CDU preocupada com contaminação das águas de Sines

Francisco do Ó Pacheco, candidato a Sines pela CDU, confessa que “não está descansado” com a contaminação do aquífero de Monte Feio, que abastece grande parte da população do município sineense. Apesar de Fernanda Santos, delegada de saúde, ter garantido, através do comunicado remetido pela câmara municipal, que “a água de consumo humano cumpre todos os requisitos legais em vigor, assim como as directrizes da Organização Mundial de Saúde e da outra legislação internacional”, o comunista lembra que o produto contaminador ainda não foi removido e, por isso, “os níveis podem aumentar”. “A contaminação, apesar de estar nos níveis abaixo, não deviam sequer existir”, conclui.

No mesmo comunicado, o edil sineense, Manuel Coelho, acusa Francisco do Ó Pacheco de tentar “lançar o pânico entre as pessoas” e de querer “desacreditar a câmara, no que é a sua responsabilidade no abastecimento de água, e a delegada de saúde, que toma decisões sobre a qualidade da água”. Fernanda Santos sublinha que “a saúde pública é independente e transversal a todos os partidos e candidaturas eleitorais”, considerando “uma irresponsabilidade lançar o alarme injustificado na população”. Por sua vez, Francisco do Ó Pacheco considera que está a ser “pragmático”, recusando as acusações de “alarmismo”, porque “ao povo e à população compete saber tudo o que se passa”.

Francisco do Ó Pacheco considera esta situação “lamentável” e realça que “esconder coisas da população não é argumento”, lembrado que não houve informação pública nos cinco meses após a contaminação ter sido divulgada. Fernanda Santos refere que “a população pode beber a água de Sines, que é garantidamente de qualidade e cumpre os requisitos legais em vigor”, mas realça que “nunca foi escondido que há um problema”. Além disso, a câmara de Sines salienta que nenhum elemento revelado por Francisco do Ó Pacheco nas suas declarações acrescenta dados ao que já foi divulgado pela autarquia ao público e à assembleia municipal.

O comunista quer ainda que a contaminação seja “esclarecida”, uma vez que “não se sabe qual a proveniência” dos resíduos contaminadores, criticando o facto de, “em cinco meses, as entidades terem-se limitado a empurrar o assunto umas para as outras”. Assim, pretende que as instituições com competência no caso “acabem com a desresponsabilidade”, uma vez que “todos têm que ser envolvidos para remover, urgentemente, o foco contaminado”. Além disso, revela que foi convocada uma assembleia municipal extraordinária, onde foram “convidadas as várias entidades responsáveis na matéria para tentar construir uma base de intervenção urgente”.

Em Novembro de 2008, a Câmara Municipal de Sines foi informada pela Aicep Global Parques da existência de solos contaminados nas proximidades dos quatro furos que abastecem a cidade, com a descoberta de resíduos de hidrocarbonetos nos solos próximos à Repsol, na zona industrial. A Autoridade de Saúde de Sines suspendeu então a captação de água, que passou a ser adquirida à empresa Águas de Santo André, em percentagens perto dos cem por cento, num período inicial, e dos 60 por cento, quando se verificou que alguns furos podiam ser reabertos. No dia 23 de Maio foram reabertos os restantes furos, depois de recentes análises terem mostrado resultados “dez e cem vezes abaixo do que a lei determina” e da informação da Águas de Santo André a referir que “havia igualmente vestígios de naftaleno e de hidrocarbonetos nas suas captações”, apesar de também essa água cumprir as normas legais em vigor.

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