Estados de Alma
Os suspeitos do costume
Intrigava-me como um povo acomodado e adverso à mudança têm aceitado com relativa passividade um conjunto de reformas que vão bulindo com o Pais. Fazendo uma retrospectiva das várias reformas, observa-se uma forma comum de actuação do actual Governo. Através duma obscura declaração pública uma figura de segundíssimo plano profere uma declaração acusatória do género:" os professores são a profissão com mais baixas fraudulentas"; "Com o endividamento actual das autarquias não é possível cumprir a meta do défice " a nível europeu os nossos magistrados são aqueles com maior número de dias de férias", etc. Retira-se o orador, espera-se que a inveja típica dos Portugueses e o dedo acusatório sempre em riste entre em acção e eis que surge um Secretário de Estado, Ministro ou o próprio D. Sebastião a anunciar um conjunto de medidas para pôr a bandidagem - entenda-se, todos os portugueses - na ordem e salvar o País.
Concordo com parte significativa das reformas propostas pelo actual Governo, abomino a sua estratégia. Trata-se de dividir para reinar, despertando os sentimentos mais mesquinhos da natureza humana - maledicência, inveja e intriga. Quando as associações e sindicatos vêm explicar a instabilidade profissional e apontar os salários dos professores como os mais baixos a nível europeu; quando descobrimos que os magistrados portugueses trabalham em condições de terceiro mundo; quando se prova que as autarquias não contribuem com um cêntimo para o défice e que somente cinco das empresas públicas, quantas vezes, autênticos albergues da corja de filhos e afilhados do poder têm um divida superior à totalidade dos municípios portugueses, já a populaça instigada pelo Governo "sabe" que se trata de malandragem incorrigível, apoiada pela oposição.
Espera-se assim suster a contestação social, esquecendo-se que as mudanças fazem-se com e não contra os indivíduos. Mas o povo é sábio e tarde ou cedo vai descobrir, este segredo de Polichinelo.
“Texto publicado no semanário Noticias de Sines, em 21 de Outubro de 2006.”
Os suspeitos do costume
Intrigava-me como um povo acomodado e adverso à mudança têm aceitado com relativa passividade um conjunto de reformas que vão bulindo com o Pais. Fazendo uma retrospectiva das várias reformas, observa-se uma forma comum de actuação do actual Governo. Através duma obscura declaração pública uma figura de segundíssimo plano profere uma declaração acusatória do género:" os professores são a profissão com mais baixas fraudulentas"; "Com o endividamento actual das autarquias não é possível cumprir a meta do défice " a nível europeu os nossos magistrados são aqueles com maior número de dias de férias", etc. Retira-se o orador, espera-se que a inveja típica dos Portugueses e o dedo acusatório sempre em riste entre em acção e eis que surge um Secretário de Estado, Ministro ou o próprio D. Sebastião a anunciar um conjunto de medidas para pôr a bandidagem - entenda-se, todos os portugueses - na ordem e salvar o País.
Concordo com parte significativa das reformas propostas pelo actual Governo, abomino a sua estratégia. Trata-se de dividir para reinar, despertando os sentimentos mais mesquinhos da natureza humana - maledicência, inveja e intriga. Quando as associações e sindicatos vêm explicar a instabilidade profissional e apontar os salários dos professores como os mais baixos a nível europeu; quando descobrimos que os magistrados portugueses trabalham em condições de terceiro mundo; quando se prova que as autarquias não contribuem com um cêntimo para o défice e que somente cinco das empresas públicas, quantas vezes, autênticos albergues da corja de filhos e afilhados do poder têm um divida superior à totalidade dos municípios portugueses, já a populaça instigada pelo Governo "sabe" que se trata de malandragem incorrigível, apoiada pela oposição.
Espera-se assim suster a contestação social, esquecendo-se que as mudanças fazem-se com e não contra os indivíduos. Mas o povo é sábio e tarde ou cedo vai descobrir, este segredo de Polichinelo.
“Texto publicado no semanário Noticias de Sines, em 21 de Outubro de 2006.”
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