Sempre senti existir um medo em Sines, que não se pressente em muitas outras terras que conheço. Não se trata do medo físico, da agressão, da violência física. Trata-se de um outro medo, daquele que não deixa marcas visíveis, mas sente -se sempre. Um medo psicológico, algumas vezes paranóico, quase esquizofrénico.
Não entendo porque muitos sinienses continuam a contar-me novidades, ao mesmo tempo que percebo sussurrarem: "põe lá no blogue, mas não digas que fui eu."
Porque alguns abrem sorrisos entre apertos de mão e abraços, olhando para os lados e baixam a cabeça quando em público. Gritam viva e olás, companheiro e amigo ao telemóvel, depois de confirmarem duas vezes, pelo menos, se posso falar e limitam-se acenar a cabeça cabisbaixa com receio que alguém os veja quando nos cruzamos.
Porque alguns dizem cobras e lagartos e o que pensam e imaginam e depois surgem a apoiar quem maldizeram.
Uma sociedade cobarde é uma sociedade condenada, que existe (?) vergada à vontade dos supostos opressores. É uma sociedade que não se realiza, torce, adapta, molda a vontade colectiva ao interesse de alguns.
Este é o pior medo, o medo que paralisa, o que não se dessensibiliza, porque não se enfrenta.
Coragem não é não ter medo, é tê-lo, porque todas as pessoas sensatos têm, e enfrentá-lo.
Quando um dia alguém me disse que preferir viver com este medo e garantir o emprego do filho. Nada disse. Hoje garanto-lhe é preferível ensinar o filho a não viver com medo.
24 comentários:
...é preferível ensinar o filho a não viver com medo.
GOSTEI MUITO DESTE POST-PARABÉNS!
Não há machado que corte a raiz ao pensamento!
É o que me faz mais confusão em Sines...
É uma triste realidade, mas é verdade. Pura e duramente verdade. Não é por acaso que estamos aqui tantos anónimos. No dia em que sentir confiança e que posso falar abertamente o que sinto sem ter medo de ser penalizado (ou os meus familiares directos), serei feliz. Mas isso não é um mal exclusivo de Sines. Acontece um pouco por todo o país, sobretudo em meios pequenos. Esta Democracia inverteu muitos valores, sobretudo ao nível da liberdade de expressão. Hoje temos controleiros e bufos em quase todo o lado. Na vizinhança, no trabalho, na escola, etc. Mesmo nos cafés, já não se está à vontade para se falar abertamente. Estamos a ir pelo caminho errado e não demora que isto tenha um desfecho mau.
Sem querer dizer mal...É "sui generis"
Parabéns pelo post, e gostei muito da citação do forasteiro, é uma frase que me é muito cara, vivi-a de perto quando nasceu.
Mas acho que a melhor frase para classificar este post é: "Quem não deve, não teme".
Eu não conheço a realidade de Sines mas, e partindo do princípio de que esse medo existe mesmo, direi que é algo muito preocupante, até porque a causa desse medo não está identificada. Mas é exactamente esse desconhecimento que me faz admirar.
Então, os habitantes de Sines têm medo e não sabem por quê?
Ora essa! Recorda-me que, quando era criança tinha medo do escuro porque, na minha imaginação, era lá que viviam todos os monstros. Todos os MEDOS e, no entanto, “dentro” do escuro só havia…o escuro!
É suposto que os adultos saibam o porquê das coisas. Saibam por que razões têm medo, no caso presente. Por isso pergunto:
Será que, não havendo uma causa para esse medo, em Sines se vive em função do efeito desse mesmo medo? Será que o medo passa de uns para os outros sem que alguém questione o que tanto os assusta?
Será que em Sines o problema não é o medo em demasia mas sim o excesso de falta de coragem?
Não é verdade que a falta de coragem é a mãe de todos os medos ?
Muitas vezes são os que tem medo, aceitam-o e não o combatem que mais fomentam este clima. Em última análise não são os principais culpados mas os maiores impulsionadores do mesmo.
E medo, medo, muitas vezes estão longe de conhecer o mesmo. Se o conhecessem não o aceitavam. Não, Não.. pelo menos em Sines.
O Caranguejo.
o centralismo pessoal em MC e o controlismo da CDU, antecidido por 35 anos de salazarismo, não podia dar em mais nada.
Muita coragem tem esta gente.
força barreto
Os Sineenses têm medo porque lhes falta coragem para enfrentar os grandes "monstros gurus". Tornam-se falsos, desconfiados, oprimidos e só se sentem bem com o mal dos outros. O pior de tudo é que os "monstros gurus" não saiem do "poleiro" o que faz com que a sociedade sineense esteja desmotivada. E claro, estamos a ensinar esta maldita realidade à nova geração. Sines tem tudo para ser bom (praia, campo, gastronomia, localização geográfica,....) no entanto é uma cidade que tem tudo de mau (PDM, Poluição, acessos,....) enfim, enquanto não se enfrentar os "monstros gurus" pelos cornos, não há nada a fazer. Mas estamos a correr contra o tempo, ou Sines muda nos próximos 3 a 5 anos ou perde o fio à meada.
Parabens pelo blogue, ao menos nem todos os Sineenses têm medo, alguem dá a cara.
este blogue é um forte contributo para que os "nossos" filhos aprendam a não ter medo.
Obrigado pelo contributo para o futuro de Sines. A seu tempo será reconhecido.
ora , ora! Estragaste tudo...Quem tem medo compra um cão ou vai à rua buscar um vadio...
Acho uma piada do caraças a aluguma gente:
Uns têm que ter medo porque têm muito a perder, os outros têm que ser corajosos, porque não têm família, não têm ambições ,não têm projectos, etc!
E se começassemos a chamar os BOIS pelos nomes? E se a malta que diz que tem medo interiorizasse que esse medo é provopcado por uma educação cobarde? Não seríamos TODOS cidadãos de pleno direito se demonstrassemos Na rua, na empresa, no café, com os amigos e não só, a nossa postura e opinião?
É que uma cultura de cunha, de compadrio, de desonestidade social, de porque não dizê-lo, de vigarice, traduz uma sociedade com medo que é muito conveniente a muitos que são os "espezinhadores" Arre! Abram os olhos PORRA! O 25 de Abril embora atacado por todos os lados, está vivo!
FMI, FMI...sempre actual!
Tributo ao seu blogue, de uma oprimida nas redes da politica local. esta gente confunde profissão com politica, politica com partidos, e no fim partidos com profissão. a pressão é muita, e todos sabemos o que acontece quando as caldeiras não aguentam a pressão.
Mas há sempre uma candeia
dentro da própria desgraça
há sempre alguém que semeia
canções no vento que passa.
Mesmo na noite mais triste
em tempo de servidão
há sempre alguém que resiste
há sempre alguém que diz não.
funcionária da CMS, que nunca votou
Boa abordagem Brás! Efectivamente como um conhecedor profundo da realidade sineense, não te é indiferente o ambiente da sua sociedade em que quem não alinhar, está "feito". Eu já paguei as "favas", por ousar enfrentar o poder instituido. Felizmente a minha subsistência nunca dependeu desses senhores, porque senão estava feito. Que o digam alguns que eu muito bem conheço. É efectivamente por isso que há tantos anónimos neste blogue. Admiro a coragem daqueles que como o Brás e o Bruno, têm coragem para os enfrentar, tal como o estão fazendo. Só temos que lhes dar força e tentar modoficar este estado de coisas. Sines merecer melhor, não tenho dúvidas.
Força ESTAÇÃO DE SINES.
Penso que é mais um problema de falta de coragem do que de medo. Mas esta democracia tem muito que se lhe diga. Eefctivamente também admiro o Braz por ter lançado este blog e não ter temas proibidos, nem problemas em opinar sobre o quer que seja sem ser subserviente a nada nem a ninguém. É isento e frontal como poucos temos coragem de o ser em Sines. Mas acredito piamente que há quem lhe jure pela pele e não o tope de jingeira. É o preço da frontalidade e de não prestar vassalagem aos poderes instituidos. Parabéns Braz.
Todos tem razão quando o comer que se poem na mesa para os nossos filhos, não vem de dinheiros da autarquia,se dentro da mesma a represalias são muitas a ditadura ainda não acabou!!!!!!Queremos mudança o medo existe!!!
Falta de coragem é o que existe , seja em Sines seja no resto de Portugal.
Comprem um cão!
Falra de coragem não será o mesmo que dizer...cobardia?
Dói não é? Mas é verdade!
...e eu que me lixe!
O MEDO...existe em Sines,existe no País...existe no Planeta!A insegurança quaquer que ela seja gera o medo!Mas estamos a falar dos medos dos sinienses,não é? Quem vai a um restaurante ou a um café terá de notar os olhares de viés.o falar e olhar em volta e coisas assim quando os temas andam à volta das politicas...No lugar onde trabalho sempre se notou o medo de falar-a falde de opiniões-o não querer dar a cara por nada nem ninguém-o medo de se ser visto em grupo-ali onde eu trabalho o medo está instalado há decadas...ali o poder instituido ao longo dos anos levou aquela gente a uma das situações mais degradantes na democracia...ali onde eu estou em todos os locais de trabalho foram colocadas pessoas para ouvirem comentários e passá-los a quem de direito...e são essas mesmas pessoas que agora não sabem o que fazer no meio dos camaradas divididos-não sabem a quem contar o que ouviram dito pelos colegas de trabalho..ali onde eu trabalho o ambiente está dia a dia a ficar mau-desconfiança no parceiro do lado é uma constante..ali onde eu trabalho --a na Câmara,,,
Não me parece que o medo exista só na Câmara, há outros locais, tipo a Santa Casa e outras médias e grandes empresas onde isso acontece. Acho que uma "casa" gerida pela mesma pessoa durante anos não consegue evoluir.
...e nos partidos tb há medo?
Colega, estrela polar, acredito e até a compreendo. A trabalhar á decadas na Câmara, já deve andar de bengala. Para ajudar é estrela polar... deduzo que ande gelada, e os tempos aureos de estrela já devem ter passado por si.
As rugas começam a dar conta da sua cabeça....
Já agora quem é a sua colega do lado que é espiã. Ao meu lado e á minha volta não tenho ninguém com essas maldades... que pena!!!!
Quando quiser identifique-se ou dê-me uma pista que tomamos um cafézinho sem olhares de viés, a não ser que exista lá no café alguma zarolha, mas isso não posso evitar é um risco que se corre!!!
Veja a vida de uma forma mais positiva e faça como a nossa colega poetisa, que para ela o vento tudo leva, e que com a escuridão da noite acende uma candeia.... mas um dia voltará!!!
Hé!!Hé!! Hé!
Como já aqui escrevi, eu não sou de Sines mas lendo estes comentários, mais ou menos anónimos, um dia destes terei condições para ser mais um cidadão de Sines, ainda que adoptado.
Só lamento é que numa Vila tão bonita e com tantas potencialidades se viva este ambiente de "aldeia do meio das pedras", sem desprimor para estas.
É o medo, sem saber de quê.
É o "diz que disse".
São os "olhares de viés".
E, cúmulo dos cúmulos, até a "Estrela Polar" tem medo! Quando este sentimento de insegurança chega tão alto e atinge as próprias estrelas então sim, também começo a ficar preocupado, e com medo, naturalmente.
So espero que o nosso Sol não seja contagiado por esse Medo que assola Sines ao ponto de deixar de nos aquecer.
Mas isso teria pelo menos uma vantagem: Como morreriamos todos, o Medo também morreria.
...a não ser que ele (o Medo)ficasse por cá para amedrontar as almas penadas....
estrela polar com o medo não largas o PCP à procura de tacho, assim sendo é sempre bom inventar persiguições, para nos tornarem importantes.
Sempre me contaram histórias de escutas e perseguições, dentro da CMS. Quando para lá entrei, foi com medo.A pouco e pouco fui percebendo que não conseguia ser diferente do que sempre fui, dou opiniões, faço criticas, dou sugestões, faço correcções,.... e nunca senti qualquer perseguição, até hoje. Às vezes dou por mim com esta preocupação, que rápidamente desaparece, e sabem porquê??? porque tenho desarmado com o meu trabalho, com a minha prestação, com a minha correcção, profissionalismo e sentido do dever e da responsabilidade. Depois, também não tenho que ter medo de ter opiniões, nem mesmo politicas!!! e sabem porquê??? porque não sou funcionário/a de nenhum Presidente, nem de nenhum partido. e este sempre foi e será a minha postura.
Quando a identidade, desculpem mas por enquanto serei apenas mais um Anónimo.
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