segunda-feira, 14 de junho de 2010

Julgamento

Surpreendido pela decisão do Ministério Público, ao fim de quase 40 anos, estou prestes a apresentar-me pela primeira vez num julgamento na qualidade de arguido. A minha estreia deve-se não ao que disse ou escrevi, mas que aceitei publicar, ou seja, julgado por inacção - algo incomum na minha existência - , acusado por um presidente de Câmara.  Uma entrada em grande na galeria dos acusados.

Sem prejuízo do respeito que me merece a justiça - devo ser dos poucos portugueses que por estes tempos acreditam na justiça - a consciência tranquila não permite qualquer temor das consequências do referido julgamento. Daí manter-me completamente descontraído e despreocupado, até ontem.

Só ontem realizei mentalmente que foram precisos 40 anos, um presidente da câmara, a minha inacção e uma decisão inesperada do ministério público, para ter de me apresentar em tribunal no dia em que a nossa selecção se estreia no Mundial Africano.

Mas hoje tudo se recompôs o Julgamento foi adiado para Outubro. Nada como a normalidade.

9 comentários:

Marius Herminius disse...

Venho manifestar a minha solidariedade para com António Braz.
Embora não o conheça, não acredito que haja razões que o coloquem na condição de arguido devido a uma suposta questão de abuso de liberdade, seja lá o que isso for.
Por isso, e ainda que a nossa Justiça atravesse tempos conturbados, acredito que António Braz venha a ser absolvido porque, a ser verdade que prevaricou, terá sido por omissão.
É verdade que os nossos tribunais são uma caixinha de surpresas. Ainda há dia li uma notícia que dizia que um individuo que confessou – por três vezes! - um crime, foi absolvido porque se manteve calado durante o julgamento.
E esta, heim?
Força, António Braz, e continue.
Contra ventos.
Contra marés.
E contra alguns poderes que insistem em não aceitar o escrutínio dos que, afinal de contas, são a razão da sua existência.

Marius Herminius disse...

...esse "há dia" deve ler-se "à dias"...

José Oliveira - R.Janeiro BR disse...

Amigo Antonio.
Aqui não é diferente. Nossos políticos roubam descaradamente. Faz-se cálculos de aproximadamente 20 bilhões, eu disse bilhões de Euros jogados no ralo da corrupção anualmente, mas se você diz que o cara é feio, leva processo. Agora, tenta fazer o conrário? Sâo protegidos por Leis que dão aos políticos "Imunidade Parlamentar" até para casos de homicídios, pasme. Leis que eles fazem para se protegerem.

Anónimo disse...

que vergonha! cambada de energumenus!

Ricardo Baltazar disse...

Muito sinceramente, como democrata convicto que sou, considero que um presidente que câmara ou um qualquer indivíduo tem o direito a apresentar queixa se acharem que foram ofendidos. É um direito que nos assiste a todos.

Agora o srº Delegado do Ministério Público avançar com a queixa é que é sem dúvida hilariante. Belo profissional.

Mas como eu costumo dizer nestas coisas de justiça, eles não deixam de ser homens, e por isso cometem erros certamente.

Estação de Sines disse...

Ao delegado do ministério público compete dar provimento ao não à queixa apresentada com base nos elementos que dispõe, depois ao Juiz decidir.

A questão suscitada por muitos entendidos na questão é que deveria existir uma maior separação entre o ministério público e os juízes.

Anónimo disse...

deveria existir uma maior separação entre o ministério público e os juízes."

Bom, eles sentam-se ao lado uns dos outros nos julgamentos (e não deviam), mas acho que estão separados, nem sempre o juiz dá razão ao MP. Lembram-se do Negrão a desancar a acusação do MP num processo?
Oh Brás, podia indicar qual foi o post que o colocou nessa situação? Não reproduza, senão ainda leva outra queixa, indique só onde se pode ler. E só para ver a sensibilidade de quem fez a queixa - foi aquele senhor que faz omeletes sem ovos e cidades desportivas sem cacau?

Estação de Sines disse...

Foi o comentário "10:58 PM, Outubro 07, 2008", no post: http://estacaodesines.blogspot.com/2008/10/manif-em-sines.html

Anónimo disse...

Pelo endereço http que colocou não encontro a página, mas procurei no arquivo e penso que é um comentário de Pedro Ventura acerca da gestão autárquica. Se for esse aposto na absolvição - e espanta-me que o MP não consiga perceber o direito de livre expressão e de crítica quando dá de caras com o mesmo.
Não sei o que este MP faria ao Sousa Tavares de cada vez que ele escreve ou abre a boca...