domingo, 7 de junho de 2009

Democracia vs Abstenção

Continuo a não entender esta abstenção, percebo que motivos permitem que continue a minar a Democracia que temos, no entanto não percebo o raciocínio do ser individual que permite concluir que o mais correcto a fazer, é não ir votar. Peneirando a minoria que, ou tinha férias marcadas mesmo antes da decisão sobre as datas desta sequência eleitoral, ou estava a trabalhar ou de qualquer forma impossibilitados de votar, o que sobra que tipo de pessoas são? Que pensam elas sobre o mundo em que vivemos? Não estou com isto a colocar a responsabilidade em cima destes, alheados e eternos pragmáticos, porque culpa teremos todos porventura, no entanto não consigo deixar de os responsabilizar por tudo aquilo que lá vamos permitindo e perdoando aos nossos políticos e governantes.
Na Europa mais de 50% dos eleitores, não votaram, mais precisamente 56,99% das pessoas detentoras desse direito, abstiveram-se de emitir uma opinião sobre que tipo de políticas a União europeia deverá seguir. Para mim, tantas vezes acusado de demasiado jovem para poder perceber estas coisas sociológicas, uma eleição em que menos de metade das eleitores participam, não tem qualquer valor.
Estranho a posição dos nossos governantes e políticos europeus, que perante tal abstenção permanecem impávidos e serenos, no seu canto, a festejar cada um para seu lado, pequenas vitórias mal amanhadas em cima do joelho. Confesso que me causa um enorme mal estar que todos comecem por falar da enorme abstenção, mas que depois a diminuam e que a usem mesmo, para desculpar as suas verdadeiras derrotas.
Em Sines, de acordo com os resultados expostos aqui na estação de sines, mais uma vez a revelar-se uma verdadeira ferramenta de serviço público, a CDU e o PS lideram, seguidos de PSD e BE. 985, 983, 625, 616 votos, terá sido esta a sequência de resultados, sendo que o movimento SIM, angariará votos de BE, CDU e até mesmo do PS, sendo que me parece, ainda para mais tendo em conta a situação actual do País, estes resultados não serem muito animadores para o SIM.
No entanto a reflexão que se deve fazer destas pobres eleições, reside na problemática da abstenção e na forma como a podemos entender e resolver, de forma a podermos avançar, aproveitando a oportunidade, para uma Democracia verdadeira, que se exige cada vez mais participativa.

20 comentários:

Marius Herminius disse...

Bruno Leal

Com o devido respeito, você não entende mesmo.
Você não consegue aceitar que as pessoas têm liberdade para votar e também para não votar.
Você não consegue entender que os grandes coveiros da Democracia são os políticos e não os povos.
Você não consegue aceitar que as pessoas estão fartas deste sistema que não muda mesmo porque os partidos "ganhadores" são farinha do mesmo saco.
Você não compreende que o exemplo tem que vir do vem do alto e, por isso mesmo, terão que ser os políticos a cativar os eleitores e não o contrário.
Você esquece que estas eram eleições europeias e que da Europa não se falou nada, para além da hipótese de se criar (mais) um imposto europeu.
Você esquece que o Povo Português só é tido e achado na hora de legitimar a ida de uns quantos nababos para o Parlamento Europeu mas, no entanto, nunca lhe perguntaram se queria pertencer à Europa. Prometeram-lhe um referendo mas nem isso lhe deram…

Faço a minha declaração de voto:
Eu fui votar e festejei os resultados eleitorais.

Só lamento que as diferenças não tenham sido mais dilatadas.

Bruno Leal disse...

Caro Marius, eu entendo e não me esqueci de nada do que disse. Acredite realmente que não. O que eu não entendo e não consigo esquecer, é o facto de alguém defender os que não votam, apenas porque não.
Caro Marius, denoto irritação no seu tom, mesmo quando refere que o povo está farto do sistema que não muda, ao defender a abstenção. Julgo que seja isso que defende, ou protege, apesar de não o praticar.
Continua a acreditar, que os políticos são os únicos culpados e que o povo, nenhuma responsabilidade tem, na podridão social e cultural que atravessamos. Uma elite podre e um povo são, é a imagem que o Marius parece ter da nossa sociedade, o Marius esquece, que a podridão que temos, acontece em todas as camadas sociais e económicas, desde o mais alto ao mais baixo. Mas o Marius esquece também, que se votarem só as pessoas dos aparelhos dos partidos, ganha aquele que precisa de mais gente para fazer a mesma coisa. Esquece que quanto mais gente votar, mais representativa da sociedade essa eleição será.
Se eu porventura fosse um político corrompido, esta abstenção saber-me-ia melhor, mas assim incomoda-me.

Anónimo disse...

A corrupção e o poder instituido, estão demasiado ligados, como tem sido demonstrado ultimamente.
Não se vê os Políticos trabalharem com vista ao combate da corrupção "a nivel nacional e local".
A abstenção é a penalização mais fácil para os eleitores.

José Leal disse...

Confesso que pela primeira vez, estive na eminência de não ir votar, mas um impulso de última hora e uma vergonha interior não o permitiu. E assim desloquei-me por volta das 18:40 ao meu local de voto, e rapidamente, sem filas e numa escola quase deserta exercí o meu direito ao Voto. Após o ter feito senti um alívio e uma enorme alegria por poder ter uma voz activa nesta Sociedade Europeia cada vez mais alheada e amorfa. Embora concorde com o Sr.º Marius Herminius quando diz que deverão ser os Políticos a cativar os eleitores, sou também da opinião que nós os eleitores, quando os políticos não prestam, devemos fazer algo.
Não nos podemos esquecer que tal como temos direitos, temos também obrigações, e não podemos nunca exigir os nossos direitos antes de termos cumprido com as obrigações. Já à uns anos atrás, Kennedy disse algo com o qual concordo plenamente, e que é mais ou menos isto: antes de perguntarmos quais são os nossos direitos como cidadãos temos antes de perguntar o que que podemos fazer pelo nosso País. E na realidade nós Portugueses temos feito muito pouco pelo nosso Páis. E caro Marius Herminius, se ficarmos à espera dos nosso políticos, estamos bem tramados...

carlitos disse...

Muitos dos que vão votar Sim , desta vez votaram em branco ou ficaram em casa...

Anónimo disse...

Oh Marius Herminius você anda chatiado com alguma coisa , desabafe homem isso só lhe faz mal, mande cá para fora o que te chateia.
Só uma coisa , afinal você está de acordo com o quê e com quem?

Anónimo disse...

INFORMAÇÂO

Sr Bruno Leal é para informa-lo que o Movimento SIM não elegeu ninguém para o parlamento europeu, tendo perdido cerca de 10% da votação e pela primeira vez perdeu as eleições europeias.

Comparações entre estas eleições e as autarquicas, é como comparar o cú com a feira de Castro...

Bruno Leal disse...

o SIM jamais poderia concorrer às eleições europeias, até porque desconhece-se o que pensa o SIM sobre a Europa, que dita as leis da pesca, da agricultura, da indústria, etc, etc, etc. Para o SIM, já é demasiado complexo pensar Sines, quanto mais a Europa.

Anónimo disse...

Também não compreendo a abstenção, ou melhor, compreendo, mas não quero compreender e não aceito que seja assim. Não aceito que durante tantos anos, tantas pessoas tenham sido presas ou obrigadas a fugir para lutar pelo direito ao voto e agora que esse direito foi conquistado, as pessoas pensam que não ir votar é a melhor forma de penalizar. Mas penalizar quem? Penalizam a democracia que fica mais fraca e penalizam-se a si próprias, porque estão a prescindir de um direito que lhes assiste. Estão a deixar que os outros decidam por eles.
L.R.

Pi disse...

O acto de votar é cada vez mais visto como um dever.
Quando na realidade é um acto de direito.

É esta a diferença que mais noto entre pessoas com mais de 40 anos e com menos.

Eu vi velhos que mal conseguiram chegar às salas estarem lá e persistirem em votar, persistirem em exercer o seu direito. Vi bombeiros a transportar pessoas idosas em cadeiras de rodas, também.

E no entanto vi gente nova encostada a uma esplanada bebendo cervejas e dizendo "vou lá para quê, eles são todos iguais!" - quando esta deveria ser uma razão para irem e não um argumento para não irem, como fazem.

;)

Anónimo disse...

Porque tanta revolta com o Sim??? se a bem pouco tempo o candidato do Sim o MC era da CDU ,só porque saiu do partido já não presta .Tanta ignorancia !!!!

Anónimo disse...

O Socrates desculpa-se ao país com a crise internacional, em Sines é diferente foi o Movimento Sim.

Em relação ao que o Sr Bruno quer saber compareça nos debates PÚBLICOS E EM QUE TODOS PODEM PARTICIPAR organizados pelo Movimento SIM-SINES INTERSSA MAIS

ainda bem que o PS perdeu, e não sou comunista, pelo contrário sou destro

anonim0 disse...

o que é q o SIM tem a ver com a europa ou a abstençao? ridiculo no minimo.

Marius Herminius disse...

Bruno Leal

Eu justifiquei o porquê de compreender as pessoas que não votam.
Aliás, há-de reparar que eu justifico sempre as minhas afirmações, por muito que não concordem com elas.
Também já disse que, quanto a mim, a melhor forma de os eleitores manifestarem o seu protesto é votarem em branco e nestas eleições já atingiram os 4,63%!
Porque haveria de estar irritado? Estou muito satisfeito com os resultados eleitorais porque quem eu queria que perdesse perdeu mesmo e de forma categórica.
Mantenho que os políticos são os grandes culpados por este estado de coisas.
São eles que controlam a Educação, que é onde tudo começa.
São eles que escondem os assuntos às populações como se estas, coitadas, fossem estúpidas.
São eles que não tornam a política maçadora e quase esotérica, apenas ao alcance de meia dúzia de iluminados.
O Bruno quer que os eleitores aceitem de bom grado a promiscuidade entre a Política e as grandes empresas, com ministros que passam a administradores de empresas que antes tutelavam, como se fosse a coisa mais natural do mundo?
Quer exemplos, uma vez mais?
O Bruno acha normal que um programa como o programa “Prós e Contras” da RTP, que trata de assuntos muito importantes para todos nós, seja transmitido perto da meia-noite, sabendo que as pessoas vão trabalhar no dia seguinte? Isso é que o Serviço Público de Televisão?
Não preciso de lhe dizer quem é que manda na RTP, pois não?
O Bruno acha normal a novela em que se transformou a eleição do Provedor de Justiça, comparativamente com a rapidez na votação da Lei de Financiamento dos Partidos?
Precisa que lhe fale do trajecto de Ferreira do Amaral? Ou de Jorge Coelho? Ou de Armando Vara? Ou de Fernando Gomes? Ou de Celeste Cardona? Ou de Oliveira e Costa? Ou de Dias Loureiro, entre outros?
Todos estes Srs. subiram na vida graças à política e os eleitores sabem disso e não gostam e aquando das eleições fazem questão de o recordar.
Nem a Elite é podre nem o Povo é são. As coisas não são tão lineares assim.
Reconheço que há pessoas boas na Política mas também não esqueço as que foram afastadas porque não concordavam com os “chefes”. Refiro-me a João Cravinho, por exemplo, cujo projecto de luta contra a corrupção foi posto na gaveta por este governo PS.
Eu estou convicto que são os políticos que devem mudar para atrair os eleitores e isso não é nenhuma utopia. Basta que sejam competentes, honestos e que olhem para a Política não como um emprego de fácil enriquecimento mas, isso sim, como uma forma de servir o Povo que os elege e que lhes paga.
Repare no exemplo de Barack Obama. Este Homem trouxe a todo o Mundo uma onda de esperança, em todos os domínios e porquê?
Porque ele teve um discurso em que punha as pessoas em 1º lugar. Soube cativá-las. Rompeu com muitas práticas do passado e, pelo menos até agora, está a cumprir.
Eu acredito nele.
Por cá tivemos uns primeiros-ministros que ao fim de meia dúzia de dias já estavam a desmentir o que antes tinham prometido e o Bruno sabe que isso é verdade.

Marius Herminius disse...

Ao valente anónimo das 12:51, que nem resposta merecia, reporto-o para o que acima escrevi.
Se tivesse inteligência para entender o que aqui tenho escrito não faria essas perguntas tolas.
Mas enfim. A Democracia é assim mesmo, ao permitir que os anónimos e idiotas se manifestem também.


José Leal

Citou John Kennedy, que disse que os americanos deveriam perguntar 1º o que poderiam fazer pela América antes de perguntar o que a América poderia fazer por eles.
Isso é verdade. Mas acontece que, tal como Barack Obama, também ele foi uma pedrada no charco em termos políticos. Também ele conseguiu “levar” os americanos com ele, dado o seu carisma, discurso e prática diferente.

Bem sei que não será fácil resolver esta questão mas tenho muitas dúvidas que a solução seja a obrigatoriedade do voto. Se for obrigatório, as pessoas vão até às urnas e aí tanto poderão votar nas listas partidárias, votar em branco ou votar nulo.
E depois? Isto vai mudar o quê? Será por terem votado 90% dos eleitores que as coisas estão bem, ou irão melhorar?
Não irá acontecer que os políticos se sentirão legitimados para fazer o que muito bem lhes apetece?

Já o disse e repito: Vou aguardar que alguém me consiga explicar a solução milagrosa do voto obrigatório.

Bruno Leal disse...

O que é que o SIM tem a ver com a Europa e a abstenção? Meu caro,julgo que os eleitores são os mesmos ou não? Para mim é interessante reflectir sobre a forma como as pessoas votaram agora e como vão votar com esse novo elemento, o SIM. Se para si não é, não reflicta mas não critique os outros por o fazerem.

Anónimo disse...

A abstençao no meu entendimento demonstra a falta de credibilidade que o sistema democratico vive assim como o sentimento de impotencia que os cidadaos europeus demonstram.Por muito boa vontade que alguns ainda possuam, o facto de nao se identificarem com nenhum candidato (até porque nao se falaram dos programas de cada partido)torna o direito de votar num dever stressante e sem sentido. No entanto para mim que fui votar considero que nao votar é entregar o destino na mao de um "alguem" qualquer que no fundo nao nos interessa, é renegar a liberdade mais fundamental k só após 800 anos de historia ficou ao alcance dos portugueses e que muitos povos hoje em dia ainda sonham alcançar um dia. Existe a Utopia por parte de alguns que se se desse uma abstençao quase absoluta o sistema democratico teria de mudar, mas alem desse só vislumbro outro sistema...o Autoritário.... Só pa dizer tambem que quem nao vota porque nao quer nao tem nada que mandar bitaites porque nem na altura certa se manifestaram nao é depois que vao dizer:"ja sabia que ia ser assim" "ou ja tinha avisado"..Porque sao ovelhas preferiram tornar-se ovelhas sem vontade propria*

PDT disse...

Numerologia
Posted: 07 Jun 2009 04:57 PM PDT
1. A vitória do PSD foi espectacular. Até ganharam nos Açores, e só isso é prova bastante do fenómeno peculiar que está na origem da boa nova. A boa nova, entenda-se, é esta de se continuar com a Ferreira Leite em palco, continuando a lembrar-nos de quem são aquelas pessoas que representa, e agora acompanhada por uma figura que se imagina especial de corrida e que não passa de um anafado bluff. Aliás, também a JSD está cheia de barrigudos, aquilo é malta que não anda a pé nem para atravessar a rua.
2. O BE não é um partido, é uma marca. A marca do contrapoder, do protesto chic, corporativo, emocional, ignorante, porque sim. Que quer o Bloco? Acabar com a civilização Ocidental, ou coisa parecida. Isto é, não querem nada de especial, apenas um pedaço do mercado.
3. Jerónimo discursou como um patriarca bíblico anunciando aos fiéis que eles continuam a ser o povo eleito. Provas? Dois deputados a caminho das estrelas.
4. Paulo Portas disse que ia apresentar uma moção de censura. Portas ainda não entrou no século XXI.
5. A abstenção subiu e o número de votantes também. Os números enganam. E que o digam as empresas de sondagens, invariavelmente acusadas de distorção intencional por quem não fica bem no retrato, mas cujo negócio depende do acerto das previsões. Aliás, aparecer mal cotado numa sondagem pode ser bom, e vice-versa. A vontade da turbamulta ainda consegue ser mais complexa do que os modelos matemáticos que a pretendem antecipar.
6. Marinho Pinto obteve 6,6% dos votos. Elegeu um deputado sozinho, sem máquina partidária, mas não vai para Bruxelas.
7. Vital revelou nesta campanha, e na hora de assumir a derrota, uma constante frontalidade e sinceridade. O resultado não o penaliza, porque é óbvio que ele deu o seu melhor. Foi um exemplo de generosidade.
8. Caso o PS tivesse ganhado as eleições, a oposição diria que o Governo tinha manipulado a consciência dos portugueses com mentiras, propaganda e ataques caluniosos ao PSD e Presidente da República por causa do BPN. Como o PS perdeu, os portugueses são maravilhosos e deram uma lição de democracia. Safaram-se de boa, os portugueses.
9. Pacheco tem denunciado com furor e genialidade a maquiavélica operação do Governo para obter vitória atrás de vitória nas eleições: o controlo do Jornal da Tarde da RTP. Ele tem números, ao segundo, que revelam a dimensão da perfídia. E sabe bem da importância estratégica deste alvo mediático: garantir o voto dos velhinhos. Pois bem, Pacheco, talvez possas, a partir de agora, descansar um bocadinho, largar o cronómetro e almoçar com mais calma.
10. Algures entre as 8 e as 9 da noite, Ana Drago desabafou, com um erotismo amazónico, que o que mais desejava era ver o discurso de Sócrates. Rangel, Manela, Louçã e Portas, todos disseram que esta tinha sido uma enorme derrota de Sócrates. Milhares de professores devem ter tido pré-orgasmos com a tremenda derrota do Engenheiro. Sócrates sempre no centro, sempre acima, sempre secretamente admirado pelos adversários. E quando falou, fez o melhor discurso da noite. Porque se limitou a dizer o óbvio: se não me querem, dentro de poucos meses vão deixar de me aturar. É só isto, é uma conta tão fácil de fazer.

ANCIÃO disse...

Pois bem Bruno,
Pergunta-me : " Que outra forma vê o senhor de alterar o rumo, digamos, das coisas ou da coisa por assim dizer?"
Suponho que se está a referir ao grande desinteresse que as pessoas demonstram pelas eleições, o que leva a elevadíssimas percentagens da abstenção, sugerindo, pareceu-me, que uma solução seria a obrigatoriedade do voto.
Claro que sendo obrigatório, baixaria a taxa de abstenção, mas essa obrigatoriedade, não será uma medida anti-democrática? O voto é um direito, nunca um dever. Estamos numa democracia consignada na Constituição sufragada por Deputados escolhidos, livremente por nós - POVO - e onde ela se estabeleça, tem de existir o respeito a um princípio básico, que lhe serve de fundamento e sustentação, e sem o qual não há democracia - a liberdade.
Onde o voto é obrigatório o que acontece a quem deixe de votar? Nessa situação, as penalidades são muitas e, em alguns casos graves. Por princípio democrático - e os princípios sempre haverão de estar acima do que convém às pessoas - ,votar tem de ser um acto facultativo; ou seja, não obrigatório - vota quem quer, porque reconhecido esse direito, sem que a todos se mande votar, sob pena de punição. Essa ideia contrapõe-se, de forma clara, à própria essência da democracia .
Porquê tanta abstenção ? Não será porque as pessoas são relegadas para segundo plano, ou nem sequer são ouvidas na resolução dos seus próprios problemas ? O Bruno já reparou, concerteza, que apenas somos actores enquanto votamos, passando depois a meros espectadores, só com direito a "pateada" que a maioria das vezes nem chega à boca de cena.
Qual a solução ? - Fazer o cidadão participar, ouvindo o seu parecer, em tudo o que lhe diga respeito. Tornando-o parte activa durante todo o espectáculo e não só quando está na fila para comprar o ingresso.
Sou um devoto da DEMOCRACIA PARTICIPATIVA, que, não sei se o Bruno sabe, já se pratica em algumas Autarquias do nosso País, na discussão e aprovação dos orçamentos - ORÇAMENTOS PARTICIPATIVOS ou PARTICIPADOS -., duma forma insipiente numas, mais interventiva noutros. E olhe que nestes Concelhos as taxas de abstenção parece que têm baixado.
Se estiver interessado, permita-me que lhe aconselhe a leitura de alguns trabalhos sobre o assunto, da autoria do sociólogo Boaventura Sousa Santos.
Amigo Bruno estou sempre disposto a debater consigo este assunto.
(Este comentário não foi publicado há dias atrás e era resposta a um outro comentário seu sobre o mesmo assunto de agora - a abstenção - .)

Bruno Leal disse...

Caro Marius, tudo isso que o senhor descreveu e que se passa de facto no nosso País, só é possível continuar a acontecer devido à alienação das pessoas, caso contrário, por muito maus que os políticos quisessem ser, só o seriam uma vez.

Quanto ao Obama, também eu deposito esperança nele, no entanto mantenho um pé atrás, porque desconfio sempre quando alguém aparece num meio sujo como a política, como se de um anjo se tratasse, principalmente quando essa era a única imagem que poderia impedir os EUA de continuar a manchar a sua imagem perante a comunidade internacional, como o vinham fazendo. Posto isto, Obama é de facto bastante conveniente para os EUA.

Caro Ancião, finalmente a sua resposta, discordo de si no entanto, pois para mim o voto é tanto um dever como um direito. Discordo de si também quando diz que a obrigatoriedade do voto, ou as penalizações para quem não vote, ou o fim de benefícios que eu defendo para quem não participe na Democracia, sejam por si só castradores da liberdade que nos foi oferecida. Acho até muito estranho que se possa ter a ideia de que por sermos obrigados ou penalizados por não votar, pode por em causa a liberdade individual,sinceramente não compreendo essa perspectiva.
O senhor refere e bem, que devemos estimular a participação da Democracia, confiando essa tarefa presumo, aos políticos, nos quais eu já perdi todas as esperanças. Haja quem as mantenha intactas ainda, também queria ser assim.
Bem sei que se pratica nalguns locais deste nosso ainda salazarista Portugal, mas entendo que apesar de bem intencionadas, essas iniciativas não terão o alcance devido se forem tomadas individualmente, ou de baixo para cima. Sinceramente não acredito, mas acredite que é daquelas coisas sobre as quais adoraria estar enganado. A leitura de alguns escritos do Sr. Boa Ventura, ficou registada e agradeço-lhe o conselho.
Apesar de todas as argumentações em contrário, eu continuo sem acreditar que o Povo queira participar e informar-se sobre a política, que lhes molda a vida e lhes condiciona as hipóteses de escolha, desde a educação cristã a que somos submetidos desde crianças até aos impostos que temos de pagar, mesmo os ilegais, como também não acredito que os políticos sintam necessidade de mudar o que quer que seja, sendo este um ciclo vicioso que apodrece e corrói a Democracia que eu imagino. Formas de quebrar este ciclo? Não sei se o voto obrigatório contribuiria de alguma forma nesse sentido, no entanto acredito que pior não seria.