na era de 60 revejo-me em todo o texto. Não é saudosismo é a realidade. E tenho medo, não escondo, que os meus filhos venham a viver dias dificeis como eu vivi, apesar do enorme esforço que os meus pais sempre fizeram para que nada faltasse em casa.

Anónimo disse...

Nasci na década de 50 e aos dez anos trabalhei um verão inteiro para depois a minha mãe, com o dinheiro que ganhei, comprar um corte de fazenda e mandar fazer um fato para mim...nunca mais pude ver "fatos" à minha frente...só comprei um para o dia do meu casamento e mais nada...

José disse...

Faço minhas as palavras do segundo anónimo.