terça-feira, 30 de junho de 2009

Evoluamos

Na terra das descobertas, nesta tempestade que sobre nós se abateu, vivem-se momentos de interrogações ainda sem resposta possível. No ar uma tensão que a muitos passa despercebida, abate-se descaradamente sobre aqueles que levantam questões incómodas, questões que antes meros boatos, agora se condensam em dúvidas possíveis.
Para os que como eu, não viveram o 25 de Abril, o sussurrar pouco nos diz, aos mais velhos porém, presumo que dirá um pouco mais. Há uma fase do Salazarismo, que me intriga especialmente, o seu início. Os relatos desse período são na generalidade demasiado vagos, sobre os condicionalismos impostos às pessoas, sobre a forma de "tratar" prevaricadores, mas presumo que a início tudo tenha parecido, de certa forma, aceitável para a grande massa. Porém no inicio do século XX, muito pouca gente sequer percebia (ou se dava ao trabalho de o fazer), a política ou o porquê de viverem assim, miseravelmente. Hoje, a justiça continua a ser a chave do Poder, o veículo da manutenção dos privilégios soberanos do Estado, chamemos-lhe dos ricos ou poderosos, agora de forma diferente, mais aceitável até para nós, que somos constantemente bombardeados por informação de todos os cantos do Mundo. Seremos nós, meros humanos, capazes de deixar de cometer os mesmos erros e fraquezas repetidamente, de gerações em gerações?
A opinião de cada um será sempre a mais correcta neste aspecto, eu apenas me fico por esta fase, quanto a mim, abdico da minha segurança nem que seja para poder sonhar que posso estar aqui sem nada nem ninguém saber, que posso falar livremente sobre aquilo que penso, sem preocupações sobre que meias palavras, ou meias ideias transmitir. Não é justo o tratamento igual que se dá a pessoas de estratos sociais completamente diferentes, em todo o processo judicial, não só a pessoas mas entidades também, talvez seja utopia mudar toda esta coisa, diante de todo o processo burocrático que é a justiça actual, qual buraco negro e sombrio, mas confio que será este um dos temas vitais, no traçado da nossa evolução.
Por agora são apenas pequenos casos, relatados no meio de tantas outras noticias insignificantes, enfim, no meio de tanta injustiça que importa isso? Dirá o cidadão comum, tal como eu também já pensei muitas vezes, mas no futuro, sem darmos sequer conta disso, que pequenos casos serão estes? Para onde quer que evoluamos, será dispensável por certo o amordaçar e o condicionar da opinião individual, a defesa com armas tão díspares da honra de cada um e a perda de privacidade que já começamos a sentir, reinvente-se tudo se for preciso, mas não deixemos que isso aconteça.

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