quarta-feira, 28 de maio de 2008

A crise dos outros

Estava eu a meditar sobre a crise que se instalou, quando concluí que não fosse a comunicação social, e eu nem percebia que anda por aí a famigerada crise. Depois de dias seguidos a olhar e a trabalhar sobre números, confesso que não me resta paciência para conferir facturas de restaurantes nem talões de hipermercados, não escondo que desconheço o preço da maior parte dos bens de consumo, gasóleo incluído - graças ao cartão galp frota que a empresa gentilmente me concedeu - não sei quanto pagamos de água, luz ou prestação da casa. Apercebo-me, isso sim, de oscilações no extracto bancário, que podem não reflectir a crise, mas apenas algum ímpeto consumista mal resolvido, ou bem , depende do ponto de vista. Portanto a crise dos outros é a minha crise. Sei que não é politicamente correcto dizer isto, pois o que fica bem é queixarmo-nos, muito de tudo e de todos. Nós portugueses temos um sentimento de avassaladora compaixão pelos degraçados, principalmente se estiverem piores que nós, e um ódio até à irracionalidade pelos que estão bem, em especial pelos que estão melhor que nós.

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