terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

O adeus anunciado

"Xau comuna"
Foi este o último comentário que vi publicado no post de despedida do Braz, antes de começar a escrever este meu último texto na estação.
Não conheço assim tão bem António Braz, falámos não mais do que dez vezes por certo, conversas sérias e demoradas terão sido bem menos até. Convidou-me a escrever aqui depois de ler o meu blog, porque achava que eu podia ser uma voz que de alguma forma, pudesse representar muitos dos jovens, que apesar de sinienses, trabalham e vivem noutras cidades. Não sei se fui capaz de ser essa voz, mas aceitei e tomei como um elogio pessoal, porque apesar de nos devermos preocupar com os outros, acho que primeiro nos devemos preocupar connosco e os elogios, esses, aceito-os todos de bom grado, que muita falta me fazem.
Este é um post sincero e honesto, como acho que foram todos os que escrevi até chegarmos aqui, sem estratégias nem jogadas estudadas.
Acho que o último post da estação de Sines, deveria ter sido o ponto final do Braz, mas não foi e só por isso escrevo este, como um elogio a ele mas não só, como um elogio a todos os que dão a sua opinião sem medo das consequências.
"Xau comuna" e em duas palavras se descreve o sentimento de muitos em relação a quem protesta, a quem se queixa. A minha avó, uma senhora simples na casa dos 80, trata o Sócrates por patrão, assim como tratava todos os outros primeiros-ministros de que eu me lembro. Da última vez respondi-lhe,

- Sou eu que pago o ordenado ao teu patrão!

E ela olhou-me desconfiada, sem dizer nada.
Acho que são as pequenas coisas que fazem o todo, pequenos actos, pequenos sentimentos que nem sabemos ter, preconceitos escondidos, arrependimentos guardados, um sem fim de coisinhas pequenas que todas rendilhadas entre elas, explicam quase tudo no nosso comportamento individual e colectivo.
As mudanças começam não sei bem onde, não sei bem quando, mas para serem verdadeiras deverão chegar ao interior de cada um de nós, pois só assim poderão ser verdadeiras e não artificiais, e talvez por isso, sejam tão difíceis de acontecer.
O poder deve estar no povo, mas os exemplos devem vir de cima e aqui, chegamos a um impasse, porque quem é eleito não representa o povo e de cima só chegam maus exemplos.
Eu sempre fui um bocadinho de extremos, nada que não melhore com a idade e com o saber ouvir os outros, mas cada vez mais acho que os partidos não podem continuar a ser aquilo em que se estão a tornar, organizações mafiosas que cilindram tudo o que se lhes atravesse no caminho.
Lembro-me de quando comecei aqui a escrever, ter havido logo quem me tivesse elogiado a coragem, mas para mim era tudo muito simples, tinha coisas para dizer e estavam-me a dar a possibilidade de o fazer. É certo que faria inimizades, mas tinha muito mais a ganhar do que a perder, desde logo com a minha consciência, que não me perdoaria desperdiçar um desafio assim. Olhando para trás, tenho a certeza de que muito ficou por dizer, mas tenho a consciência de que tudo valeu a pena e que saio mais rico emocionalmente do que quando entrei.
Confesso que desde que o Braz me comunicou a sua retirada da estação, nunca sequer me passou pela cabeça ficar, até porque nunca houve um pedido expresso da sua parte para que aguentasse o barco e mesmo se tivesse havido, só aceitaria se tivesse a certeza que o poderia manter a flutuar, como não tenho essa certeza, nem o pedido foi feito, e como não sou dos que ficam no navio quando o comandante o abandona, salto borda fora também.
Sines, como se costuma dizer, tem aquilo que merece, a terra, os políticos, as pessoas, as ruas, as praias, as estradas, os jornais, os blogs, tudo na devida proporção em relação ao que fez para ser um sitio melhor. Talvez um dia o Braz volte, não sabemos, mas até lá tenho a certeza que muitos irão sentir a sua falta.
Obrigado Braz!
Foi um prazer escrever na estação de Sines.

19 comentários:

Anónimo disse...

Obrigado Bruno , sabia que ias tomar esta decisão , sinceramente pensei que fosse mais cedo , mas mais vale tarde do que nunca .Isto é de HOMEM
Esperemos que os outros colaboradores o façam também ..............mas duvido , vão-se tentar aproveitar da Estação.

Abraço

Alberto disse...

Ficamos entregues aos bichos.
O ultimo a sair que apague a luz!

Anónimo disse...

Alberto, não ficam entregues aos bichos, ficam entregues a iluminárias como o Americo Lourenço. Boa sorte, mas acho que deviam acabar com a Estação.

José Leal disse...

Como bem sabes, este blog nunca me foi indiferente, bem pelo contrário, por algumas vezes tive a oportunidade de participar neste, com o envio de alguns comentários.
Tendo crescido numa sociedade dita livre e numa família que sempre fomentou o interesse pela vida política e pela troca de ideias, sempre olhei para este blog com bons olhos, até porque sempre fui da opinião que mexer na porcaria por vezes é bom, pelo menos faz-nos pensar um pouco e reflectir sobre aquilo que temos e o que podemos mudar. Por isso foi com agrado que recebi a notícia que irias ser uma voz activa neste local de troca de ideias e de contestação.
Na minha opinião foste sem dúvida uma peça fulcral deste blog e um dos principais responsáveis pelos seu crescimento e reconhecimento público, e conseguiste de um modo ou de outro fazer estremecer alguns pilares que todos julgavam seguros e inabaláveis. Por tudo isso dou-te os parabéns.
Concordo em absoluto contigo quando dizes que está na hora de abandonar o barco, porque ficar neste quando o comandante já o abandonou é apenas um acto de insanidade. A coragem e a inteligência não se medem por actos irracionais, mas na capacidade de reconhecer e analisar situações, para que a todo o momento consigamos seguir caminho que pretendemos, nem que por vezes tenhamos de dar passos atrás.
Como sei que mais projectos se avizinham, fico descansado, e à espera de poder continuar as seguir os teus textos.
Um grande abraço!
José Leal

Anónimo disse...

A Estação vai extinguir-se naturalmente, sem o Bráz ao leme não tem hipóteses, por muito que isso custe aos colaboradores que ficaram, a quem mais nada resta que saltar pela borda fora quando a água chegar ao convés.
Tal como eu acérrimo leitor da Estação, muitos outros deixarão de perscrutar o horizonte á espera de boas novas deste navio que se afundou.

Silvia P. disse...

No momento em que travei conhecimento com este blog, estranhei o facto da larga maioria dos comentários serem anónimos. Espantou-me, especialmente, quanto se tratavam de evidências flagrantes. Para mim é sim ou não, a resposta é uma, não há que ludibriar mentes ou atascar mais em lama as dificuldades/incapacidades de se ser capaz. Fiquei confusa. A resposta obtive-a ao longo do tempo, pelas vindas frequentes para assim apanhar o comboio na Estação de Sines. Tudo porque, alguns anos afastaram-me da minha terra. Estudar e depois a busca de resposta a uma licenciatura e a não querer pagar para trabalhar ou estagiar. Passei pelo desânimo de contratos de trabalho temporário de empresas em que os sócios não eram nada mais nada menos que os Administradores da empresa que me “alugava” temporariamente para eu dar o meu melhor. Que circulo vicioso que a lei não trava! Pessoas geridas como meros recursos, quando efectivamente são a própria organização - concordo com o guru Peter Senge que me foi dado a conhecer por um jornalista do Jornal Expresso onde trabalhei e muito aprendi. Não é fácil estarmos longe, sermos licenciados e pós-graduados e termos que registar dados na PT durante o dia e à noite ir para a EDP registar mais uns dados, até à meia-noite. Correr depois Lisboa em transportes públicos, no breu, e no meio de quem tenta a qualquer momento ter uma oportunidade para nos apontar uma “borboleta” ou uma “ponta e mola”. Orgulho-me, a partir de certa altura, quando estudei a conjuntura e o espiral em que parecia ter entrado, de dizer que aprendi muito sobre Gestão e Marketing correndo grandes empresas, por tempos, alugada. Também me orgulho de dizer que aquela empresa (já falei aqui dela) onde mais gostei de trabalhar e onde fiz crescer, com mais 10 colegas, um projecto de certa forma inovador em Portugal, me quis para ficar e dar continuidade. Um dia fui embora, mas fui eu que entendi que estava na altura de integrar outros projectos, tais como mostrar às pessoa como se defenderem dos monstros do mercado laboral. Entre monstros e monstrinhos há que saber escolher aquele que melhor responde à nossa velha cartilha ;)

Já expressei num comentário ao Braz que louvo quem ainda fala, mas infelizmente já somos poucos. Não lhe disse ainda foi, que a certa altura, pensei que tínhamos voltado aos tempos da Polícia Internacional e de Defesa do Estado que a minha avó tanto falava, ainda com medo no olhar. Sines não pode ser a cidade do medo, do silêncio ou das palavras anónimas. Entendo que uma chamada de atenção ou uma critica deve levar à construção, à criação de condições, à solução. Os tribunais, há que evitá-los, são tempo perdido, na maior parte das vezes, é onde se violam muitos direitos dos cidadãos, é onde impera a mentira para que a aberração assim permaneça aberração. Falo com conhecimento de causa.

Sim, somos nós que pagamos os ordenados a quem depois de trabalharmos mais de um ano para uma “empresa” estatal, e após concorrermos a um concurso, a sério, para o dito lugar, nos responde que somos isentos de experiência e mais umas balelas, para dar lugar a conhecidos.

As bofetadas do sistema, a certa altura, calaram-me mas entendi que o silêncio pode dar lugar a actos, e de actos se faz gente.

Tudo isto para dar introdução e explicar o que penso e senti quando o Bráz anunciou o ponto final e agora o Bruno no adeus anunciado. Sei que o Braz não se calará, sei que o Bruno não se calará, sei que eu não me calarei, porque de frente para os problemas sabemos que há que apresentar soluções e a solução com certeza que não é um “xau comuna”. Um nosso possível “silêncio” não significará medo. Apresentar soluções também se faz através de ACTOS, não são necessárias palavras. Pois CONSTRUIR é com ACTOS.

A Roma também se chega e não é preciso boca…

Silvia P.

Anónimo disse...

Sei que o poder corrompe mas nunca pensei que o medo de perder o poder cegasse desta maneira. É demasiado perigoso que se faça silêncio e é absolutamente fundamental que, mais do que nunca, se diga e se saiba como dizer, para que todos oiçam. Urgem novas estratégias, novos discursos e acções.
Lamento a tua saída e lamento a forma como colocam o Brás num pedestal insubstituível. Se alguma vez acreditaram no que disseram, não pode a saída de um líder desmantelar as tropas. A luta, mais do que nunca, é desmesuradamente urgente para que nela caibam desistências. Se não neste Blog, algo mais terá que nascer. E digo-vos que sei o que estou a dizer e da pior maneira. Estou tão perto do veneno que receio que só o seu cheiro me destrua. E tenho que optar pelo anonimato, eu e muito boa gente. O perigo é grande, maior do que aqui alguma vez foi dito e está a crescer como lodo.
É URGENTE uma oposição jovem, inteligente, com controlo de emoções e verborreia e com capacidade de resposta. Por favor, se desistes aqui, cria outra coisa, com outras pessoas, mas que não sejamos todos abandonados com o vosso silêncio e desistência.

Alberto disse...

Entenda-se "Entregues aos bichos" no sentido de haver menos gente a contestar e a alertar para certas situações e não de quem cá fica no blog ser bicho! Nada de confusões.

Anónimo disse...

Muitos daqueles que sempre quiseram este blog silenciado, veem agora dizer:
" Esperemos que os outros colaboradores o façam também ..............mas duvido , vão-se tentar aproveitar da Estação.",
ou:
" mas acho que deviam acabar com a Estação."
...e muitas outras frases que aqui temos lido e havemos de ler. Todos nós sabemos qual a área política de onde veem esses comentários e até conhecemos alguns desses comentadores que, apesar de serem anónimos aqui, não o são na vida do dia a dia desta Terra, falamos com eles e sabemos o seu tipo de fala e escrita...
Desejo que continue a haver coragem para manter o blog vivo por muito tempo.

Quanto aos "outros", por terem maioria no executivo camarário, essa maioria não é o reflexo de maioria de votos, porque a soma dos votos das oposições é muito maior que os votos obtidos pelo SIM, o que quer dizer que a População votante, na sua maioria, não é SIM...não se iludam por terem mais vereadores...
Só seriam "absolutos" se tivessem 50% dos votos mais 1 e não o tiveram, bem longe disso...mas governam como se o tivessem, com o apoio das oposições, o que a mim, me deixa muito desiludido com os políticos da Nossa Terra...

Anónimo disse...

E verdade que a maioria das pesoas necessitam de um lider a quem seguir e o lider da estacao de sines abandonou o projecto, o que e legitimo ninguem deve ficar senao sentir que o deve fazer, contudo nao entendo que se incentive outros colaboradores a abandonarem o projecto.
Se voces acreditam naquilo que escrevem e na forca das vossas opinioes nao desistam. As pessoas passam os projectos continuam e e assim que tem que ser.
Acreditem em voces nao se juntem aos desistentes,de que Portugal esta cheio, infelizmente.
A revolucao dos cravos fez se com a vontade de um punhado de homens, que nunca desistiram. a forca deles encorajou um povo e fe losa acreditar que era possivel,com as devidas proporcoes facam voces o mesmo, facam os sinieenses acreditarem que a mudanca e possivel.
Ja agora desistir nao penso que seja de HOMEM como alguem disse desistir e proprio de quem afinal nao acredita na forca e diferenca que possa vir a fazer.
Por mim vou continuar a ler a estacao de sines como sempre fiz, gostando mais de uns ou outros artigos nao interessa, esta pode ser e e uma porta de liberdade de opiniao.

GMFL72 disse...

Sou, como muitos outros, mais um filho de Sines desterrado, que se viu obrigado a abandonar as suas raizes e o seu País em busca de um futuro e de reconhecimento profissional.
À distância de alguns milhares de Km´s e após o primeiro contacto acidental com este blog, tornei-me um visitante assíduo do mesmo com o intuíto de me manter actualizado com o que se vai passando no nosso cantinho.
Vejo a pseudo-cidade de Sines cada vez mais atrasada, o que tinha antes como Vila, não tem hoje sequer metade como cidade.
Vejo também as guerras surdas e mudas entre a geração de sinienses hoje na casa dos 30/40 anos que ganharam notoriedade após se filiarem num qualquer partido (a cor não interessa...) e dos que souberam aproveitar os tachinhos proporcionados pelo que Sines tem de melhor: o factor C (sim, C de CUNHA!). Viva a APS, PSA, Petrogal, CMS e afins, viva o mérito dos tachinhos servidos de bandeja por familiares, amigos e conhecidos, que como bónus extra a acrescentar aos ordenados ridiculos que alguns recebem para a qualquer hora do dia irem tomar café aos Galegos, ainda lhes dão...notoriedade!. No final da lavagem, ficam todos no mesmo alguidar.
Vejo muita preocupação com Sines da parte dos suspeitos do costume
mas a pandemia de tachos só me faz pensar que afinal tudo não passa de hipocrisia e de teorias balofas.
E tapem os buracos, uma vez que os mesmos podem danificar gravemente os BMW´s, Audis e afins que abundam no reino do tacho e da peixeirada!
Tenham juizo...

Anónimo disse...

tenham coragem e publiquem o comentario sobre a farmacia ou no minimo expliquem ne poque nao e publicado .saus«dacoes

Anónimo disse...

soube do assunto sobre farmacias e do que esses pseud ditadores tem feito aos seus empregados .va coragem publiquem como diz o anonimo pois eu gostava muito de ler.

efernandes disse...

Ao Caro anónimo que escreveu sobre a Farmácia, quero dizer-lhe o seguinte:
O Seu texto poderá ser publicado apenas e só numa condição: Envia cópia do seu Cartão de cidadão.
É que neste tipo de afirmações, há que assumir o que dizemos, ok?
Cumprimentos

zegambilha disse...

sobre afarmacia ai vai espero que seja suficiente

zegambilha disse...

ainda sbra a farmacia e outros assuntos que incomondam muita gente s fernandes assumo divulguemos a verdade senao o que fazemos nao e justica e inverdade e medo de nos assumirmos como eu estou a faze lo . penso que no seu bloque devem me conhecher senao perguntem ao chico do o quem e o gambilha

zegambilha disse...

penso que sobre este assunto chega o meu nome e identidade se precisar de mais alguma coisa digacontinuo a acredirar que fazem o mais correto para divulgaçao de assuntos para os sineenses e para a nossa terra mas temos que nos defender anos proprios. desculpe a minha ignorancia mas o cartao de cidadao penso que nao tenho mas esta indentificaçao acho que e mais que suficiente.

Anónimo disse...

ao anonimo do 10 .44 pm digo como voce ja a poucos mas iremos ser muitos dizistir nunca .obbrigado

efernandes disse...

Ao "Zegambilha" e outros,

Sendo o assunto que expõem de caris laboral, remeto-os para o Sindicato respectivo.

Aí podem solicitar a ajuda e intervenção Sindical e/ou jurídica.
Porque não o fizeram já?

União dos Sindicatos: Ferreira, Bloco C-7, N.º4–7520-195 Sines Tel.269632870