segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Estados de Alma
Sinal(ais) do(s) Tempo(s)

Após férias, tão longe e longas quanto o orçamento familiar permitiu, aterro estremunhado após 11 horas de voo atribulado, na Portela. Se um taxativo "no water or anything liquids" no embarque não me surpreende - obrigado CNN - já o mesmo não posso dizer das notícias caseiras.
» Vasco da Gama encerra o futebol sénior.
Após longo e honroso historial, umas finanças decapitadas e uma excessiva dependência da autarquia, fruto de várias direcções, resultou no pior dos desfechos. Resta pensar o que cada um fez para que tal não sucedesse. Sines e a sua sociedade civil ficam com um divida para com o VGAC e os seus Homens. Mas este também é um aviso à navegação. Um sinal dos tempos.
» Igreja de Nossa Senhoras das Salvas, transformada em Museu.
Sem pretender ajuizar sobre a necessidade de recuperação do imóvel e a opção museológica, resta-me a análise factual. Mandada construir por Vasco da Gama como local de culto e desde sempre ligada ao mar, perde a função para a qual foi construída e oferecida a Sines, sem o mais pequeno bulir da população ou dos homens do mar. Sinais do tempo.
» 15 de Agosto.
Ao longo dos anos assisti várias vezes à procissão de Nª.S. das Salvas no mar, a partir da praia Vasco da Gama envolto numa multidão de banhistas. Agora em pleno Verão, com uns envergonhados 20 graus, resta a praia deserta a testemunhar a procissão. Sinal do tempo.

Duma assentada, D. Vasco da Gama, o mais nobre filho da terra, perde um clube de futebol profissional, uma Ermida e vazam-lhe a Praia, enquanto a sociedade civil assiste impávida e serena. Definitivamente os tempos, mudaram.
Vinte e quatro horas depois das Caraíbas, e após um banho de realidade, só me resta as fotos e o maldito jet-lag de recordação.
“Texto publicado no semanário Noticias de Sines, em 4 de Fevereiro de 2006.”

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