segunda-feira, 29 de junho de 2009

Quando o silêncio tinha sido de Ouro

Estimava em cerca de 500, os trabalhadores afectados pela paragem parcial da Repsol, infelizmente parece que pequei por defeito, a imprensa avança para mais 620. Mais de 220 trabalhadores do complexo petroquímico da Repsol em Sines e ainda cerca de 400 outros trabalhadores de empresas que prestam serviços no complexo.

A paragem inicial dizia-se de 3 meses, agora os jornais, citando um dirigente sindical do SINQUIFA fala em 6 meses de lay-off, quando a empresa reafirma a intenção de reiniciar a actividade "normal" após o verão.

O Presidente da Câmara Municipal de Sines, saiu do silêncio sobre o tema Repsol, a que se remetera desde a festa de lançamento do enorme investimento d expansão da fábrica de Sines, em que ombreou com José Sócrates e Manuel Pinho no auspicioso e glorioso crescimento do Complexo Industrial de Sines.

Manuel Coelho, que preferiu um meio de comunicação nacional ao invés de um comunicado à população ou os órgãos locais, diz que vê com "grande apreensão e preocupação" a situação da empresa, até porque "haverá repercussões nas pequenas e médias empresas locais", afirmando contudo que o arranque "dentro de dias" da construção da nova auto-estrada Sines-Beja poderá amenizar as consequências.

O silêncio do edil teria logrado não tornar pública a sua ignorância e profundo desconhecimento da realidade industrial e económica de Sines.
Primeiro não "haverá repercussões nas PME's locais", já há, e desde alguns tempo e com consequências dramáticas em muitos casos;

Segundo, a construção da auto-estrada Sines-Beja não amenizará a situação da hecatombe dos investimentos industriais no Complexo Industrial de Sines, pois a maioria dos desempregados e das empresas envolvidas, não operam no mesmo ramo de actividade, excepção a alguns trabalhadores não especializados, que são facilmente reconvertidos, para qualquer actividade;

Terceiro o comércio, a restauração e outras PME´s locais, não colherão grandes benefícios da construção da auto-estrada, a não ser que quando esta esteja a chegar perto de Beja, os trabalhadores a utilizem para vir a Sines.

Pior que Manuel Coelho só o Semanário Expresso, que chama à primeira página do Caderno de Economia o crescimento do tráfego portuário em Sines, na semana em que centenas de trabalhadores são empurrados para o desemprego e/ou para a sua ante-câmara, ignorando o lay-off da Repsol, a situação da Carbogal, o problema da Artenius e o anúncio da redução do investimento por parte da Petrogal, na área do Biodiesel.

4 comentários:

Anónimo disse...

Para variar estás enganado Bráz. Manuel Coelho também falou à Antena Miróbriga sobre a questão.

Anónimo disse...

"Pior que Manuel Coelho só o Semanário Expresso, que chama à primeira página do Caderno de Economia o crescimento do tráfego portuário em Sines..." Não consigo concordar com esta tua frase Brás...
Houve um aumento de mais de 30% de mercadorias que passaram pelo Terminal XXI, se leste bem esse caderno do Expresso, vês que quase no final está uma opinião de que o investimento em Sines e mais concretamente no porto e infraestruturas de ligação ferroviárias, por contraponto ao TGV, é o futuro.
Percebo que a situação em Sines é negra. A paragem da Repsol é gravissima. A redução de investimento da Petrogal é lógica tendo em conta que o mercado do biodiesel está como está e a situação da LaSeda não augura nada de bom. Mas na minha opinião, a boa noticia de aumento de trafego no Terminal não deve ser renegada para segundo plano.
Não te esqueças que Artenius não a temos, refinaria de Biodiesel não a temos, mas o Terminal de contentores já o temos, e temos de o rentabilizar! O facto de este aumento do trafego ter sido conseguido por sermos mais competitivos que outro porto, é algo extremamente louvavel.
Cumprimentos

Anónimo disse...

Por muitas voltas que se dê à tortilha, acabamos sempre por bater na mesma tecla: - o ciclo do petróleo acabou e Sines deve estar preparado para uma reconversão dos seus potenciais. Humanos, geográficos e sobretudo culturais.
Por minha parte tenho denunciado o que se passa na Artenius porque se trata de uma decisão política de graves consequências para todos nós se não se puser cobro à loucura de o governo financiar um projecto sem viabilidade económica, sem futuro assegurado. Não são só os 100 milhões de euros pagos em benesses pelo executivo mas sobretudo pelos 400 milhões que a CGD terá de disponibilizar para lançamento do projecto. Já alguém fez as contas para ver quantas mini empresas sairiam do fundo do poço com uma ajuda deste tamanho?
Ora, se o grupo Imatosgil é 100% português, se tem boas unidades industriais a laborar em Portugal a jusante da produção de PTA / PX, se dá emprego a muitas centenas de trabalhadores, ninguém compreende o porquê de uma aventura em que se sabe como começa mas ninguém sabe como acaba.

Curiosamente a caótica situação da LSB adveio do facto de ter crescido a um ritmo anormal sem a preocupação de uma rentabilização dos meios patrimoniais adquiridos. Uma espécie de jogo da bolha, da pirâmide. E, ao que os jornais relatam, esse crescimento foi sustentado pela nossa CGD em parceria com outros grupos portugueses, nomeadamente o BES. Ora a pirâmide caiu, a bolha rebentou! Vai todo um país, um povo, pagar os erros de um gestor da CGD? Se calhar esse cara também anda de avião particular com quarenta guarda-costas à ilharga…

Anónimo disse...

Não nos podemos esquecer que estão mais empregos em causa do que os da Repsol.

Ao reduzirem a "mão-de-obra" desta empresa, todas as outras empresas "satélites" são as primeiras a sentirem estas medidas.

Será verdadeiramente necessário mais este aumento na taxa de desemprego?

Não serão formas indirectas de "limpar" a casa de persona non grata?

Estão na realidade em causa quantos empregos?

Nesta fase como vão algumas famílias sobreviver?

Onde estão as medidas sociais desta CMS para dar resposta do tsunami que aí vem?

Já tinha referido aqui que os apoios alimentares (acesso a cantinas e em géneros) são para ontem e não para ainda apresentarem nas campanhas eleitorais.

A Mixuguita

O post foi outro e a data esta:
10:07 PM, Junho 25, 2009

Mas infelizmente continua actual...