sexta-feira, 28 de março de 2008

Paulo Bento

Gosto do Paulo Bento. Definitivamente.
Gostei da sua forma de estar no futebol enquanto jogador.
Gostei da forma, lavado em lágrimas, como se despediu do futebol.
Gostei da forma, coberto de glória, como regressou ao futebol, sendo campeão nacional com a equipa júnior do Sporting.
Ontem ao longo da entrevista, de hora e meia, na RTPN voltei a gostar do Paulo Bento. Sincero, frontal, lúcido, honesto e realista,
Definitivamente comprava-lhe um carro, vendia-me uma casa, ou casava a filha que não tenho, com alguém assim.
Falou-se muito do Sporting e menos de Paulo Bento.
E falar de Sporting, hoje, é basicamente: formação, insucesso e futuro, não necessariamente por esta ordem. Três dentes, com uma haste comum – dificuldades financeiras.
Dificuldades financeiras que obrigam a actual direcção do Sporting a hipotecar o sucesso desportivo e consequentemente a angariação de receitas que por sua vez influenciam o sucesso desportivo. Até suceder o mesmo que ao burro do cigano, que quando estava habituado a não comer é que morreu.

A existência de uma dívida que apesar de amortizados cerca de 100 milhões de euros, continua acima dos 200 milhões, têm que ter rostos e estes têm que ser julgados, senão nos tribunais pelo menos na praça pública.

Mas deixemos o Sporting e voltemos ao Paulo Bento que confidenciou “Pediram-me para fazer mais com menos” e aceitou, sem queixumes. Quem esperasse o vulgar “não me peçam mais”, enganou-se porque Paulo Bento não é vulgar, da mesma forma que não o era enquanto jogador.
Falou-se de modelos de jogo alternativos, jogadores polivalente ou especialista, a equipa refém de Liedson ou não, sistema de jogo com dois pontas de lança ou com apenas um apoiados com dois extremos, etc; a tudo respondeu o treinador com conhecimento, disfarçando bem o essencial, a falta de uma equipa equilibrada que permita várias soluções.
Um senão, a queixa da falta de maturidade da equipa que levou a perder alguns pontos é a mesma juventude que revelou irreverência e deu pontos.

Uma nota final, curiosa a similitude entre a forma de falar de Paulo Bento e a forma de jogar do Sporting. Em ambos detectamos que não se pode ir mais além por factores alheios. intomático o comentário de Paulo Bento: “Preparar o plantel com o Miguel (Veloso) é uma coisa, sem o Miguel é outra...repare se tivermos o Miguel prepararmos o plantel duma forma senão temos que pensar doutra forma...isto é a polivalência do Miguel permite pensar um plantel se não tivermos o Miguel temos que pensar doutra forma...”, a indecisão, a insistência no mesmo de forma diferente, a falta de objectividade, a elevada dependência de factores exógenos do discurso em tudo lembra a forma de jogar do Sporting.
Paulo Bento diz que não se vê necessariamente a treinar um “Grande”, nem a Selecção Nacional ou no Estrangeiro, que o seu futuro poderá passar por um clube de dimensão inferior. Temo que esse clube seja o Sporting daqui a uns anos.

Sem comentários: