terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Sines à noite

Início hoje a minha colaboração na estação. Julgo importante que se reflicta sobre a vida nocturna de Sines, uma vez que é um factor fundamental para uma terra que para além de industrial se pretende turística e capaz de atrair jovens e menos jovens. Explicar a noite de Sines é fácil, uma vez que apenas existem 3 bares que pessoas "normais" possam frequentar, abertos no máximo até às 4h da manhã. À excepção de iniciativas esporádicas, Sines é uma cidade quase deserta por volta das 2h da manhã de um qualquer sábado à noite, pelas ruas da nossa cidade circulam apenas pessoas com aspecto duvidoso, estando os pouco resistentes de aspecto "civilizado", divididos entre o bar/restaurante Ponto de Encontro e o espaço XL que veio contribuir em muito para a vida nocturna da nossa naturalmente bela localidade. Apesar deste clima de insegurança, onde só os bravos resistentes, grupo no qual me incluo, são capazes de furar a apatia e desolação que nos ensombra a alma, principalmente àqueles que têm a felicidade de durante a semana estarem por outras paragens, não se vê um único policia à noite. Nem um único ser que mantenha a ordem, apenas operações STOP na caça à multa e rusgas de complexa elaboração ocasionalmente.
Para alguém que visita Sines, fora da época do FMM, será com certeza uma experiência a não repetir e sempre que me cruzo com turistas, dou por mim a desejar que eles não tenham a infeliz ideia de sair à noite para beber uns copos, a desejar que apenas guardem na sua memória as imagens das maravilhosas praias que a natureza nos reserva dentro do nosso Concelho. Talvez já não haja retorno no que diz respeito à capacidade de Sines recuperar a sua veia turística, eu porém sou daqueles a quem a esperança se desvanece sempre tardiamente.
Por entre interrogações acerca do porquê de Sines ter chegado a este ponto, há certezas que aumentam a minha indignação para com aqueles que nos governam ao nível Autárquico. Afinal quem mais pode ser responsabilizado pela quebra trágica do turismo em Sines, pela falta de iluminação e degradação da generalidade das ruas, pela ausência de policiamento nas mesmas? Bem sei que a vinda de grandes complexos industriais em nada beneficiou a veia turística Sineense, mas servirá isso para eternamente desculpabilizar a inércia e a incapacidade daqueles que são pagos para contrariar esses mesmos obstáculos?

11 comentários:

Anónimo disse...

Mais uma boa escolha e contributo para a estação. Seja benvindo

Anónimo disse...

"Afinal quem mais pode ser responsabilizado pela quebra trágica do turismo em Sines, pela falta de iluminação e degradação da generalidade das ruas, pela ausência de policiamento nas mesmas?".....

Braz, eu sei quem são os culpados disto,os que até hoje nos tem governado, gestão CDU sem tirar nem por, os amigos do povo

Anónimo disse...

Enquanto sineense também tenho muita pena que a nossa terra esteja a ser tão mal tratada. Mesmo antes de realizadas obras no centro histórico, era possível dar um ar "mais lavado". Sempre tive a sensação que Sines era uma cidade onde parece que há pouca limpeza das ruas. Lembro-me de ver muita gente a limpar, mas muitas vezes fica mal limpo. Parece que passam só para cumprir o horário e não há brio, nem há quem mande limpar melhor! Noutras cidades nota-se que a limpeza às ruas é mais profunda, ficando estas com aspecto limpo, o que raramente acontece a Sines, mesmo fora do centro histórico, em zonas mais novas.
Isto misturado com a toxicodependência, falta de segurança, etc., afasta as pessoas (sineenses e turistas). Assim, vemos o Porto Côvo a crescer, assim como o restante litoral alentejano, enquanto em Sines regride.
Penso que é preciso encontrar actividades permanentes para a avenida Vasco da Gama, capazes de atrair pessoas durante todo o ano (sem fechar o trânsito). Depois é fazer a ligação da avenida com o centro histórico, levando as pessoas a movimentarem-se entre os dois espaços. É preciso rentabilizar o centro de artes e todo o investimento lá realizado.
Penso que Sines tem melhores condições do que muitas localidades para ser uma cidade com vida cultural, com movimento e qualidade de vida, infelizmente não aproveita este potencial.
LR

Anónimo disse...

Há muita gente nesta terra que desconhece que Sines não é só terra de pescadores mas também é terra de marinheiros.Por ano arribam ao porto de Sines cerca de 2000 navios a maior parte estrangeiros com cerca de 20 tripulantes em média o que quer dizer cerca de 40000 candidatos a turistas da noite de Sines mercado que nunca foi explorado pelos comerciantes locais.Sabem qual é a primeira pergunta que os marinheiros fazem quando o seu navio atraca.Se não sabem também não digo mas tem a haver com os impulsos primários que crescem depois de muito tempo de viagem no mar alto acompanhado por outros como eles.Temos de transformar Sines no Roterdão do Alentejo com um Red Light District and so on na zona histórica para que a noite de Sines se torne num pólo de atração a nível local nacional e internacional.Podiam começar por meter umas montrazinhas com umas girls jeitosas despidas de preconceitos e vestidas com muito love.

Anónimo disse...

Naturalmente que uma estratégia para revitalizar o centro histórico de sines tem que possuir duas vertentes que são indissociáveis: a regeneração e requalificação urbana e a revitalização. Dar nova vida ao centro histórico, a partir de uma nova imagem urbana. Melhorando e tornando os espaços comerciais mais atractivos mas também introduzindo novos motivos de interesse que chamem pessoas e turistas ao centro histórico. De pouco servirá requalificar o centro histórico se a par disso não forem trazidos novas actividades, novos pólos de interesse que devolvam o centro histórico à população e seja motivo de interesse para os turistas. Infelizmente o que nós vemos ali, tem todos os motivos e mais alguns para quanto mais longe daquelas ruas, melhor. Infelizmente. Para nós, habitantes, e para a imagem da cidade. E o responsável por este estado de coisas tem nome. Chama-se Manuel Coelho. O responsável pela vergonha que é aquele prédio cravado em plena falésia em frente à praia tem nome: Chama-se Manuel Coelho. E disso não me esquecer no dia em que for votar!

Anónimo disse...

Aquilo que se vê é um reflexo da típica portugalidade ... corporativa, subsídio-dependente e amedrontada.
É óbvio que muito do que é feito por esta ou qualquer outra câmara pode ser considerado insuficiente, negligente ou até mesmo errado, mas convêm admitir que 90% do progesso e visão estratégica da cidade parte da CMS.
Dito isto comparemos a vitalidade da Cãmara Sines com o papel da sociedade civil.
Analisemos as ofertas culturais fornecidas pela CMS vazias, vejamos a ausência de bares em Sines(reflexo da falta de apetência pelo risco dos empresários), o facto de no FMM o comércio de Sines não se organizar nem nada fazer para promover/adequar a sua oferta ás necessidades dos visitantes, acomodando-se ao investimento do municipio, vejamos o facto de no pretenso espaço nobre da cidade (apesar da degradação habitacional), rodeado pelo CCEN, Centro artes, museu de Sines, vista para a baia... os nossos comerciantes acharem que o melhor comércio para a zona passa por vender candeeiros, ter o cabeleireiro da Tininha ou vender tralha comprada nos chineses...onde é que está a visão, a coordenação entre comerciantes.
A mim parece-me acertado sermos mais exigentes com aqueles que gerem os nossos impostos, agora também temos que convir que a sociedade cívil sineense ainda se encontra a anos luz do papel desempenhado pela CMS.
Talvez em vez de andarmos sempre atrás do municipio, devessem ser os empresários, associações e sociedade sineense a alavancar o turismo e a economia da cidade.Seria bom de ver, para variar assumirmos as nossas responsabilidades no estado das COISAS.

Ass:Bruno Vieira

Estação de Sines disse...

Blogomaníaco, peço-te que reconsideres e alteres o teu comentário. Concordo contigo, mas deves compreender que parte do comentário não é publicável.

Bruno Leal disse...

Bruno Vieira, também concordo consigo. Mas parece-me a mim, que não conheço a fundo o raio de alcance da CMS nesse campo, que poderá partir da própria câmara esse estímulo. Mas se estou enganado, a quem devemos imputar as culpas, a quem não foi eleito nem vive dos nossos impostos? Não me parece. Podemos de facto pedir-lhes, ou sugerir apenas, mas afinal de contas,não é a CMS a representação do povo de Sines?

Anónimo disse...

Caro Bruno,
devemos como é óbvio responsabilizar a CMS por várias coisas, mas não como disse por imobilismo, coisa que se pode assacar á Ass. Comercio Sines.
Vamos a um exemplo: a zona histórica encontrasse degradada. Pois muito bem, a CMS diz-se vai requalificar a zona...vai uma aposta que após a obra o comércio da zona se vai manter o mesmo? Vai definhando aos poucos até á falência inevitável.
Mesmo sem obras municipais o que devia ser feito seria, na sede de uma reunião da ass. comercial definir uma estratégia comum para cada uma das zonas da cidade, sendo considerada a zona história como o centro da oferta comercial turística da cidade. Nesta área os comerciantes deveriam definir o tipo de comercio que ai devia existir promovendo a complementariedade alternativa entre espaços (ex: tipos de cafés e restaurantes diferenciados, livraria, lojas de artesanato, de souvennirs...):
Com uma reorganização de espaços comerciais, migração de alguns comerciantes, um pequeno investimento financeiro e uma estratégia bem implementada os seus custos seriam amortizados em pouquíssimo tempo. Isto seria bem mais importante do que esperar pela CMS. Em consequência o investimento na área da responsabilidade da CMS surgiria mais rapidamente devido á pressão dos comerciantes (com mais razão para falar pois fizeram investimentos) e dos turistas.
Uma regra do progresso é começar pelo que depende de NÓS ,a alternativa é esperar que chova.


ass: Bruno Vieira

Anónimo disse...

Meus caros, permitam-me um esclarecimento...
Efectivamente, para além de todas as outras questões de planeamento e políticas de desenvolvimento, o plano fiscal é, sem dúvida, elemento essencial no que toca à responsabilização das entidades.
Obviamente, sempre poderemos dizer que os impostos vão para o papão do Estado, remetendo para o poder central todos os males das cargas fiscais elevadas e a inexistência de qualquer correspondência entre o que se paga e o que se tem/vê.
Contudo, convirá saber que numa lógica cada vez mais descentralizadora, as autarquias estão hoje "munidas" de inúmeras ferramentas que lhes permitem obter imensas receitas fiscais.
No caso de Sines, bastará referir as gigantes receitas auferidas através das derramas de IRC das grandes empresas localizadas no concelho.
Paralelamente, ao nível do imposto municipal sobre imóveis, receita dos munícipios, estão estes dotados do poder para estabelecer as taxas aplicáveis aos prédios sitos no munícipio.
Como bem saberá, foi fixada a taxa máxima.
Por fim, com a alteração da lei das finanças locais, estão hoje os munícipios dotados da faculdade de, querendo, beneficiar até 5% das receitas de IRS daqueles que residem no seu munícipio.
Sendo que, poderá, numa lógica atractiva de popuplações, abdicar dessa receita fiscal.
Ora, abdicado desta receita, esse valor considerar-se-ia como uma autêntica dedução à colecta.
No caso de sines foi igualmente fixada a taxa máxima.
Resulta, pois, que, esse argumento de que apenas as entidades que auferem receitas fiscais poderão ser responsabilizadas pelo "estado" das coisas resulta de puro desconhecimento, ou esquecimento.
Como bem poderá verificar também a CMS está dotada de uma enorme receita fiscal, pena que a mesma não tenha a afectação que todos nós desejaríamos.
Assim, a permissa do fácil remeter de responsabilidades para o poder central visto ser este que aufere toda a receita fiscal não resulta.
Facto que só corrobora o argumento de que o problema de sines nunca foi falta de dinheiro, apenas uma péssima e descontrolada gestão.

A título meramente informativo, refira-se que sou o primeiro a criticar a subsídio dependência e o consequente estado vegetativo que imprimem nas pessoas.

pf

Anónimo disse...

Sines e Santiago têm os centros históricos mais degradados e tristes de todo o Alentejo e estão entre os piores do país no que diz respeito à sua apresentação. Isto é muito mau para o litoral alentejano. Depois, é ver que o castelo de Sines e o castelo de Santiago, podiam e deviam estar mais ao serviço do turismo e não estão, Deviam ter actividade permanente. Quer um quer outro têm ambos dois cemitérios. O de Santiago tem um cemitério humano e o de Sines, um cemitério de peças históricas (museu)mas ambos sem grande utilidade e sem animação permanente. Quem desdenha e não sabe aproveitar dois edifícios deste porte, dificilmente terá estratégia para alavancar um centro histórico. É evidente que Sines precisa de uma nova geração de comerciantes ou uma nova mentalidade no centro histórico que saibam interpretar os novos tempos, e aí cabe também à Associação Comercial de Sines desempenhar o seu papel analizando a situação, promover iniciativas, formular candidaturas ao Procom e outros programas de financiamento à modernização do comércio, etc. Caberia também à Associação Comercial de Sines, em conjunto com a autarquia, trazer animação de rua ao centro histórico ao longo do ano, promover concursos, sorteios, criar um cartão com vantagens para consumidores dos espaços comerciais e de hotelaria do centro histórico, etc. Há muito que se podia fazer, mas pouco ou nada se tem feito e hoje as coisas estão muito más. Péssimas mesmo. É claro que há ainda a questão da insegurança e da toxicodependência que é preciso também atacar. Mas ninguém quer saber.