quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Apito Duracell

Quando Maria José Morgado foi anunciada como responsável pela investigação do Apito Dourado, fui acometido duma profunda desilusão e cepticismo. Onde muitos viram uma mulher sem medo, pronta a enfrentar todos os desafios, eu vi uma forma de credibilizar a investigação e legitimar os seus resultados.
Para quem tem acompanhado o processo Apito Dourado e acreditou que se tratava de uma Operação Mãos Limpas, desiluda-se.
Investiga-se jogos onde os suspeitos perderam, ou não necessitavam de ganhar ou até foram prejudicados; investiga-se conversas cifradas em códigos patéticos, que todos entendem mas que podem significar um milhão de coisas diferentes, e a prova judicial não se compadece com dúvidas; a principal testemunha de acusação é ex-alternadeira e de perfil psicológico dúbio também acusada de inúmeros ilícitos; assistimos a um desfile de testemunhos contraditórios, tornando os arguidos ora vítimas depois vilões.
Resta-nos uma certeza a conexão entre os suspeitos no poder da Direcção da Liga, Arbitragem ou Clubes e as vitórias dos clubes do seu coração. Bom para quem acredita em coincidências.
Preocupa-me que a politica (vereadores, presidentes de autarquias) e a justiça (juízes e ex-juízes) estejam enterrados neste lamaçal.
Exaspera-me a lentidão da justiça do nosso País, não pretendo uma justiça à afegã onde se julga hoje e se enterra amanhã, mas também não enobrece uma justiça que vai de recurso em recurso até à absolvição final.
As “normais” e previsíveis agressões a Ricardo Bexiga e Rui Santos, fazem parte deste teatro da impunidade e cobardia a que todos assistimos impávidos e serenos.
Tudo é normal num País onde a Moral é apenas uma disciplina do Liceu, e opcional.

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