sexta-feira, 12 de junho de 2009

Sines, mais um projecto adiado

Estranho os critérios da comunicação social. O encerramento de uma qualquer empresa familiar, que despeça mais de 10 trabalhadores, é noticia de destaque, nos telejornais. Apresenta-se o chefe de família, junto da mulher que vai confirmando as dificuldades, enquanto uma ou duas crianças brincam próximo e alheadas das coisas de adultos.

Por cá as medidas optadas pela Carbogal e Repsol para mitigar a quebra da procura, e o titubeante investimento da Artenius, se não constituem, para já uma ameaça séria para os seus trabalhadores, jogaram e jogarão para as estatísticas do desemprego um número considerável de trabalhadores. Se a acompanhar esta tendência juntarmos os sinienses que se encontravam na Europa, fundamentalmente em trabalho de construção metalomecânica, e que estão a retornar por falta de trabalho, temos criadas as condições para tempos sociais muito difíceis.

E sobre tudo isto paira um silêncio incompreensível, como se "o regresso ao sonho de construir em Sines um dos maiores complexos petroquímicos do mundo", anunciado pelo Primeiro-Ministro nunca tivesse acontecido.

Pelo caminho dos milhares de milhões que jorrariam sobre Sines, já muitos investimentos ficaram pelo caminho, hoje a Galp assumiu "apenas" mais um.

De acordo com a Galp a "falta de enquadramento regulatório (incorporação de biodiesel, nos combustiveis fosséis) para período após 2010 justifica congelamento de investimento de 350 milhões, do seu projecto industrial na área do biodiesel, para Sines e Matosinhos, avaliado em 350 milhões de euros".

Deste modo, Sines vê outro grande projecto ser adiado, ou antes, Sines continua um projecto adiado.

9 comentários:

Unknown disse...

E os sindicatos onde estão?
Não falam sobre o assunto?
Não são eles que estão ao lado dos trabalhadores.

Anónimo disse...

A Galp é o triste apanágio das empresas portuguesas do século XX. Mal organizadas, monopólios disfarçados, sobrevivem através do poder politico que eles próprios alimentam. Deixadas à sua sorte não dariam dois passos em frente. Falar na Galp é falar na PT e outras irmãs da caridade…

Neste momento o gasóleo está a 1,09 euros cada litro. Dali sai a fatia que vai para o Estado (governo) e a fatia que paga a turbina que a incompetência técnica deixou esturrar. E como se vê no exemplo, já não sai mais nada exceptuando, claro, os chorudos ordenados da administração e gestão de topo.

Felizes os que vivendo junto à fronteira atestam o deposito a 0,86 euros cada litro do mesmo produto, destilado pela mesma empresa – a Galp!

Políticos, ó Braz? Não gastes cera com tão ruins defuntos.

Marius Herminius disse...

Joana tem razão!
Onde estão os sindicatos?
Que o governo se alheie nós compreendemos. Todos os ministros têm emprego, pelo menos até às próximas eleições…
Mas os sindicatos? Esses não!
O grande dever deles (dos sindicatos) é obrigar as empresas a criar empregos para além de proibir que outras empresas (ou as mesmas) despeçam trabalhadores.
Por isso a pergunta de Joana faz todo o sentido: Onde estão os sindicatos?
Sim que, uma vez que não temos ministro da economia, que os sindicatos o substituam porque fazer pior do que ele será difícil, muito difícil.
Só spero que quem clama pelos sindicatos seja, pelo menos, sindicalizada…

Luis Maldonado disse...

A Galp coloca nas mãos do Governo a responsabilidade do adiamento do seu projecto industrial na área do biodiesel, para Sines e Matosinhos, avaliado em 350 milhões de euros. Cenário que remete a produção de biodiesel de segunda geração para um horizonte pós 2014.

Em causa está a indefinição das regras de jogo do sector.

"O quadro regulatório é crucial. Antes disso não haverá qualquer investimento estrutural. Estamos a desenvolver a matéria-prima no Brasil e em Moçambique. Depois avançarão as unidades processuais. Mas tem que aparecer legislação clara e de longo prazo", afirmou Hugo Pereira, o responsável da Galp por este segmento de negócio, durante o seminário Energia e Inovação, promovido no final da passada semana pela Associação Portuguesa de Energia. Declarações que se seguem aos sinais dados pelo próprio presidente executivo da Galp, Ferreira de Oliveira, ao incluir, há duas semanas, o biodiesel na lista de projectos reprogramáveis. Com esta decisão, Sines vê outro grande projecto ser adiado.

Os investidores sabem apenas com o que podem contar até 2010, data em que Portugal se comprometeu a incorporar 10% de biocombustíveis no gasóleo usado nos transportes rodoviários, antecipando em 10 anos os objectivos da Comissão Europeia.

Anónimo disse...

meu caro maldonado:

a partir do próximo ano, os combustíveis fosseis passarão a pesar cada vez menos nos custos de energia.

quer a galp uma boa ideia? aqui vai...

tal como a tabaqueira fez há 15 anos atrás, procurem alternativas aos investimentos. no caso da tabaqueira deixaram de plantar tabaco e passaram a plantar beterraba.

confesso que não sei o desfecho desse mudar de agulhas! mas que se fuma muito menos, disso não tenho duvida nenhuma!

slb1982 disse...

A que foi construida junto da Repsol nunca funcionou e o que se ouve falar é que é para desmantelar.E assim vai o nosso País(e Concelho).

Anónimo disse...

Desmantelar não sei, mas antes de estar construida já estava à venda e porque a Galp ao fazer a sua própria biodiesel, não necessitaria de comprar a terceiros, e agora, enquanto o estado não obrigar as gasolineiras a uma mistura de biodiesel que permita a monopolista Galp arrecadar mais uns milhões, também como monopolista do biodiesel, esta chantageia o governo e não investe.

este é o triste pais e os capitalistas e as cedências da politica.

Anónimo disse...

interessante o artigo,

http://www.jornaldenegocios.pt/index.php?template=SHOWNEWS&id=372414

sobretudo os comentários do zé povinho!

Anónimo disse...

Só para recordar a Artenius está a trabalhar , ok!!!

Os arautos da desgraça mais uma vez não tiveram razão e esperemos que nunca venham a ter