segunda-feira, 1 de junho de 2009

O voto

Concordo com o voto obrigatório. Talvez não no sentido de poderem existir coimas ou qualquer tipo de pena, mas no de retirar a todos os que insistem em abstrair-se do Mundo em que vivem, a possibilidade de beneficiarem de qualquer tipo de benefício ou subsídio do estado.
É minha convicção que a Democracia sairia reforçada, se todos aqueles que não votam, seja por insatisfação, preguiça, desprezo ou ignorância, ou por um misto de todas elas, fossem obrigados a tomar uma posição, a dar a sua opinião e a informarem-se sobre as propostas de Partidos e Movimentos. Acredito que com uma medida deste tipo, que se discute agora, um pouco por todo o Mundo, sairia prejudicado o tão falado Bloco Central e a direita em particular, ganhando com isso a esquerda e os movimentos de cidadãos que a nível nacional começam agora também a despontar.
Na obrigatoriedade de se adaptarem, os partidos mais tradicionais, ver-se-iam obrigados a adaptarem-se às novas e frescas circunstâncias, abrindo-se assim, forçosamente aos cidadãos, afastando-se quem sabe, dos interesses financeiros de que parecem estar reféns.
Também a nível Autárquico, os grupos de seguidores presos a favores e agradecimentos eternos, passados de família em família, iriam representar uma percentagem menor e por isso menos relevante na decisão de eleger um Presidente de Câmara e o seu executivo.
Perante a precária forma de voto que temos, resultante da desconfiança que ainda temos pelas novas tecnologias, que ainda não conseguimos encarar como algo suficientemente credível, haverá sempre pessoas impossibilitadas de votar, quer por trabalho, quer por doença, ou por algum motivo maior e inesperado, que por vezes dificilmente se justificam oficialmente, podendo resultar assim em perdões ou condenações injustas.
Questiono por isso, se não será possível, a curto prazo aceitarmos definitivamente a possibilidade das pessoas votarem via internet, tornando ao mesmo tempo obrigatório o voto, sob pena de perda de benefícios, desde que salvaguardando a possibilidade de todos os cidadãos poderem votar da forma que melhor entenderem, seja nas urnas, seja no conforto do lar.
Acredito que isto possa vir a ser de facto uma realidade ao nosso alcance, mesmo apesar do passo atrás que demos nos últimos anos, com o encerrar de várias embaixadas por esse Mundo fora, que impossibilitaram de forma injusta, muitos emigrantes de poderem exercer o mais importante dever democrático, o voto.

16 comentários:

Marius Herminius disse...

Caro Bruno

Acha que o voto obrigatório iria resolver alguma coisa?
Acredita que os cidadãos reagiriam bem se fossem obrigados a votar?
Quem lhe garante que, em vez da elevada abstenção que agora temos não passaríamos a ter um elevado nº de votos nulos, por exemplo?
E depois? Qual seria a solução para isso? Pôr uma câmara de vídeo nas mesas de voto para apanhar os infractores?

O levar as pessoas a votar está nas mãos dos políticos.
Estes que cumpram as promessas; que sejam honestos; que governem para o Povo, em vez de "se" governarem; que se deixem de "guerrinhas de alecrim e manjerona" e se dediquem a tentar fazer de Portugal um País moderno e mais justo.
Um dia que isto aconteça verá que as pessoas terão todo o gosto em participar nas eleições porque sentirão que, aí sim, o seu voto será respeitado e a sua vontade tida em conta.
Até lá, e continuando a assistir a este circo onde estamos inseridos, as pessoas cada vez mais se sentirão marginalizadas e sem motivação para tentar mudar seja o que for porque "eles são todos iguais", apesar da injustiça que esta frase possa conter.
Sou contra a obrigatoriedade do voto mas sou muito a favor do voto em branco.
É minha opinião que o voto em branco demonstra que os cidadãos querem participar mas não se revêem num determinado contexto político-partidário.
Dessa forma, o votar em branco, desde que elevado, significaria um voto de protesto que alguém – o Presidente da República, por exemplo - teria forçosamente de considerar.
Bem sei que isto é um sonho mas é o sonho que comanda a vida, já dizia o Poeta.

Alberto disse...

Caro Bruno. Discordo do voto obrigatório, aliás não gosto sequer da palavra. Ninguém me pode obrigar a gostar dos candidatos, dos governantes, da Democracia nem do Sistema. Aliás a democracia é engraçada, pois sendo a vontade da maioria, se em 9 pessoas, 5 disserem mate-se, os 4 que não concordam têm de matar senão são anti-democratas e, quem sabe, presos e acusados de traição! Como nunca simpatizei ao longo dos anos com nenhum candidato que não fosse de esquerda (esquerda, não PC ou PS) e presentemente acho que esta precisa de ser reformulada e o capitalismo está gasto e não interessa a alguns renová-lo pois teriam de inventar nova maneira de roubar o semelhante, resolvi deixar-me da treta do voto útil, ou seja, vai este para não ir o outro e do mal o menos! A velha máxima. Assim, voluntáriamente, acho que devo contribuir para não enviar nem mais um desonesto para viver à minha conta, só me restando votar em branco e resistir à tentação de fazer comentários e desenhos no boletim de voto. Estou farto de ilusões e promessas que não dão nada a ninguém. Não há um sistema politico ideal, mas não é por isso que tenho de gostar do que existe e colaborar.
Repara num exemplo actual: Com a treta do voto útil, para tirar os que lá estavam, votei nas últimas eleições PS. Agora, entre outros castigos, vou ter de pagar do meu bolso o dinheiro que os "ilustres" roubaram no BPN, mais o "investimento" em obras de arte que desapareceram, pois o banco foi ou será nacionalizado. Democracia? Justiça? O dinheiro fica no bolso de quem o tirou e nós todos vamos pagar aos desgraçados que ficaram sem ele, porque não é condenável investir para ter mais dinheiro. Mas não é só o PS que faz isto, pois se as posições estivessem invertidas o PSD faria o mesmo. Agora diga-me lá para que é que eu vou votar neles se me roubam há anos? Porque gosto que vão mexer no meu bolso? De 4 em 4 anos muda a cor politica, mas o objectivo é o mesmo: encher enquanto se pode. Uns roubam, outros têm fome e o comum cidadão tem de substituir o estado, que tem obrigação de nos providenciar o minimo, ao sentir o dever moral de contribuir para peditórios com vista a minorar a fome. Ou seja, eles renovam a frota automóvel e recebem luvas, mas somos nós que ajudamos a matar a fome a quem a tem. Não é que me faça diferença, felizmente, um pacote de arroz, mas é chocante. Ele são aeroportos e TGV's em nome do progresso e da Europa e depois temos de andar a dar pacotes de arroz e leite a quem precisa para os figurões armarem ao pingarelho? Porque razão é que temos de substituir o estado, quando ele nada faz? Para em Outubro irmos dizer: dá cá mais do mesmo?

A.M.D. disse...

Sou a favor do voto obrigatório.
Responsabiliza e escrutina as politicas que interferem nas nossas vidas, sobre as quais ninguém se deve alhear. É a nossa vida que está em jogo. Somos nós quem devemos escolher os nossos representantes.

forasteiro disse...

FAVORÁVEL AO VOTO OBRIGATÓRIO

S I M...

A democracia não é só para alguns.
A abstenção e abstracção das pessoas pela causa pública deu no que deu - Sempre os mesmos a governarem-se!

PF disse...

Primeiramente, o post mistura uma infinidade de questões, que nada têm que ver com o essencial da questão ou seja, a obrigatoriedade do voto.
Parece-me que, não será certamente a obrigatoriedade do voto que irá resolver os problemas de participação dos cidadãos nas questões políticas.
A ratio do problema assenta numa maior responsabilização e consciencialização dos cidadãos.
Efectivamente, os cidadãos terão, forçosamente, que tomar consciência do peso e da importância que têm na definição das políticas e das decisões.
Não podem os cidadãos continuar numa passividade e num imobilismo no que se refere à participação cívica e ao debate de ideias.
Este conformismo e ausência de busca de informação sobre o estado do país e consequente alheamento face à política não pode, apenas, ser imputado aos políticos.
Obviamente que, muita da classe política não prima propriamente pela rectidão e competência mas, a eterna desculpa do "eles são todos iguais e corruptos" não pode, jamais, ser o fundamento do distanciamento da política.
A solução passa por aproximar a política dos cidadãos, alargar os fóruns de debate, permitir uma maior intervenção dos cidadãos enfim, criar mecanismos de democratização da própria política.
Não nos podemos esquecer que, a política é feita por homens que são ao mesmo tempo cidadãos, não caíamos no erro da mitificação da política.
Todos nós temos que assumir as nossas responsabilidades.
Assim, não seria o voto obrigatório que iria potenciar o debate ideológico e, só aparentemente, iria criar uma ideia de pretensa participação dos cidadãos.
A participação quer-se livre mas activa, consciente e responsável!

Anónimo disse...

A liberdade possibilitou-nos a opção de não votar.
Sou totalmente contra o voto obrigatório.
Se querem chamar as pessoas às mesas de voto, desenvolvam politicas em que as pessoas se revejam.

Anónimo disse...

Não concordo com o voto obrigatório,mas estou totalmente de acordo no sentido de poder existir a possibilidade de não beneficiarem de qualquer tipo de benefício ou subsídio do estado ao cidadão que não vota.

Bruno Leal disse...

Caro Marius, para mim um voto nulo tem o mesmo significado político que um voto em branco e desculpe, mas dizer que "o levar as pessoas a votar está nas mãos dos políticos" é pura utopia.
Caro alberto, o voto obrigatório tal como eu o descrevi, não o obriga a gostar obrigatoriamente de um candidato. Concordo consigo em muita coisa, mas acredito que a Democracia possa evoluir e considero essa a sua maior virtude. O estado não fará nada por nós, nem nós faremos nada pelo estado, se a maioria silenciosa, continuar a sê-lo. Um conselho? vote em branco.

Anónimo disse...

O voto devia ser feito é pela net.
Cada cidadão tinha uma password, asim era muito mais cómodo.
Mas votem sempre nem que seja EM BRANCO

Marius Herminius disse...

Bruno Leal

Considera que "o levar as pessoas a votar está nas mãos dos políticos" é pura utopia?
E como é utopia, a solução é pô-los a votar, de qualquer maneira, nem que seja preciso agarrar na sua mão para colocar a cruzinha no quadrado respectivo.
Mas que noção de Democracia, esta.
Em vez de se exigir a mudança dos comportamentos dos Srs. Políticos obriga-se o Povo a votar!?
Portanto, os partidos políticos podem até ser uma quadrilha legalmente permitida e os seus dirigentes podem ser uns autênticos "verbos de encher" que ao povoléu nada mais resta do que legitimar – e de forma compulsiva! - uma situação com a qual não concorda.
Depois, há também quem diga que os cidadãos, porque não votam, deixariam de ter direito a usufruir do chamado “Bem Público”. Era só o que faltava!
Esquecem-se, estes Srs. paladinos do voto obrigatório, que aqueles cidadãos podem não votar, mas continuam a pagar impostos e é esta “pequenina” condição que lhes dá o direito a beneficiar dos serviços prestados pelo Estado.
Mantenho a minha ideia:
- Se querem que os cidadãos votem façam-nos sentir que a sua opinião/voto conta mais
do que o querer do “chefe” do partido.
- Aproximem a Política das pessoas.
- Não entreguem a prática política apenas aos partidos mas também a grupos de cidadãos que não se revejam naqueles.

Deixo uns exemplos que ilustram o que acabo de dizer:
- Quem não se recorda das lutas entre membros dos partidos por um lugar na respectiva lista de deputados?
- E os candidatos que vivem no Algarve, por exemplo, virem a ser candidatos em Leiria, ou em Coimbra, e que nada sabem sobre estas regiões?
- E os cabeças de lista - autênticas estrelas da companhia que mais não são do que um chamariz para captar votos - que depois de eleitos saem e dão o lugar às segundas figuras?
- Ou aqueles que concorrem à câmara municipal com o pensamento no Parlamento Europeu?
- Ou ainda aquele Sr. que era primeiro-ministro e agora é Presidente da Comissão Europeia.

Ainda quer o voto obrigatório?

Se considera uma utopia acabar com estas vergonhas então também terá de considerar que viver em Democracia será sempre uma ilusão.

Anónimo disse...

deveria existir uma coima se ñ houvesse justificação pela ausencia no dia das eleiçoes,ou então agendar as eleiçoes para um dia de semana e ai sim se fossem votar contava como horas estraordinarias,e isto heim?

Bruno Leal disse...

Caro Marius,

Sim ainda quero o voto obrigatório.
Só assim se pode mudar a mentalidade simultaneamente do Povo e dos políticos. Tudo é resto é esperar em vão que os políticos mudem sem necessidade. Eles estão confortáveis e nós estamos?

Marius Herminius disse...

Eu respondo com argumentos e Bruno Leal responde com dogmas.
Assim é muito complicado manter uma salutar troca de ideias.
Mas eu lanço um desafio:
Que Bruno Leal me diga, até mil (1000!) palavras de que forma o voto obrigatório fará mudar o comportamento dos povos e dos políticos.
Porque estou sempre pronto a aprender, é com muita ansiedade que espero explicação.

Aproveito para dizer que eu não preciso que me obriguem a votar, mas se um dia isso acontecer eu garanto que aproveitarei o papel dos votos para treinar o desenho de “um” das Caldas.
Este é um VOTO que eu faço desde já!

Bruno Leal disse...

Caro Marius,

Eu digo exactamente o mesmo em relação aos seus argumentos, que do meu ponto de vista são utópicos. O senhor diz que terão de ser os políticos a mudar a política para dessa forma se conseguir que o Povo, se interesse pela mesma. Eu digo, que os políticos, caso tenham coragem, de tornar o voto obrigatório, ou de de criar penalizações para quem insistir em não votar, estarão dessa forma a fazer isso mesmo.
Explico-lhe porquê, apesar de pensar que já o tinha feito no próprio post, de forma suficientemente clara.
O voto obrigatório provavelmente reduzirá para, digamos 10% a abstenção, partindo do principio que me parece correcto, que quem não vota fá-lo por estar insatisfeito, por achar que os políticos são todos o mesmo, esses dificilmente votarão nos partidos agora no Poder, sendo que isto obviamente não é linear, mas parece-me a suposição mais correcta. Com isto, os partidos de menor dimensão ganharão expressão, como também o voto em branco ou nulo, obrigando os grandes partidos a mudar a sua postura, de forma a transmitirem mais transparência e abertura aos cidadãos, para dessa forma recuperar percentagens de voto. A minha argumentação reside basicamente na suposição de quem não vota, dificilmente votará PS ou PSD, devido a isso e independentemente disso, uma cada vez menor abstenção só poderá beneficiar a Democracia que se quer participativa.
Além disso, como é óbvio as pessoas vendo-se obrigadas a votar, terão mais tendência para não mudar de canal quando se fala de política, ficando assim, nem que seja só um bocadinho, mais informados acerca das decisões da política que lhes afecta a forma de viver.
Este raciocínio parece-me simples de perceber, sendo que aceito quem não concorde comigo, desde que apontem formas de dar a volta ao problema que não esperar apenas que os políticos mudem de mentalidade, porque a mim parece-me que até poderão mudar, mas parece-me que a tendência tem sido mudar para pior.
Desculpe qualquer erro de articulação de palavras, é o que dá escrever à pressa...

Cumprimentos,

Bruno Leal

ANCIÃO disse...

Amigo Bruno,
Aceitando-se a ideia de que a democracia é a mais racional das formas de organização política já experimentada pela humanidade (não sei se isso é assim tão óbvio), nenhum ser racional devia ser lembrado pela lei da necessidade de votar nos seus representantes.Comparecer às urnas deveria ser, nesse cenário, uma simples consequência de carregarmos o nome Homo Sapiens. Podemos dizer que a obrigatoriedade do voto nos torna, a nós eleitores, como seres não racionais que precisam de um empurrãozinho da lei para fazer o que é certo. Defender a obrigatoriedade do voto significa, na minha modesta opinião, e que me descupe quem pensa o contrário, admitir que a escolha dos representantes será confiada a um bando de cidadãos não muito racionais.
Se a ideia por detrás do sufrágio compulsório era reforçar a democracia, não me parece que afirmar a irracionaliade do eleitor seja a melhor forma de fazê-lo. Pelo menos na teoria, a racionalidade do eleitor tem de ser um pressuposto da democracia, ou nem valeria a pena começar a jogar o jogo democrático.

Bruno Leal disse...

Caro Anciao, pelo simples facto de muitas pessoas serem ignorantes políticos, não quer dizer que não raciocinem, isto é a minha opinião e o meu desejo simultaneamente. De qualquer forma a discussão pela discussão sem apresentar ideias não serve de muito.
Partindo do facto consumado, que com o estado de coisas, a coisa defintivamente não vai lá. Que outra forma vê o senhor de alterar o rumo, digamos, das coisas ou da coisa por assim dizer?