sábado, 6 de dezembro de 2008

Mais do mesmo

Em entrevista publicada no Notícias de Sines, o Director Geral da Artenius Sines, afirma que não há quotas estabelecidas para trabalhadores residentes na zona. Não podia estar mais de acordo, colocar a possibilidade da existência de quotas de emprego e trabalho para os residentes na região ou garantir empreitadas para as suas empresas, em novos investimento, seria não só discricionário, como contraria uma polítíca baseada no mérito. Aos Sinienses, e às suas empresas, devem ser criadas as condições necessárias para ser competitivos no mercado de trabalho, por mérito próprio e não de mão estendida.

Do resto da entrevista praticamente, só posso discordar. Não acho bom que tenha havido 200 inscritos na Feira do Emprego, pois apesar de ter muito por onde escolher, é preocupante estar tanta gente, principalmente qualificada, a procurar emprego.

"Dos apoios que atribuímos fazemos o seguimento e vemos qual é o resultado e o retorno para a comunidade". Nada mais errado, deverão antes definir o tipo de apoios que pretendem privilegiar, divulgá-los e eleger qual ou quais as instituições que os merecem, doutro modo, limitar-se-ão a entregá-los à autarquia que atribuirá de acordo com os seus critérios.

Sobre o contributo da Artenius para a poluição na região, afirma o entrevistado que "poluentes somos nós todos". Uns mais do que outros, acrescento eu. Depois o costume, utilizam a mais avançada tecnologia, estão abaixo ou dentro dos níveis máximos exigidos, etc, etc, etc.

Estamos, então, perante um investimento que ronda os 400 milhões de euros, conta com subsídios directos e benefícios fiscais num montante de 99 milhões de euros, implicará um tráfego rodoviário de 160 camiões dia, entre a fábrica e o terminal XXI, prevê-se a criação de 150 postos ( que mantendo a percentagem actual, 15 serão da região) e uma fábrica que usa a mais avançada tecnologia e é poluente, apenas, dentro dos limites legais.

Em suma, temos mais do mesmo, com os políticos locais a aplaudirem de pé. Seja pelos PIN's, pelos apoios financeiros, pela simples ignorância, pelo postos de trabalho que não existirão, pelo desenvolvimento da Região (que continua por provar se deve insistir no ciclo do petróleo), seja lá pelo que for, eles estarão lá desde o lançamento da primeira pedra até ao arranque da laboração, de croquete na mão, sem questionar, esperando pelas migalhas.

4 comentários:

Anónimo disse...

Ah, este blog voltou ao que nos habituou.

Anónimo disse...

mais poluição, mais trânsito, 15 postos de trabalho nas limpezas ou afins, mais directores a morar em santo andré, ou santiago, mais cheiro pestilento no ar, mais treta, e o mexilhão que se lixe.

Anónimo disse...

a propósito, a etar aguenta com mais esta, e os beneficios fiscaisa saem do nosso bolso?

Anónimo disse...

Diz quem sabe:
A Artenius Sines vai produzir acido ftalico para alimentar as fábricas de pet do grupo La Seda de Barcelona, incluindo a sua planta de Portalegre que consumirá cerca de 30 mil tons anuais. Se continuar viva…
Inicialmente a localização seria no sul de Espanha integrada no grupo Cepsa Quimica; mas dada a insolvência financeira deste grupo catalão houve que buscar alternativas financeiras para este projecto.
Ora um dos principais accionistas da La Seda é a CGD que entrou para o grupo no tempo das vacas gordas, isto é, quando o Deutsche Bank tinha apostado forte na produção de pet em Espanha. Com a retirada do banco alemão em finais de 2007, a Caixa viu as suas acções caírem para metade: 0,40 euro. Mas como tinha o compromisso de construir a «fábrica de plásticos» em Sines não houve outra alternativa que não fosse entrar com os 320 milhões de euros necessários à sua construção.
A Artenius Sines utilizará como matéria-prima os chamados xilenos – produtos petroquímicos provenientes do tratamento dos grupos cíclicos do crude. Ora, nenhuma das petroquímicas portuguesas ou espanholas fabricam xilenos em quantidades suficientes para alimentar Sines. Por outro lado a distância de Sines a Barcelona é de 1500km quer se viaje de camião quer se utilize o contentor marítimo. Qualquer analfabeto calcula facilmente a rentabilidade desta unidade de produção de 700 mil tons de ácido ftálico.
E quanto aos famosos 150 postos de trabalho a criar na cidade de Santo André? A resposta está à vista: preparando-se para desactivar a sua fabrica de Portalegre a Administração espanhola já reencaminho para Sines os quadros superiores e intermédios que de outro modo cairiam no desemprego.
Que em Portugal se continue a gozar com o pagode, já não é coisa que surpreenda alguém. Mas… como é que a Europa permite um tal esbanjar de recursos é que para nós constitui uma desagradável surpresa.