segunda-feira, 9 de agosto de 2010

O nosso "Ouro do Brasil"

Lisboa (1.º lugar), Oeiras (2.º), Porto (3.º), Cascais (4.º), Alcochete (5.º), são os cinco concelhos de Portugal com maior poder de compra por habitante, num ranking que Sines ocupa o 14º lugar a nível nacional e o primeiro de todo o Alentejo, de acordo com os dados mais recentes do Instituto Nacional de Estatísticas, datados de 2007.

Segundo o INE, o indicador pretende caracterizar os municípios "sob o ponto de vista do poder de compra, numa acepção ampla, a partir de um conjunto de variáveis", como o vencimento salarial, contratos imobiliários e o número de automóveis são algumas das variáveis em questão.

Obviamente que Sines tem um poder de compra considerável e trata-se de um verdadeiro oásis na região do Alentejo, apesar de o critério não considerar uma variável que parece importante e que poderia alterar tudo, o nível de poupança. O critério utilizado não avalia o potencial de compra mas a disponibilidade para comprar, enfim é um critério.

Sines era em 2007 (e muito provavelmente continuará a ser) o concelho com o maior poder de compra do Alentejo e o 14º. a nível nacional, com uma riqueza baseada fundamentalmente no desenvolvimento do complexo industrial baseado no ciclo do petróleo, e mais recentemente, portuário e nas PME's satélites, está forte e perigosamente dependente da continuação do "sucesso" dos combustíveis fósseis.

Urge que os responsáveis políticos procurem alternativas pós complexo Industrial. O sector da construção, o comércio e os serviços do Concelho estão fortemente dependentes, senão reféns do Complexo Industrial e reflectem as suas crises de crescimento ou emagrecimento. É necessário canalizar as verbas geradas pelo desenvolvimento industrial para projectos e actividades económicas que perdurem para além deste.

A perda de um turismo de qualidade, a fraca atractabilidade de Sines que não seja por uma remuneração mais alta, a incapacidade da autarquia de ordenar o território, a ausência de matérias-primas que sustentem um sector primário, não auguram nada de bom para as gerações futuras que queiram permanecer em Sines.

Até lá festejemos, veremos um dia o que resta deste "ouro do Brasil".
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Nota histórica (ver fonte):

Na época de D. João V assistiu-se ao período de maior fluxo de ouro brasileiro, mas o aumento da receita pública e privada não se repercutiu em transformações duradouras no plano económico, ou em modificações sensíveis na estrutura social portuguesa.

O rei consumiu quase tudo quanto ao estado coube do rendimento das minas brasileiras na manutenção de uma corte luxuosa e em gastos enormes relacionados com o prestígio real, no entanto, o dinheiro não podia, por si só, resolver nenhum problema.
A época de D. João V caracteriza-se pela inexistência quase completa de quadros empresariais, pela falta de gente preparada para se servir da riqueza como instrumento criador de nova riqueza.
Em Portugal, havia falta de elites em todos os campos: na cultura, na arte, na política, na economia.
A abundância do ouro atraiu vários estrangeiros, que procuravam instalar indústrias ou eram encorajados pelo Estado a produzirem em Portugal os bens importados. A maior parte destas iniciativas saíram malogradas por falta de organização económica.
A mais importante realização pessoal de D. João V foi o projecto de construção de um edifício gigantesco, de proporções que excediam de longe tudo quanto até então se edificara em Portugal: o Palácio Convento de Mafra.

5 comentários:

Anónimo disse...

Em alguns comentários atrasados tinha feito o paralelismo entre o D. João V e o nosso Magnânimo Presidente da CMS, que o Braz agora recupera, e bem digo eu. Se nos abstrairmos das épocas e da dimensão das figuras, as semelhanças são tantas, que poderíamos suspeitar de uma reencarnação. A megalomania do rei, teve o efeito de deixar um país de rastos, a do "nosso" Magnânimo vai certamente pelo mesmo caminho, quando se retirar temos um concelho de rastos. Infelizmente para muitos daqueles que acreditaram na "BONDADE" das promessas "fantasiosas", os efeitos já estão a ser sentidos, muitos mais se lhe seguirão. Enquanto isso uma "pseudo-elite" come cada vez mais do "erário real", quer em quantidade quer em qualidade.
Para que o presente continuasse a ter alguma semelhança com o passado só falta o nosso "Magnânimo" por os SIM's a trabalharem nas suas megalomanias, como o outro fez com a população portuguesa em relação ao convento de Mafra. Havia de ser bonito ver alguns carregar pedra para a nova escola das Artes, por exemplo. Obviamente que haveria diferenças, no tempo do rei eram usadas as mulas e os animais de carga, hoje em dia iria ser difícil encontra-los. Ou talvez não, quem sabe, ele há por ai tanta coisa escondida.

Anónimo disse...

O Complexo Industrial de Sines é sem dúvida alguma uma âncora de desenvolvimento para o nosso concelho, agora com uma reforçada vocação portuária. Todavia, há três questões que se colocam e se podem resumir numa só: protecção da população.
- Poluição.
- Segurança Industrial.
- Degradação social.
Mais que o problema do futuro pós-combustíveis fósseis existe outro problema que se prende com a reconfiguração industrial para se adaptar às normas de baixo carbono (emissões de CO2), Será que a Central da EDP tem futuro neste cenário sem investimentos pesados. A petroquímica tem futuro num cenário económico de ajustamento da oferta à procura com a concorrência da China e da Índia, o mesmo se aplica à Refinaria da Petrogal embora os recentes investimentos de certo modo a salvaguarde, contudo não totalmente.
1.~ Poluição - não é aceitável que se repitam os maus cheiros, por exemplo nas noite de 7 e 8 de Agosto. A ETAL da APS tem que ser alterada de forma a impedir a libertação dos compostos voláteis.
2- Segurança Industrial - como já coloquei uma vez, as instalações estão velhas e a manutenção não é a melhor.
3 - Degradação Social - vive a par com precariedade laboral e cria duas realidades muito distintas na vivência do complexo, de um lado os trabalhadores das empresas charneira com direitos sociais já erodidos em relação a geração precedente e os restantes na generalidade precários sem direitos sociais e que a prazo com o desemprego a aumentar e depois da grandes obras serão um grande problema social.

desculpem o tamanho do texto

Cumprimentos

Nepumoceno Guedelhas

Anónimo disse...

Ao primeiro comentário

muito bem sr/a Anónimo .Animais de carga, em Sines ainda os há e bastantes é só puchar pelas rédias e levalos para o local de trabalho.
Trabalham de graça e vão ás compras e se for preciso pagam com o seu dinheiro e caladinhos.

Que tristesas era só abanar a cabeça e faser saltar o cabresto, o freio, e as redias.

efernandes disse...

Comentando o comentário do Nepumoceno Guedelhas - Degradação Social, e sem estar de forma nenhuma em desacordo mesmo com o restante texto, quero dizer que é preocupante DE FACTO, a degradação social pela falta de meios ou de vontade em os pôr a funcionar.
A degradação social para além do desemprego que é generalizado a todas as regiões, aqui funciona mais pela falta de controlo das relações laborais.
É necessário dizer que, a par dos que ganham "mundos e fundos" e, não estou a referir os trabalhadores das empresas com relações laborais estáveis ou pelo menos aceitáveis, há de facto OS EXPLORADORES DE MÃO DE OBRA que não respeitam a lei, que se aproveitam das debilidades dos trabalhadores desempregados, que "importam" trabalhadores estrangeiros ilegais porque estes não reivindicam, que não asseguram nos contratos o pagamento das cláusulas de caducidade dos mesmos, que consideram temporários os trabalhadores efectivamente definitivos, etc, etc, etc.
Estes, enriquecem como é òbvio ganhamdo dinheiro por não fazerem NADA, ficando com parte significativa do dinheiro que as grandes empresas pagam, deixando as migalhas para os que trabalham de sol a sol (muitas horas extraordinárias), para terem um pouco mais de conforto no seu magro salário.
Contra isto, o cidadão ou muitos cidadãos e PRINNCIPALMENTE as autoridades que têm responsabilidades sérias mas também as empresas cotadas na bolsa, escondem-se, nada dizendo, parecendo até que há aqui algum interesse pelo meio a que se pode chamar...corrupção. Será?

Bruno Leal disse...

Muito bom post!