quarta-feira, 14 de abril de 2010

De Sines

Já foi terra que deu muita e boa uva, mas hoje, parece que a parra cobre a cepa e não deixa a uva crescer.
E tudo fica na mesma, porque para podar não parece haver ninguém e os que dizem que o fazem, foram mal ensinados.
Mas não é de cepas nem de uvas que vive a nossa terra (sinto-a sempre mais minha quando estou com ela), é de mar e de peixe e do corpo de muitos.
Não sei se seria capaz de voltar a estar em Sines a tempo inteiro, pelo menos assim, com ela perdida e abandonada, refém do conformismo de alguns, presa pelo hábito de outros que lhe trazem tão pouca alegria. O sol brilha e ilumina-a e ela é sempre bonita, mesmo com as ruas moribundas e as encostas mal aparadas, mas são as pessoas que a fazem, são elas que lhe dão vida e ela vive tão pouco hoje em dia. Chega a dar dó um sitio assim tão mal acompanhado. Para os que querem ou podem é mais fácil sair e visitá-la de vez em quando, para os que ficam é mais fácil fechar os olhos e tomar como dela os defeitos de outros, no fundo, somos todos culpados.
Os capatazes que a regem, esses, vão de mal a pior. Antigamente vestiam-se de vermelho, contra tudo e contra todos, sem perceberem que contra ela também. Hoje um grupo de gente sem ideais, à mercê de um homem que vira para onde quer que o vento sopre, parecendo agora soprar para outros que de honra e de palavra nada parecem saber.
O presente nada de bom augura para o seu futuro, salvo raras excepções e pequenas pérolas que a destacam pontualmente das outras terras. Mas nada ganhamos com o pessimismo, por isso eu deixo-o para trás, porque escrevo numa dessas excepções, quem sabe uma pérola, sem saber o que fiz para merecer fazer parte dela. Vejo-a como um apeadeiro no qual já não passam comboios e que agora serve de palco aos que não têm voz e precisam de falar e ao que parece, até os seres mais inesperados a ela recorrem em altura de desespero. E ela aceita todos, de braços abertos e sorriso na cara, tal como a terra onde nasceu, erguida de frente para o mar, nas suas artérias sinuosas em que se perdeu, mas nas quais sei que se voltará a encontrar.

4 comentários:

Anónimo disse...

"O presente nada de bom augura para o seu futuro, salvo raras excepções e pequenas pérolas que a destacam pontualmente das outras terras. Mas nada ganhamos com o pessimismo, por isso eu deixo-o para trás, porque escrevo numa dessas excepções, quem sabe uma pérola, sem saber o que fiz para merecer fazer parte dela. Vejo-a como um apeadeiro no qual já não passam comboios e que agora serve de palco aos que não têm voz e precisam de falar e ao que parece, até os seres mais inesperados a ela recorrem em altura de desespero. E ela aceita todos, de braços abertos e sorriso na cara, tal como a terra onde nasceu, erguida de frente para o mar, nas suas artérias sinuosas em que se perdeu, mas nas quais sei que se voltará a encontrar."

Caro Bruno, refere-se à estação e ao bras?

Não dúvide que a estação é uma pérola, encastrada numa ostra podre.
não deixa de ser irónico que enquanto o lia, ouvia o rui vinagre a tocar na sines tv.

Tal como as flores que crescem visosas na pedra, alguns filhos de sines, fazem-nos acreditar no futuro.

Obrigado aos brases e ruis desta terra, são a gaarantia do futuro.

qaunto a si, a qualidade dos seus post, justifica o facto de escrever no blogue.

por favor, resistam, resistam e resistam

Anónimo disse...

"Não sei se seria capaz de voltar a estar em Sines a tempo inteiro"

Coitadinho... Deves ser muita fino! Escuta!!! (como diria "o Chato" dos contemporâneos)Não queres levar o Brás para o pé de ti? Estão sempre tão incomodadinhos... Mudem-se! Uvas boas! Têm cá uma graça! Felizmente ainda cá ficou uma passa, o nosso Picalimas! Viva o Picalimas! Continuo à espera da Avenida com o seu nome.

Anónimo disse...

Mas a nova comissão de Toponímia ainda não tomou "posse" não pode dar o nome do "picalimas" à avenida...
Enquanto não tomar posse, não há comissão, quem dá os nomes aos locais deve ser o padrinho...

Anónimo disse...

Carisssimo Bruno Leal

Tenho imensa pena que perca o seu tempo a escrever estes comentários no blog, pois como Gosta tanto do PS deveria de dar uma aulas ao Srº Presidente da Assembleia Municipal de como convocar os deputados para a Sessão solene Comemorativa do 25 de Abril.Passo a transcrever a introdução á convocatória
"...Mais se informa que antes da Sessão Solene ás 11h00, haverá pelas 10h00 o hastear da Bandeira seguido dum pequeno "mata-bicho"...", Portanto Carisssimo Bruno Leal utilize essa sua arte de escrever e dê algumas aulas ao SRº Presidente da Assembleia Municipal de Sines