sexta-feira, 10 de julho de 2009

Gripe A - O Mundo, Portugal e Sines

Tal como as estações do ano, mas tarde ou mais cedo, com maior ou menor severidade, também a Gripe A chegará (perto de nós).

Para além dos problemas de saúde e mortalidade - na pior das estimativas 0,5% -, existem outros efeitos não desprezíveis na sociedade, nomeadamente sociais e económicos, seja o efeito do absentismo sobre um tecido empresarial depauperado pela crise, as baixas por doença a agravarem o défice da segurança social, e a pressão sobre o sobrecargado Serviço Nacional de Saúde.

Apesar da OMS estimar que o vírus venha a infectar um terço da população mundial (a gripe sazonal é de 10%), a sua taxa de mortalidade é de apenas 0,5% ( a gripe espanhola foi de 2%), o que revela que o vírus é mais begnino do que se previa, sendo as vitimas mortais, principalmente, portadores de doenças crónicas (diabetes, doenças cardíacas, etc).

Dos 94.500 casos identificados a nível mundial, 429 vieram a falecer. Extrapolando para a população portuguesa (10 milhões), e considerando a estimativa de 25% afectados, teríamos 11.350 óbitos. No Concelho de Sines (13.000 habitantes), assistiríamos a 15 casos mortais. Trata-se de valores médios e de estimativas, acredito que a disseminação do vírus, fará baixar a sua taxa de mortalidade.

Até recentemente a política de contenção da disseminação do vírus em Portugal, baseada no controlo dos contactos havidos com o portador do vírus, dado número de portadores actual (a rondar os 100 casos confirmados) deixará de ser possível. A atitude da Ministra da Saúde de manutenção da calma, pedagógica, sem alarmismos, é louvável. Contudo, veremos a capacidade de resposta do SNS, lá mais para a frente. Para já o facto de sermos dos últimos países da Europa a encomendar a vacina, e fazê-lo para apenas um terço da população portuguesa, enquanto outros países encomendaram para o dobro da população, considerando a possibilidade, muito real, da necessidade de 2 tomas, coloca muitas reservas sob a capacidade de combater o vírus, mas até ver, não retira o mérito à Ministra da saúde na condução do dossier.

Seguir os conselhos dos responsáveis e profissionais de saúde, principalmente evitando a ida para o hospital e utilizar as linhas telefónicas disponíveis, a disponibilidade de vacinação e, principalmente, a aposta em meios de detecção e confirmação mais rápidos do vírus, permite-nos encarar o que aí vem com alguma tranquilidade.

Pela elevada flutuação e rotatividade da população, o Concelho de Sines apresenta alguns factores que promovem uma maior possibilidade de disseminação do vírus.

Elevada abertura ao exterior:
O Porto de Sines, como receptora de tripulações de oriundas proveniências; enquanto Destino Turístico e o Complexo Industrial e empresa satélites, com relações comerciais com diversos países e a prática de fazer férias em destinos turísticos distantes.

Grandes concentrações populacionais:
Os grandes eventos na época estival, a elevada população em idade escolar e as grandes empresa, que concentram elevado número de indivíduos numa mesma área e as campanhas eleitorais, que pressupõem contactos inferiores a 1 metro.

Mas por outro lado, também contamos com uma população comparativamente mais informada e serviços de saúde e profissionais preparados e perto da população.

Por fim, em momentos de particular dificuldade a Humanidade sempre mostrou uma solidariedade e engenho capazes de ultrapassar os maiores desafios. Assim será.

6 comentários:

Anónimo disse...

espero que com este post o blogue esteja a voltar ao seu melhor.

texto bem enquadrado, actual, partindo do geral, mundo, para o particular, Sines.

Elucidativo, bem escrito e denota um conhecimento e reflexão sobre a nossa realidade local.

Parabéns bras, somente te confirmas como um dos pensadores da realidade siniense, mais consistentes e preocupados e não apenas na vertente politica.

vejamos a capacidade dos visitantes discutirem esta problemática, sem os habituais desvios e pessoalização das questões.

registo também o teu optimismo, perante a humanidade, não poderá ser de outro modo.

anonim0 disse...

"e as campanhas eleitorais, que pressupõem contactos inferiores a 1 metro"

Anónimo disse...

"Mas por outro lado, também contamos com uma população comparativamente mais informada e serviços de saúde e profissionais preparados e perto da população."

???

Marius Herminius disse...

Acho este post muito bem conseguido porque dá uma panorâmica muito próxima da realidade no que respeita à gripe A e às suas consequências e refere a boa actuação que o Ministério da Saúde tem tido na tentativa de controlar a situação.
Faço votos para que o consiga, pela saúde de todos nós.

E porque se trata de Saúde Pública, queria aqui referir uma notícia que vi ontem na TVI que falava do elevado nº de suicídios – 47, só neste ano! - no concelho de Santiago do Cacém e sem que as Autoridades de Saúde actuem, ainda segundo a notícia.
Este nº (47) quer dizer que houve 47 pessoas que se fartaram de viver, fosse qual fosse o motivo, sem que alguém – talvez na maioria dos casos - lhes tenha estendido uma mão como sinal de esperança, mão essa que as puxasse para a vida, para uma vida que passasse a ter sentido.
Bem sei que não é fácil resolver estas situações, até porque muitas delas só chegam ao nosso conhecimento quando já é tarde demais, mas outras haverá que poderão ser evitadas se todos estivermos atentos aos sinais de quem nos rodeia.

Anónimo disse...

Não vi essa notícia, mas na verdade é procupante um número tão elevado de suicídios. Será solidão? Vivemos muito virados para nós próprios e não conseguimos ver o que se passa à nossa volta. Todos nós somos culpados quando acontecem situações destas. Vamos estar mais atentos e oferecer a nossa ajuda sempre que se justifique.

Anónimo disse...

Eu penso que não há razão para grandes alarmismos. Nós já estamos habituados a ter gripes. Qualquer dia isto fica no esquecimento, como aconteceu com a gripe das aves; a doença das vacas loucas...