Estados de Alma
It’s the economw, stupid.
It’s the economw, stupid.
Central de Ciclo combinado de Galp Power em Sines - Vale Marim
Li recentemente o "Estudo de Impacte Ambiental". O que fundamentalmente nos interessa resume-se a um parágrafo: "O estudo realizado permitiu concluir que os impactos são globalmente, e quanto aos aspectos biofísicos relacionados com a qualidade ambiental, reduzidos, não produzindo impactos ambientais negativos.", A Unidade industrial de Moagem, Armazenamento e Expedição de Cimento em Sines, era igualmente um projecto sem riscos ambientais, resumia-se ao transporte, armazenagem e moagem, em condições estanques de clínquer. Constatámos da pior forma que não é assim.
Continuo a acreditar, como demonstram muitas unidades industriais pela Europa fora, que desenvolvimento industrial pode rimar com reduzidos impactos na qualidade de vida das populações. Contudo, creio que tal não é possível em Portugal, onde se continua a sobrepor os interesses económicos aos interesses das populações, a sociedade civil que salvo honrosas excepções - conhecidas também como forças de bloqueio - permanece impávida e serena, as associações ambientais sem capacidade de intervenção e mobilização e a ausência de fiscalização eficaz, contribuem para o actual estado de coisas.
Em Sines continuamos sem monitorização da poluição nem estudo epidemiológico. Os custos para a sua realização são de tal forma elevados que menos de 1% dos resultados económicos, das principais empresas do complexo industrial de Sines seriam suficientes para efectuar estudos e manter a monitorização, mas tal atitude despesista poderia comprometer o cumprimento do défice, esse grande desígnio nacional.
Mercado Municipal
Sines mudou de forma irremediável nos últimos anos. Desapareceram símbolos da memória colectiva como o centro histórico, o cinema e agora possivelmente o mercado municipal. Por outro lado surgiram novas referências; as piscinas municipais, o centro de artes, novos bairros, etc. É sabido que todos os processos de mudança geram resistências, em Sines implantou-se a modernidade sem salvaguardar a memória. E todos sabemos o que acontece aos povos sem memória. A condução do processo de requalificação (???) do mercado municipal tem tudo aquilo que a autarquia critica, e bem ao governo central: negociação silenciosa à margem dos interessados, decisão não participada e imposta. Esta falta de sensibilidade, leva a acreditar nos mais críticos, pois até prova em contrário, a questão económica falou mais alto.
Nota final:
Em democracia o que não se resolve nas urnas pode sempre resolver-se na Justiça. Existem mecanismos legais - impugnação judicial, providência cautelar, acção popular - ao alcance das populações fazerem valer os seus interesses. No nosso país excepto Sá Fernandes, poucos tem revelado a coragem suficiente para desafiar poderes superiores.
“Texto publicado no semanário Noticias de Sines, em 4 de Novembro de 2006.”
Li recentemente o "Estudo de Impacte Ambiental". O que fundamentalmente nos interessa resume-se a um parágrafo: "O estudo realizado permitiu concluir que os impactos são globalmente, e quanto aos aspectos biofísicos relacionados com a qualidade ambiental, reduzidos, não produzindo impactos ambientais negativos.", A Unidade industrial de Moagem, Armazenamento e Expedição de Cimento em Sines, era igualmente um projecto sem riscos ambientais, resumia-se ao transporte, armazenagem e moagem, em condições estanques de clínquer. Constatámos da pior forma que não é assim.
Continuo a acreditar, como demonstram muitas unidades industriais pela Europa fora, que desenvolvimento industrial pode rimar com reduzidos impactos na qualidade de vida das populações. Contudo, creio que tal não é possível em Portugal, onde se continua a sobrepor os interesses económicos aos interesses das populações, a sociedade civil que salvo honrosas excepções - conhecidas também como forças de bloqueio - permanece impávida e serena, as associações ambientais sem capacidade de intervenção e mobilização e a ausência de fiscalização eficaz, contribuem para o actual estado de coisas.
Em Sines continuamos sem monitorização da poluição nem estudo epidemiológico. Os custos para a sua realização são de tal forma elevados que menos de 1% dos resultados económicos, das principais empresas do complexo industrial de Sines seriam suficientes para efectuar estudos e manter a monitorização, mas tal atitude despesista poderia comprometer o cumprimento do défice, esse grande desígnio nacional.
Mercado Municipal
Sines mudou de forma irremediável nos últimos anos. Desapareceram símbolos da memória colectiva como o centro histórico, o cinema e agora possivelmente o mercado municipal. Por outro lado surgiram novas referências; as piscinas municipais, o centro de artes, novos bairros, etc. É sabido que todos os processos de mudança geram resistências, em Sines implantou-se a modernidade sem salvaguardar a memória. E todos sabemos o que acontece aos povos sem memória. A condução do processo de requalificação (???) do mercado municipal tem tudo aquilo que a autarquia critica, e bem ao governo central: negociação silenciosa à margem dos interessados, decisão não participada e imposta. Esta falta de sensibilidade, leva a acreditar nos mais críticos, pois até prova em contrário, a questão económica falou mais alto.
Nota final:
Em democracia o que não se resolve nas urnas pode sempre resolver-se na Justiça. Existem mecanismos legais - impugnação judicial, providência cautelar, acção popular - ao alcance das populações fazerem valer os seus interesses. No nosso país excepto Sá Fernandes, poucos tem revelado a coragem suficiente para desafiar poderes superiores.
“Texto publicado no semanário Noticias de Sines, em 4 de Novembro de 2006.”
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