Vagueio pelas ruas da cidade, numa tarde ensolarada de domingo. O verão parece querer entrar pelas janelas, mas o vento, teimoso e desassossegado, não facilita.
Desço pela Rua do Cinema, onde cinema já não há, olhando a imponência de uma obra desaproveitada e inserida num meio que não lhe pertence. As pedras da rua, desiguais e de ampla memória de carnavais passados, encaminham-me para o Largo dos Correios, já sem os Correios a funcionar. De um lado, a Cadeia Velha, do outro, o Miguel Bombarda. Tão diferentes são estas ruas, quando iluminadas pelo sol ou pela lua.
Virei para o Castelo, pela Teófilo Braga, onde o Bucanero deixa imensas saudades, lembranças de noites passadas com o Luís, pirata dos tempos modernos, onde entre uma jogada de xadrez e um copo de Sangue de Pirata, se debatiam as políticas e filosofias dos nossos tempos.
A velha Farmácia Central, do lado esquerdo, agora rodeada pelo pouco comércio, mas à frente, como árvore que não tomba aos ventos da mudança, os velhinhos Galegos, firmes e hirtos, de esplanada cheia, onde as conversas se atropelam num bailar desenfreado de história e costumes.
Desci a Descida das Curvas, caminho à praia, observando os patamares ajardinados, sob o olhar estático do Vasco da Gama, que torce o nariz às pinturas nas paredes que nem tão pouco se compreendem. Cá em baixo, o mar calmo acolhe-nos com a serenidade de um pedaço de céu, às portas do Paraíso. Uns correm, outros passeiam, poucos namoram, mas todos, sem excepção, olham e admiram a beleza que os presenteia. As areias claras, a brisa do mar, as águas limpas, embora frias, convidam a um mergulho repentino, a uma corrida às bóias para ver quem é o mais rápido do grupo.
A alma jinga ao som da música do Bar da Praia, onde a esplanada cheia abre as portas ao descanso do espírito e à purificação do ser.
O tempo começa a arrefecer, o sol a esconder-se nos limites do mar... está na hora do regresso, de retorno aquela vida do dia a dia.
Como sabem bem os passeios nesta minha cidade. Bem sei que não nasci cá, mas a nossa terra não é onde nascemos, mas sim onde somos felizes!
5 comentários:
A nossa terra, Sines, é lindissima... Pelo menos aos meus olhos!! Tem muito por onde crescer e muito para aproveitar para que voltem cá gentes como antigamente, gentes para vir admirar a sua beleza e também contribuir para o nosso comércio, que vai diminuindo a cada dia que passa!!
Eu já não fui do tempo de ver as nossas ruas cheias no verão, mas adorava um dia poder contemplar esse cenário, adorava ver gente de fora a admirar a beleza que nós podemos admirar todos os dias!!
Quem diz que as tasquinhas estão mal na avenida da praia, não sabe muito bem o que diz... As nossas tasquinhas trazem muita gente, divertem os sinienses e dão lucro aos comerciantes (embora as rendas para ter uma "tasca" lá em baixo seja um pouco alta")... A avenida deveria ser um conjunto de diversão todo o ano, e não só nas tasquinhas... Acabar com as tasquinhas por comodismo?? Porque os carros não passam ali?? Por favor!!!!
E quando vemos nas fotos antigas a nossa praia liiindaaaa e enorme, sem avenida nenhuma... Uma paisagem espectacular!!! E agora já tEm de passar por lá com o carro?? Andar a pé é optimo para a saude!!
Concordo com quem escreveu que Sines é lindo, porque assim é!!
Peço desculpa por ter aproveitado para falar noutros temas...
Um abraço a todos os sinienses que gostam e fazem pela terra!!
É uma descrição triste, mas verdadeira desta zona.
E o final...cai-me que nem uma "luva"!
"Bem sei que não nasci cá, mas a nossa terra não é onde nascemos, mas sim onde somos felizes!"
A Mixuguita
lembro-me de ver a praia cheia! com campos de volei, futeboladas épicas, mergulhos no pontal, turistas, sinienses... até de noite a praia se enchia, os bares animavam com as suas esplanadas de areia, música ao vivo (nem era preciso tasquinhas...), tudo isso desapareceu...
lembro-me de ver a noite siniense cheia de vida, não só na praia, também ca por 'cima'! Sines era animado, tinha espaços e bares com fartura, as ruas enchiam, as crianças andavam à vontade de um lado para o outro! tudo isso desapareceu...
lembro-me de ver o antigo cinema, com o seu muro cheio de malta que ansiosamente esperava por o som das badaladas, e que nos intervalos invadiam as pastelarias e cafés em seu redor! tudo isso desapareceu...
lembro-me das sardinhadas no pinhal de São torpes, as ouriçadas, as longas tardes passadas numa cama de rede atada a 2 pinheiros! tudo isso desapareceu...
lembro-me...
Sines foi lindo...
Como jovem e como habitante há 20 anos desta terra maravilhosa onde passei bons e grandes momentos, só tenho uma coisa a dizer: SINES ESTÁ A CAIR DE PODRE. A zona histórica de Sines em muitas noites parece mais um espactaculo digno de bairros sociais do que propriamente da cidade e ponto de turismo que representamos ou deveriamos representar em Portugal! Longe vão as noites em que se podia sair sem medo de ser assaltado, e já havia criminalidade nessa altura, onde os jovens se reuniam e muito bem num bucanero, sacristia ou adrenalina e as noites mesmo sem festas, eram sempre diferentes, divertidas e especiais. O que se fez pra manter esse espirito? NADA! E depois ainda algumas pessoas se admiram de os jovens desta geração só quererem enveredar por caminhos de alcool, drogas e vandalismo? Eu já não me espanto! Levantem Sines e devolvam a beleza de outros tempos e a segurança a esta terra que não é minha de nascença mas é nossa de coração.
"Levantem Sines e devolvam a beleza de outros tempos e a segurança a esta terra que não é minha de nascença mas é nossa de coração."
Faço minhas as tuas palavras!
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