Estranha forma de vida
1. Um Caso de dupla personalidade
A dupla personalidade está clinicamente bem documentada e chegou ao grande púbico muito devido ao contributo de Hollywood, com o lendário Dr. Jelkyll e Mr. Hyde e toda uma infindável lista de serial killers que espalham o terror de noite e levam os filhos à escola pela manhã. Não confundir este distúrbio de personalidade com os vira-casaca ou troca-tintas, figura existente em todos os estratos e vivências sociais, movidos por um irresistível impulso social ascendente - vulgo, subir na vida.
Vem isto a propósito das mais recentes manifestações de dupla personalidade do Partido Socialista.
Enquanto o Primeiro-ministro afirma que o desenvolvimento do país não assentará nos baixos salários, a Oriente o seu Ministro das Finanças procura aliciar os investidores precisamente com base no reduzido custo salarial; é a reposição, com piores actores da rábula protagonizada por Ivone Silva, ora costureira, ora patroa. Por cá, enquanto o Director do Centro de Emprego afirma que criar em Sines um centro de formação - antiga aspiração da população - é um exagero, o PS local queixa-se que Sines não tem revelado capacidade para fixar os jovens. Porque será?
2. Silêncio dourado
O anterior presidente da Junta de Freguesia de Porto Covo (JFPC), eleito pelo PS, aprovou e viabilizou diversas vezes os orçamentos municipais do executivo CDU, negociando vantagens e contribuindo para o bem comum da sua Freguesia.
O actual presidente da JFPC, Manuel Arsénio fez o mesmo mas com uma particularidade, assumiu-o. Ao afirmar "há compromissos assumidos entre a Câmara e a Junta que são úteis ao Porto Covo e com base nisso votámos a favor" (note-se o pormenor - "votámos", nós o Porto Covo e não votei) e quanto ao projecto do mercado, viabilizado pela aprovação do Orçamento, disse: "é um assunto que nos passa um pouco ao lado. O nosso objectivo é torcer pelo Porto Covo".
Ao trazer o "queijo limiano" para a política local, e ao afirmá-lo publicamente, choveram críticas apelidando-o de ingénuo e inocente.
Inteligente e frontal, digo eu. A política é feita de compromissos, legitimados pela defesa dos superiores interesses da população.
3. O Tempo e a razão
Os executivos camarários submetem a votação as Grandes Opções do Plano (GOP) e o Orçamento Municipal.
Como nunca gostei de ter razão antes de tempo - falta-me vocação para incompreendido - imaginem o problema que foi, quando há uns anos sendo vereador na oposição votei a favor as GOP.
Facto inédito, quando votar contra era obrigação da oposição. Sob o jugo da desconfiança, poucos quiseram ouvir-me argumentar que as GOP traduziam praticamente todas as aspirações e projectos que o PS, havia defendido nos seus programas eleitorais. Como se pode votar contra um documento onde a autarquia se propõe construir habitação social, escolas, dinamizar a economia, combater a poluição, etc? Na assembleia municipal os deputados PS votaram contra as GOP, e logo de forma contrária, aos vereadores do seu partido.
Este - ano os vereadores e deputados do PS abstiveram-se. Algo está a mudar para melhor neste PS. Que bom seria ter razão antes de tempo.
“Texto publicado no semanário Noticias de Sines, em 2 de Fevereiro de 2007.”
1. Um Caso de dupla personalidade
A dupla personalidade está clinicamente bem documentada e chegou ao grande púbico muito devido ao contributo de Hollywood, com o lendário Dr. Jelkyll e Mr. Hyde e toda uma infindável lista de serial killers que espalham o terror de noite e levam os filhos à escola pela manhã. Não confundir este distúrbio de personalidade com os vira-casaca ou troca-tintas, figura existente em todos os estratos e vivências sociais, movidos por um irresistível impulso social ascendente - vulgo, subir na vida.
Vem isto a propósito das mais recentes manifestações de dupla personalidade do Partido Socialista.
Enquanto o Primeiro-ministro afirma que o desenvolvimento do país não assentará nos baixos salários, a Oriente o seu Ministro das Finanças procura aliciar os investidores precisamente com base no reduzido custo salarial; é a reposição, com piores actores da rábula protagonizada por Ivone Silva, ora costureira, ora patroa. Por cá, enquanto o Director do Centro de Emprego afirma que criar em Sines um centro de formação - antiga aspiração da população - é um exagero, o PS local queixa-se que Sines não tem revelado capacidade para fixar os jovens. Porque será?
2. Silêncio dourado
O anterior presidente da Junta de Freguesia de Porto Covo (JFPC), eleito pelo PS, aprovou e viabilizou diversas vezes os orçamentos municipais do executivo CDU, negociando vantagens e contribuindo para o bem comum da sua Freguesia.
O actual presidente da JFPC, Manuel Arsénio fez o mesmo mas com uma particularidade, assumiu-o. Ao afirmar "há compromissos assumidos entre a Câmara e a Junta que são úteis ao Porto Covo e com base nisso votámos a favor" (note-se o pormenor - "votámos", nós o Porto Covo e não votei) e quanto ao projecto do mercado, viabilizado pela aprovação do Orçamento, disse: "é um assunto que nos passa um pouco ao lado. O nosso objectivo é torcer pelo Porto Covo".
Ao trazer o "queijo limiano" para a política local, e ao afirmá-lo publicamente, choveram críticas apelidando-o de ingénuo e inocente.
Inteligente e frontal, digo eu. A política é feita de compromissos, legitimados pela defesa dos superiores interesses da população.
3. O Tempo e a razão
Os executivos camarários submetem a votação as Grandes Opções do Plano (GOP) e o Orçamento Municipal.
Como nunca gostei de ter razão antes de tempo - falta-me vocação para incompreendido - imaginem o problema que foi, quando há uns anos sendo vereador na oposição votei a favor as GOP.
Facto inédito, quando votar contra era obrigação da oposição. Sob o jugo da desconfiança, poucos quiseram ouvir-me argumentar que as GOP traduziam praticamente todas as aspirações e projectos que o PS, havia defendido nos seus programas eleitorais. Como se pode votar contra um documento onde a autarquia se propõe construir habitação social, escolas, dinamizar a economia, combater a poluição, etc? Na assembleia municipal os deputados PS votaram contra as GOP, e logo de forma contrária, aos vereadores do seu partido.
Este - ano os vereadores e deputados do PS abstiveram-se. Algo está a mudar para melhor neste PS. Que bom seria ter razão antes de tempo.
“Texto publicado no semanário Noticias de Sines, em 2 de Fevereiro de 2007.”
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