sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Recordar é viver

A 30 de Março de 2009, ficou registado na acta da reunião extraordinária da Câmara Municipal de Sines, sobre a Candidatura ao Programa de Acção para a Regeneração Urbana de Sines, um diálogo interessante e esclarecedor entre o executivo e a posição dos diversos membro, de então, sobre o Centro Cultural Emmerico Nunes:

"O Sr. Vereador Nuno Mascarenhas referiu que estranha o facto de o CCEN ter sido retirado da candidatura ao Programa de Acção para a Regeneração Urbana, questionando o Presidente sobre o motivo para esta decisão.

Relativamente ao CCEN disse que quando a CMS propôs a parceria com este não esperava nem previa a apresentação de uma série de exigências, designadamente a inclusão de uma cláusula de acompanhamento e “inspecção” das obras, ao qual a Câmara não pode permitir isso, sendo essa a razão pelo qual o CCEN não se encontra como parceiro neste Projecto, esperando-se que venha a integrar o projecto após a aprovação da candidatura.

O Sr. Vereador Carlos Silva, perante a justificação do Sr. Presidente disse que o mesmo tem uma visão da política cultural do Município que era bom não confundir com a visão de o Município fazer tudo, sendo salutar a existência de diversos “actores” nesse sentido. Mais referiu que o CCEN tem prestado ao longo dos anos um bom serviço ao Município, sendo que uma razão deste tipo não justifica o afastamento de uma colectividade.

O Sr. Presidente respondeu que a Câmara tem políticas definidas para a cultura, para o desporto, para a educação, etc., sendo que tem a obrigação de as concretizar, sendo que aquilo que entender não conseguir fazer deve contratualizar com terceiros. Agora, o que se passa é que o CCEN foi criado para fazer a politica cultural da Câmara aquando dos mandatos do Sr. Francisco Pacheco, e ao longo do tempo foi-se desvanecendo, acabando por ter uma actividade muito reduzida, praticamente a exposições e palestras.

Mais disse que com a construção do Centro de Artes a Câmara propôs uma parceria com o CCEN, à qual não aceitaram. Acrescentou dizendo que a Câmara tem a obrigação de apoiar as colectividades, mas apoiar em projectos com interesse para o Município, sendo que aquela não é diferente das demais, nem tem direitos especiais.

O Sr. Vereador Nuno Mascarenhas reiterou que o CCEN deve-se manter como parceiro neste projecto, e sugeriu que com o decorrer do mesmo fossem encontradas soluções conjuntas de modo a resolver eventuais obstáculos.

Os Srs. Vereadores Carlos Silva e Nuno Mascarenhas, disseram que só aprovariam o proposta apresentado se fosse incluído o Centro Cultural Emmérico Nunes. Idêntica posição foi aquela apresentada pelo Sr. Vereador Albino Roque

Deliberação: Aprovada a candidatura, por unanimidade, com a condicionante de ser incluído como parceiro o Centro Cultural Emmérico Nunes"

5 comentários:

Alberto disse...

Não vejo o minimo interesse em reabilitar o CCEN e havia tanta coisa que se podia fazer naquele espaço...Já agora aproveito para referir a muito fraca qualidade das obras expostas no Centro das Artes. Uma das ultimas exposições que fui ver, penso que era de obras da colecção da CGD e infelizmente o que estava representado era o "piorzinho" de cada artista. Não se compreende.

luís silva disse...

Manuel Coelho MENTE com quantos dentes tem na boca.
Mente quando se refere ao protocolo em discussão, porque confunde propositadamente imposições com pedidos de esclarecimento e MENTE escandalosamente quando afirma que propôs a colaboração do CCEN com o CAS. Numa leitura rápida cheguei a pensar que havia no texto da citada acta um “pequeno lapso”, pois, segundo sei, aconteceu exactamente o contrário. MC não pode iludir a realidade. A sua raiva visceral em relação a esta instituição, de que é sócio, começou quando percebeu que jamais conseguiria manipular muitos daqueles que sempre se opuseram ver o CCEN ao serviço de ambições pessoais ou partidos, mesmo quando estes ocupam o poder. Em relação ao CCEN este homem tem apenas uma obsessão EXTREMINÁ-LO.
Por fim, quanto às “políticas para a cultura” do presidente da CMS, elas assentam em critérios de “chavascal” cultural que quanto mais visível for e mais dinheiro se estoire melhor é o evento. A participação e o envolvimento das pessoas não interessam muito ou mesmo nada. É uma política cultural inspirada na “cartilha” dos governos totalitários soviéticos e da Europa dos anos 30/40 do século passado, cuja palavra de ordem era “secar tudo o que existia/pensava” fora da sua esfera de poder absoluto. Hoje, tal como antes, as pessoas que exercem o seu direito de participação cívica, à margem da alçada do poder instituído, não se deixarão vergar facilmente, porque todos somos capazes de pensar e de agir!!

Anónimo disse...

O centro cultural emmerico nunes estará sempre na memória dos sineenses, são 24 anos que o Manuel Coelho não pode apagar...bem queria mas a persistência e a qualidade das pessoas que têm dado uma vida à cultura para Sines tem sido um exemplo de coragem e de civismo na cidade.E devido ao seu trabalho de grande qualidade o CCEN é reconhecido por artistas e instituições culturais. Como é possível que um Presidente não recoheça este valor que existe na cidade e para a cidade, tentando antes a todo o custo esquecê-la e denegrindo-a...é esta política mesquinha e miope que consome o nosso país, é a imoralidade , a postura de servir o bem comum com sentido de estado e de exemplo ...como sineeense queria aqui prestar aminha homenagem ao CCEN e às pessoas que há anos conhecemos a trabalhar lá

Anónimo disse...

Quero aqui agradecer ao CCEN por, há alguns anos, me ter proporcionado um curso de fotografia, que despertou em mim ainda maior interesse por esta "arte".
O CCEN fará sempre parte das minhas "boas" memórias de Sines.

Maria Dias disse...

O problema ainda não é o que faz com o edifício. Isso poderá estar sempre em discussão com aquele ou com outro qualquer edifício de um qualquer sítio. O problema é a ideologia subjacente às actuações e factos que têm sido protagonizados, de forma sistemática, pela câmara. E os factos são muitos e todos no mesmo sentido.Devagar e sorrateiramente a asfixia começou com a redução e grandes atrasos de apoios que culminaram com dois anos sem cumprir protocolo. Manuel Coelho, confrontado com esse comportamento, mentiu numa sessão pública, dizendo que iria pagar tudo e de imediato. Resultado dessa mentira o CCEN teve de despedir os dois funcionários e ficar sem nenhuma estrutura que garantisse o apoio mínimo ao trabalho voluntários dos seus sócios e sem contacto com o público. Claro que nessa situação as actividades foram reduzidas e o mentor da estratégia vai dizendo que o CCEN não faz nada. Apesar dessa asfixia extrema e da inevitável redução das actividades ainda não conseguiu o que queria.O CCEN RESISTIU e conseguiu voltar a abrir portas e ter programação anual credível para merecer apoio do Ministério da Cultura/DGartes e de algumas empresas com independência suficiente para resistirem, elas também, às pressões da câmara para não apoiarem o CCEN... Alguns dirão que isto não pode ser verdade. Eu também se não o tivesse vivido o acharia...
O CCEN e o Centro de Artes: Desde o início do processo de concepção e construção do centro de artes que, apesar de muitas manifestaçõs de disponibilidade e interesse do CCEN, nunca houve oportunidade de esta instituição poder contribuir, entenda-se só SER OUVIDA, para poder ajudar na definição do programa de arquitectura ou qualquer oportunidade de reequaccionar as possibilidades de articulação ou parceria.Talvez por isso os espaços expositivos sejam o que são.... É ABSOLUTAMENTE mentira que o CCEN não tenha querido articular com a Câmara ou com o Centro de Artes. A exposição com a Fundação C. Gulbenkian foi uma iniciativa do CCEN que, nessa altura, com uma vontade férrea quis demonstrar aos espiritos REACCIONÁRIOS que trabalhar em conjunto era possível, desejável e necessário.Parece que ainda foi pior a emenda que o soneto porque o "senhor todo poderoso e detentor da verdade" teimou em não querer qualquer tipo de articulação. Porque mente tanto o presidente da câmara? Só pode ser porque tem medo de discutir ideias, só porque está envenenado com a sua própria má fé. Como pode confundir uma proposta de redação para um protocolo se, em cima do prazo limite, sem nenhuma reuniãozinha, o CCEN era confrontado com um articulado que era assinar ou largar. Apenas se quis salvaguardar a possibilidade de a instituição vir a ser ouvida na definição do programa de requalificação. Acham que era pedir muito? Uma instituição reivindicar ser ouvida não significa definir ou ter o poder de decidir sózinha.... Significa poder PARTICIPAR que é aquilo que o "senhor todo poderoso" mais odeia.
O CCEN é um símbolo do Centro Histórico de Sines. Mesmo degradado e abandonado RESISTE...
Percebo que alguns não entendam a importância de instituições como o CCEN, o que não consigo entender é porque o presidente da câmara continua a mentir.
Continuo com ESPERANÇA que esta onda passe e que o bom senso volte a esta terra. Discordar é bom e saudável, faz-nos crescer e torna-nos, a todos, menos ignorantes. E a ignorância da ignorância é a pior e a mais perigosa de todas.