sábado, 21 de março de 2009

Esta cruz que carregamos

Na sua cabeça, quem não estava de acordo com ele, estava contra ele.
A memória começava já a falhar, não lhe permitindo distinguir amigos de inimigos, excepto os de estimação. Fazia-se por isso acompanhar quase sempre de alguém de confiança, quer a nível pessoal, quer a nível profissional. Ao ouvido sussurravam-lhe histórias e ligações pessoais e familiares, que o faziam roer as pontas do bigode de que tanto gostava.
Incapaz de se controlar, por se achar sempre do lado da razão, que afinal de contas desconhecia, ameaçava todo aquele que ousasse por em causa a sua palavra, disparando proibições à laia de uma criança que por ser dona da bola, em caso de derrota, não deixava mais ninguém jogar, pontapeando-a com raiva contra a parede .
Encarava o povo, para o qual supostamente trabalhava, como gente menor, que necessita ser guiada e que o deveria reverenciar por aquilo que por eles fazia, todos os que não seguiam este comportamento padrão, não eram mais do que ingratos que se pudesse julgaria por traição e condenaria a silêncio eterno.
Nunca questionava se aqueles que o seguiram, quando se afastou de quem sempre até então, lhe havia dado de comer, o faziam por o admirarem, ou por puro oportunismo, nem mesmo quando lhe sugeriam coisas, com as quais ele não concordava e que apenas aceitava por sentir que esse ódio lhe poderia toldar o raciocinio.
O amigo a quem ele houvera sucedido, era agora o seu maior inimigo, alguém que o desestabilizava de forma tresloucada e, sabendo isto os seus seguidores faziam questão de o acompanhar em toda e qualquer reunião ou compromisso oficial, dada a sua mais que óbvia incapacidade de auto-controlo, acalmando-o sempre que explodia, tal e qual uma mãe que dá a xuxa ao filho, para que este não incomode as pessoas no café.
No entanto, era incapaz de se aperceber dos cuidados que inspirava, tal era o seu ódio e desejo de vingança em relação àqueles que o traíram, em relação àqueles que lhe diziam estar errado, em relação àqueles que perguntavam, porquê assim? Porque não assim?
Os seus seguidores, na solidão do seus pensamentos, perguntavam a si próprios, como seria possível trabalhar e cuidar simultaneamente de uma criança assim, birrenta e quezilenta e nas suas costas comentavam este fardo que tinham de carregar, dando-lhes apenas ânimo, o facto de o sentirem já cansado e de mais cedo ou mais tarde, as luzes da ribalta poderem vir a incidir sobre si próprios e, só por isso valia a pena aturar alguém assim.

16 comentários:

Anónimo disse...

Uma só palavra: BRILHANTE!

Anónimo disse...

neste post posso ver a fotografia de MANUEL COELHO, tal equal como é.
a minha solidariede para quem com ele tem que trabalhar e conviver diariamente.

Anónimo disse...

muito bom, bruno. parabéns pela qualidade da escrita e conteúdo.

Anónimo disse...

Que grande cruz!Qualquer politico se enquadra neste retrato!Manuel Coelho?Porquê?O que sobra para aí é pessoal destev estilo...Malta,há por aí muitos coelhos escondidos ,e vocês sabem isso perfeitamente!

twitter disse...

sr. bruno leal,

eu que pensava manter-me incógnito, enquanto todo o país vê o futebol, descobro que você conhece o meu mano de 3 anos.

Anónimo disse...

Èsta é mais pura e dura realidade com que nos confrontamos no dia a dia. Ninguém imagina o terror psicológico e coação que se vive na autarquia.

Anónimo disse...

Em resposta ao Tufão, concordo plenamente com o que diz, pois é uma hist´ria em que se enquadra qualquer um, basta ter poder, pois até as mães eles deixam de conhecer. Transformam-se em cães sem dono. Este quadro não se ve só nas Autarquias, mas em qualquer entidade, portanto quem vê o Sr. Presidente nesta caracterização só pode estar ceguinho. Pelos textos que aqui vejo da autoria do rapaz Bruno, até nele proprio encaixa o seu texto.
Passem bem

Anónimo disse...

Aqui vejo o coelho,o albino,o xico
e muitos outros...realmente quem está diariamente com estas personagens merece todo o nosso respeito..não deve ser fácil!
Trabalhar e conviver com estes dinossauros dá direito a uma medalha de paciência para não dizer outra coisa---

Anónimo disse...

Trabalho na Autarquia e não sinto qualquer medo, e tão simplesmente porque não existe. Só existe nas cabeças que têm a capacidade para espalhar o boato.
Parecem cães atrás do tacho e tudo vale, até inventar histórias de medo.
Meus Senhores os papões eram personagens que "existiam" no nosso imaginário de crianças.Sabe-se lá quem inventou esta história ainda não teve tempo para ser criança e agora anda a brincar aos papões.
Quanto ao Presidente Coelho não vale apena inventar histórias macabras pois toda a gente o conhece e na hora de colocar lá a cruz não vão em votar nas Galinhas!!!!

Anónimo disse...

Terror psicológico e coação?
Não dou por nada!Trabalho na Câmara há muitos anos e nunca notei nem noto qualquer tipo de terror!Não sou comunista nem socialista,limito-me a ser eu...
E não é agora por este arrufo entre os politicos desta casa que se vai dar aso a tanto drama...os funcionários continuam a fazer o seu trabalho diário,á para isso que são pagos e a vida continua...
claro que se nota uma certa divisão ...uns pelo Drº Coelho--outros pelo Xico--uma meia dúzia pelo albino,mas não passa disso...é como se fosse um jogo benfica.sporting,não é nada de trágico como escreveram neste blog--quem trabalha na Câmara não deve ir atrás de certos desvarios--está ali para trabalhar para a população e nada mais,deixem as politiquices de lado!

Anónimo disse...

A CRUZ QUE CARREGAMOS FOI O LUCILIO BATISTA TER VISTO O PENALTY DESCARADO E TER A CORAGEM PARA O ASSINALAR.

SÓ CUSTA AO PRINCIPIO DEPOIS PASSA EXISTE AS PASTILHAS RENNIE, MAS NÃO AS ESGOTEM POIS COM A DERROTA DA CDU, PS E PSD NAS AUTARQUICAS AINDA VAI FAZER FALTA UM RESTINHO.

PASSEM BEM

Anónimo disse...

Como estamos em época de páscoa isto de cruzes vem mesmo a propósito, é o cálvario, e só agora comecou. Sabem o que se passou na ultima AM?, viram a entrevista do ex. v/ presidente ao Jornal de Sines?. Calma, o cálvario e demorado e difiçil e este vai ser também animado.
Como dizia o P. Bento com tranquilidade... .
Bruno, o texto tá demais continua.
Manuel Lança

Anónimo disse...

Vejo neste texto todas as caracteristicas de um ditador, africano ou estalinista, tanto faz.

bem esgalhado

Anónimo disse...

Se não tiverem cuidado esta cruz vai ser o principio de uma procissão delas!Nem todas as cruzes pesam...existem as de cartolina...Será que se referem a estas?Metam nas vossas cabecinhas que se as não quiserem carregar não carregam,está na vossa mão!Menciona-se muito aqui o nome do Drº Coelho...então e os outros perderam-se pelo caminho?Eu penso que estamos a empolar demais as coisas...a vêr coisas a mais,a colocar maldade onde ela não está!Os portugueses cada vez mais estão desenvolvendo uma certa tendência para os casos de terror---haja paciência..e Outubro ainda está tão longe....

Anónimo disse...

A Cruz que aqui é mencionada já tem alguém lá pregado? A pessoa em causa é para o gordinho ou para o magro e altinho?Vamos ter mesmo que carregar com ela ou podemos ignorar e colocar no passeio?Não acham que isto está a ficar um pouco deprimente? Onde está o nosso jovem Canhoto para colocar aqui umas fotografias para animarem este espaço? Até qualquer dia...

Bruno Leal disse...

Minha Cara ou caro ilha, ainda bem que é apenas uma ilha e não um qualquer pedaço de continente, assim está isolada e não chateia ninguém.
Quanto à animação, animado tem estado isto, eu pelo menos dou por mim a rir ao ler posts e comentários neste blog. Acredito porém, que alguém que acha que Sines está no caminho certo e que simpatiza com o estado de coisas, não ache muita piada ao que por aqui se escreve, mas isso é apenas reflexo do despertar de algo em si. Não se preocupem