terça-feira, 22 de dezembro de 2009

E enquanto o mundo for assim, eu também vou ser assim... contra!

Este é o espírito do Natal

O Titanic começou a ser construído há um século e partiu-se em dois em 1912. Era um mundo (o maior e mais moderno navio até então) e o seu fim ilustrou o mundo como ele sempre foi: da 1.ª classe morreram só 38% dos seus passageiros, da 2.ª, 59%, e da 3.ª, 75%... O mundo foi sempre assim, dividido entre os que têm e os que não têm - com mais ou menos gradações entre a cabina de luxo e os beliches do porão. Foi há cem anos. Agora chegam notícias de outra maravilhosa máquina, o comboio Eurostar que atravessa o canal da Mancha, que naufragou. Não exageremos, só ficaram duas mil pessoas bloqueadas durante 18 horas. O culpado foi o do costume, o frio - no Titanic, um iceberg, com o Eurostar, a neve. E o comportamento humano também foi o do costume. Ficaram famílias sem água nem comida e sem informação. Eram dos que não têm. Mas, no túnel bloqueado, alguém foi buscar Claudia Schiffer para a levar até à saída. Ela tem. Sempre teve. Na outra encarnação, ela chamava-se Lady Lucy Duff-Gordon e salvou-se no primeiro salva-vidas que desceu do Titanic (só levava 12 pessoas, havia lugar para 40, mas urgia salvar aqueles passageiros da 1.ª classe). O mundo o que tem de tranquilizador (e de inquietante, também) é que não nos surpreende.


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Artigo do DN que transcrevo na íntegra e que me coloca mais triste por sabermos que isto existe e assobiamos para o lado.

2 comentários:

Anónimo disse...

É verdade, infelizmente! Neste mundo injusto uns são donos dos outros. Mas a culpa também é de todos nós, porque achamos que isto é natural e pouco fazemos para mudar. Pelo que vejo, o efernandes é cá dos meus. Eu podia fazer mais, está certo, mas sempre que tenho oportunidade luto contra este tipo de "mundo". Se houvesse mais união e mais gente "humana" muitas mudanças já se tinham dado. E éramos todos mais iguais e felizes. Um Feliz Natal para todos os do blog, mas em especial para o efernandes.

efernandes disse...

É sem dúvida nenhuma que a culpa é nossa meu caro!
Mas quando digo nossa, é óbvio que há uns mais culpados do que outros. Os que participam, que se interessam que lutam, que dão a cara, que se sujeitam a insultos vindos de gente que ocupa lugares que nem sequer sabe respeitar-se, não têm as mesmas responsabilidades.
Eu assumo as minhas...
Feliz Natal