quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Desenvolvimento e Poluição

Nada tenho por norma responder a comentários com um post, mas com outro comentário. Por duas razões, primeiro o post poderá ficar desenquadrado do assunto em discussão, segundo estou claramente em vantagem de meios. Mas neste caso concreto, é importante esclarecer definitivamente uma questão, que se arrasta e que demonstra a ligeireza com que se trata a questão da poluição em Sines.

Para alguns, parece que existem duas posições distintas, como se o mundo fosse a preto e branco:

- dum lado, aqueles que supostamente são contra o desenvolvimento, não querem investimentos em Sines, nem mais postos de trabalho;
- do outro, os visionários, os progressistas, que apostam no crescimento e desenvolvimento da Cidade.

A minha posição foi e continua a ser a mesma e baseia-se em dois princípios muitos claros.

Direito à informação.
Temos direito a possuir toda a informação, para podermos decidir. Somente sabendo o nível de poluição e os riscos inerentes à sua exposição, podemos decidir se estamos dispostos a usufruir de um determinado nível económico. Tendo como contrapartida, maior exposição a alergénos e susceptibilidade a doenças respiratórias, é uma coisa. Se para poder usufruir do nível económico que os investimentos de Sines possibilitam, tenho que estar exposto a elementos cancerígenos, com elevada probabilidade de ocorrência, pois seguramente irei embora para um sitio melhor.
Resumindo, o que ganhamos vale bem umas gripes, alergias, sinusites, rinites, mas nada paga um cancro. Depois toda esta questão do GISA e quejandos, é uma treta bem intencionada, pois à quantos anos que deveria e podia existir uma monotorização eficaz e credível? Investimento? Quando a Galp se dispõe a financiar o Complexo Desportivo com 6 milhões, o que é necessário para financiar, se necessário, integralmente, o GISA? Só vontade, nada mais.

Desenvolvimento Sustentável
Acredito que mais desenvolvimento industrial não rima necessariamente com mais poluição. Conheço as promessas não cumpridas, a forma impune co­mo se tem poluido, a impotência da autarquia e dos políticos locais para solucionar estes problemas, daí que o meu optimismo não resulte da ingenuidade, mas da existência de unidades industriais noutros países, que cumpridoras das regras ambien­tais, não sendo inócuas, são compatíveis com uma elevada qualidade de vida e respeito pe­lo meio ambiente.

8 comentários:

Anónimo disse...

Completamente de acordo, amigo Braz.
De resto este é um tema que normalmente provoca discussões apaixonadas e calorosas. Evidentemente que não se pode querer desenvolvimento a qualquer preço. Sou contra os cheques em branco, em qualquer circunstância. Antes de tudo, há que ver se essas industrias se enquadram no projecto de desenvolvimento de Sines e no que se pretende para a qualidade de vida das populações onde, no nosso caso, o factor ambiental deve estar no topo das preocupações. Mas reconheço que certos projectos prometem mundos e fundos, nomeadamente na desfesa do ar que respiramos, e depois de estarem em funcionamento nada ou pouco do que foi prometido é cumprido. A factura sobra sempre para quem cá está uma vida inteira e para os nossos descendentes.

Anónimo disse...

o mais caricato são as empresas que cumprem todos os requisitos, exemplos de preocupaçãp ambiental, e de repente, anunciam um investimento para reduzir a poluição, com resultados magnificos. mas afinal, cumpriam ou não os requisitos? Tão se todos a cagar para a populaçã, o que está em causa é dinheiro, e muitos, são milhões, Sines é nada. 12.000 pessoas no plano estratégico da EDP, Galp ou repsol é MERDA. Tu ou os teus filhos morrem de cancro achas que é importante para o desenvolvimento económico. Tu e os teus viverem menos 5, 10, 15 anos, achas que é importante para o PIB?
Deixemo-nos de tretas, estamos entregues a nós próprios.
è evidente que os 6 milhões calam a camara municipal de sines, mas qual é a alternativa? mamar a poluição e não receber os 6 milhões.
So tenho pena da hipocrisia dos politicos, não valem nada.
Aconselho a quem pode que baze de sines, e curiosamente, pior que sines só santiago, cercal e porto covo, e este não recebem nada porquê?

Anónimo disse...

este último comentário é de uma leveza atróz!
Tenho pena que alguns dos comentários que aqui aparecem do comum dos cidadãos sejam também tipo "maria vai com as outras"
Falar de poluição versus desenvolvimento é terreno de demagogia barata. Aqui, a liberdade conquistada no 25 de abril, permite-nos até dizer asneiras.
Eu tb não gosto da poluição mas ser fundamentalista ao ponto de pôr em causa a sobrevivência sustentada, parece-me obscurantismo.
As empresas poluidoras devias frequentemente promover as acções de informação e sensibilização ambiental. Talvez a ignorancia diminuisse, digo eu!

Anónimo disse...

Também não posso estar mais de acordo, faço meus os teus argumentos.

Toda a gente em sines sabe qual é a empresa mais poluidora e a CMS tb sabe, mas como é uma empresa de mãos rotas , está tudo bem.
Mas eles vão melhorar são obrigados a isso por força da legislação nacional e internacional

Anónimo disse...

A petrogal e as outras empresas deviam era contribuir para o IPO, onde se encontra um n.º anormal de pessoas desta zona. Uma realidade que qualquer profissional daquela unidade comprova. Expliquem a essa pessoa o que é o GIDSA e o desenvolvimento, e os postos de trabalho e o PIB, pode ser que esteja interessado. O materialismo ganhou tal dimensão que alguns vendem o corpo e a alma. Até a CDU. Haja dinheiro.

Anónimo disse...

Já vimos que há gente capaz de vender a alma ao Diabo. O que importa é o emprego seguro e estável e uns bons apoios financeiros para melhoramentos e os respectivos votos que isso sempre consegue. Se a empresa polui, se há mais ou menos substâncias cancerigenas no oxigénio que respiramos, se os casos de neoplasias no concelho de Sines têm alguma relação de causa e efeito com a laboração de certas empresas, nada disso parece ser importante nem para o município de Sines, nem para as forças vivas locais. Venha o cantante, e o resto que se lixe. Com mentalidades assim, o melhor a fazer é fugir de Sines quanto antes porque o futuro não adivinha nada de novo no que respeita à defesa da qualidade do ar.

Anónimo disse...

Este amigo Braz é um lírico!!!
Canta que até encanta!
E como modelo de coerência? É um exemplo!
Dêem-se ao trabalho de reler todos os post sobre a poluição no complexo para tirarem as vossas conclusões.
A minha é que ele tem dois pesos e duas medidas na análise do mesmo problema.
Se for a Galp a poluir, ele acredita que mais tarde ou mais cedo vão copiar o que se faz nos outros países e a coisa vai melhorar.
Desde que lhe forneçam informação para poder decidir, até se dá ao luxo de poder ter umas renites, sinusites, etc...
Noutros casos aqui aflorados qual foi a posição?
Radical! Se polui fecha e vai embora!
Em que informação se baseou para tomar esta posição?
Será que essas empresas não estavam a copiar o que de melhor os outros fazem para minorar a poluição? Será que os produtos libertados são assim tão perigosos? Será que ele pediu informação e ela não lhe foi fornecida?
Qual será a diferença entre uns e os outros para o nosso amigo Braz?
Se fosse o “ camarada” Coelho a ter esta posição, todos nós entendíamos. Agora o amigo Braz!
Porquê esta posição submissa em relação as questões que se relacionem com a GALP?
Será que ele irá ser o próximo “candidato da Galp”?

Estação de Sines disse...

Não sei donde retirou estas arrepiantes conclusões.
Todo o post refere-se à poluição existente no Concelho de Sines, e quando falo da falta de informação refiro-me a todas, mas todas as empresas do Complexo que sejam potenciais ou efectivas fontes geradoras de poluição.
Quando refiro a possibilidade de existência de desenvolvimento industrial, paredes-meias com qualidade de vida, digo-o que tal é possível com as indústrias do Complexo – pois sem a referida informação não podemos ajuizar o contrário.
A única distinção possível entre as empresas, é baseada nos rankings de emissões publicados anualmente, com uns anos de atraso. Daí que os meus comentários sejam no sentido amplo da poluição em Sines e não da poluição de determinada empresa.
Em relação, nomeadamente, ao resto da Europa, deixo-lhe um exemplo, zona de Barcelona (Tarragona).