sábado, 18 de julho de 2009

FMM, um sucesso demasiado caro?


Para que fique esclarecido desde o inicio, não sou propriamente um melónamo. Faço parte daquele pequeno grupo de pessoas, que é capaz de fazer uma viagem até Lisboa, somente a ouvir notícias, ou com o rádio a tocar música sem que a oiça. Não conheço todos os grupos, nem canto todos os refrões, nem tão pouco tenho ipod, não sei, nem tenho jeito para dançar, ao contrário dos restantes elementos cá de casa, amantes convictos e de ouvido apurado para a música e pé para a dança.

Falta-me memória auditiva, jeito para tocar qualquer instrumento musical que exista ou possam inventar e gosto, acima de tudo gosto. Definitivamente não tenho sensibilidade para a música. Ponto final.

Mas esta falta de predisposição musical, não me impede de reconhecer o mérito e o prestígio do FMM, não tanto pelo seu valor musical, que a mim me parece de gosto duvidoso - mas não sou a pessoa indicada para estas apreciações - apesar das critícas dos entendidos. Conhecendo e bem outros meios e sabendo como funciona a critica especializada, reconheço-lhe a credibilidade que merecem, duvidosa no mínimo.

Mas como dizia reconheço o mérito e prestigio do FMM, não numa atitude inatacável, acima de qualquer critica, endeusado dogmaticamente, sem reservas.

Primeiro por defeito profissional, acho que tudo tem um preço, e o seu mérito deve ser avaliado atendendo à sua relação custo-benefício. Visão economicista? Talvez, dizem que a arte não tem preço. Concordo, principalmente para quem não tem que se preocupar com o seu valor. No caso do FMM não sabemos o seu preço - seguramente elevado como tudo o resto, para uma autarquia que vive num atoleiro de divídas.

Também não conhecemos o valor dos seus patrocínios, que pela lógica não deve ser elevado, pois a GALP (principal patrocinador), de acordo com Manuel Coelho, não permitiu a utilização de € 500.000 para construção do pré-escolar - dos 6 milhões disponibilizados para o Complexo Desportivo-, nem se prontifica a pagar o que falta para o projecto GISA.

Desconhecemos os custos com pessoal associado ao FMM, aos produtores, empresários, grupos, etc.

Não sabemos qual o retorno em termos de bilheteira, nem de merchandising, nem de eventuais direitos televisivos e de imagem.

O que sabemos é que a imagem de Sines sai valorizada e fortalecida, com a oferta de um "produto" de qualidade e uma imagem de modernidade (que não corresponde à verdade), que nos divertimos uns dias, com o ambiente que rodeia o festival e vimos o "mundo passar", que Sines entra em festa e as suas ruas enchem-se de vida, com os consequentes impactos económicos e sociais. Resumindo o que sabemos não é quantificável, nem mensurável, ou seja não sabemos nada. Nem sequer o que pensa a população de Sines de tudo isto. Tratar-se-á de uma prioridade? Não, obviamente que não.

Como a eleição democrática não legitima tudo, fora eu a decidir e a oposição e população saberiam os custos associados, discutia-se as alternativas e as prioridades, mas a isso chama-se decisão partilhada, um termo arrediço dos Paços do Concelho.

Agarro-me a uma certeza, muita gente de muitos lados gosta deste evento e os decisores públicos adoram-no, e aí de quem como eu se arrisca a apontar o que quer que seja. Venham pois de lá as consequências.

14 comentários:

EU disse...

Eu adoro musica, e adoro dançar... O FMM não é um festival que vá de encontro às minhas preferencias, mas como tudo na vida, não pode agradar a gregos e troianos!!
Há muita gente residente em Sines que não concorda com o festival e que gostaria que o mesmo acabasse.. A maior parte dos "seguidores" de qualquer partido ou aproximação de grupo partidário que não seja o do nosso presidente da camâra, lança grandes criticas a este festival e também às tasquinhas por se situarem na avenida da praia e por terem o prazo alargado a quase todo o periodo de verão... Curioso é o facto, de quando eu vou as tasquinhas ou, se por acaso, for assistir a um ou outro concerto do FMM, lá estão esses senhores divertidissimos com as suas respectivas familias a desfrutar do momento!!!!!
Afinal em que ficamos??
Meus senhores tenham vergonha... Se chegarem a presidentes da camara municipal de sines jamais irão por fim às tasquinhas e/ou alterar a sua localização, e muito menos ao FMM!!
Pensem que pelo menos as tasquinhas são importantes para quem lá vai fazer a sua "tasca"... Os comerciantes precisam de ganhar dinheiro!!

Marius Herminius disse...

Estou de acordo – em parte - com o espírito deste post.
É verdade que não devemos ser fundamentalistas, nem a gastar nem a poupar.
É verdade que em tempos de crise os dinheiros, para mais sendo públicos, deveriam ser aplicados com critérios muito rigorosos.
Por outro lado, e porque já estamos em campanha pré eleitoral, também se tornou hábito que quem manda e quer continuar a mandar abra os cordões à bolsa – e muitas das vezes sabe-se lá de onde vem o dinheiro! - para adoçar a boca ao eleitorado, fazendo recordar o ditado que diz que “com papas e bolos se enganam os tolos”.
Depois, haverá sempre quem argumente que o Povo gosta; que tristezas não pagam dívidas e que este género de eventos traz contrapartidas para a comunidade em geral e tudo isso é verdade.
Acresce ainda que quem critica este “esbanjamento”, ainda que com a melhor das intenções, corre o risco de ser apodado de demagogo porque ninguém, nem talvez o próprio, pode garantir que agiria de modo diferente caso trocasse de lugar com o “gastador”.

Eu não faço ideia se o FMM é muito ou pouco caro, mas se tiver a qualidade que dizem ter penso que será dinheiro bem empregue porque os actos culturais não devem ser medidos apenas pela bitola monetária. Sem este tipo de eventos, muita gente não teria acesso a espectáculos de qualidade e esta é uma forma de pôr a democracia ao serviço do Cidadão.

Francisco disse...

A propósito do Festival das Músicas do Mundo.
Longe da terra mãe, com o divórcio da realidade que a distância obriga, não deixo diariamente de passar pela Estação (de Sines) que por ironia do destino sempre foi um terminal num porto de partida.
Recordo o Castelo dividido pela GNR, Guarda Fiscal, Mocidade Portuguesa e Bombeiros(a porta principal e única do primeiro Quartel dos Bombeiros desapareceu com as novas obras).
Lembro-me das Festas da Terra e do Mar, do Castelo servir de armazém
de produtos e equipamentos ligados à restauração e não só e actualmente como cenário principal do FMM que é o tema.
Qual a mais valia do FMM para Sines,Região e País? ..." Sabe Compadre? Cá na terra só há duas pessoas sérias:uma é você compadre; diga-me lá qual é a outra?"
Sines deverá ser para amar e não para dar mama...
Divirtam-se : Festivais, Procissões,Toiros e Bola são as distracções dum povo que pede Esmola (não sei quem foi o autor).
Peço-lhes que não tentem embeber toda a cultura de uma só vez e principalmente se não perceberem o que lhes querem transmitir.
Um abraço para os Leitores dum Siniense que adora a sua Terra

Anónimo disse...

Bráz é esta postura que eu não entendo.
Mas será que tens de saber de tudo?
Quem és tu?
Análises custo beneficio faz o executivo da CMS, com a oposição e a Assembleia Municipal com as bancadas de cada partido, esses sim têm legitimidade para solicitar esses elementos.
Quem és tu? Reforço.

Estação de Sines disse...

Análises custo beneficio faz o executivo da CMS, com a oposição e a Assembleia Municipal com as bancadas de cada partido, esses sim têm legitimidade para solicitar esses elementos.

Caro anónimo (10:28 AM, Julho 20)
Eu não tenho de saber tudo, somente aquilo a que tenho direito, pois sou um municipe interessado e participativo, e nessa qualidade e porque vivemos em democracia, não tão participativa como desejável, todos temos direito a saber bem mais do aquilo que nos dizem.

Quanto às análise custo-beneficio (ou outras quaisquer) nem a oposição, nem a assembleia, e até prova em contrário nem o executivo as fazem. Em quatro anos de deputado municipal e mais quatro de vereadores, apesar de inúmeros pedidos de consulta e discussão de orçamentos e depois das contas do FMM, nada nem tivemos a mais pequena ideia dos custos e receitas associadas.

Diga-me sinceramente, assumindo um apoliica de transparência, não devia a autarquia publicitar os custos e proveitos do FMM? Afinal qual era o problema, termos mais esta informação.

Em Potugal trata-se os eleitores como ignorantes que quanto menos souberem melhor, pois não temos capacidade de entender as politicas dos iluminados.

Anónimo disse...

Braz, não podia estar mais de acordo, quer com o post quer com o teu comentário de resposta ao anónimo das 10:28 AM, Julho 20, 2009.

A transparencia tantas e tantas vezes apregoada, devia ser aqui aplicada. Todos nós deviamos ter conhecimento do custo deste evento. Assim como de muitas outros eventos e iniciativas. É o dinheiro de todos nós e temos direito em saber como ele é aplicado. Se do FMM podemos por em causa o seu custo/beneficio, não podemos deixar de relevar o espaço que o mesmo em 11 anos de existência garantiu como evento marcante quer localmente quer em termos nacionais.
Mais sério que os gastos no FMM é os gastos no Reino das Fabulas que está montado junto às Tasquinhas. Qual o custo da Tenda dos Sonhos e das Ilusões? Qual a sua mais valia? Quem pagou e o que pagou?
Quanto custa ao erário Municipal as vindas a Sines do mentor do projecto ou projectos apresentados?
Como é possivel, que o arauto da transparência e do rigor, da ética e da moral tenha gasto o dinheiro de todos nós, em algo que só a ele serve?
Será que o anónimo que se expressou de forma algo indignada sobre o post do Braz, também se indignou com a forma vergonhosa como o actual presidente da câmara utilizou os dinheiros da autarquia para fazer a sua campanha pessoal?

Anónimo disse...

Diga-me sinceramente, assumindo um apoliica de transparência, não devia a autarquia publicitar os custos e proveitos do FMM? Afinal qual era o problema, termos mais esta informação.

Quem tiver interesse nas contas da CM de Sines pode assistir às Assembleias Municipais para o efeito e colocar as questões que entenda como pertinentes.
Agora não lhe reconheço legitimidade (nem a si nem a mim) para solicitar as contas do FMM - o resto são as contas da CMS.
Por que motivo deve o Sr. Bráz conhecer as contas do FMM?
Não se estará a querer substituir ao executivo e AMunicipal?
Não se esqueça que ambos os órgãos representam o povo de Sines.
Já agora porque é que a Compelmada não publica as contas num jornal local, também era fixe, em nome da transparência.
É que eu sou interessado, pois sou trabalhador da Complemada.
O seu problema é essa infindável sede de informação que não acho normal.
1 Abraço.

Anónimo disse...

Em Potugal trata-se os eleitores como ignorantes que quanto menos souberem melhor, pois não temos capacidade de entender as politicas dos iluminados.

Estás a ver Brás, com comentários como este como é que queres troca de informação e ideias.

Se calhar, em 1999, a análise custo/beneficio era complicada, neste caso para o beneficio, mas entendo que nessa altura houve um investimento, uma aposta que foi ganha - admite isso.
Hoje, qualquer pessoa comum, e nem necessita de um bacharelato em Gestão, para saber que o beneficio ultrapassa em larga escala os custos envolvidos.
Obviamente, resta saber o que para si é beneficio?

Estação de Sines disse...

Quem tiver interesse nas contas da CM de Sines pode assistir às Assembleias Municipais para o efeito e colocar as questões que entenda como pertinentes.

Falso. Ninguém nas assembleias municipais, nem outro local lhe satisfará essa curiosidade. Primeiro porque nas AM, na qualidade de municipe somente poderá intervir antes e depois da ordem de trabalhos. Mas experimente e depois conte-nos a experiência.

Agora não lhe reconheço legitimidade para solicitar as contas do FMM - o resto são as contas da CMS.

Também não necessito do seu reconhecimento, pois o acesso à informação tem dois niveis o obrigatório e aquele que não sendo obrigatório (o que é o caso) faz parte da politica de transparência das entidades.

Já agora porque é que a Compelmada não publica as contas num jornal local, também era fixe, em nome da transparência.
É que eu sou interessado, pois sou trabalhador da Complemada.

A Compelmada para além de não se minha, apenas sou um mero trabalhador, trata-se de uma entidade privada, que cumpre as obrigações legais, entrega as suas contas a quem de direito e discute-as com os seus acionistas em assembleia geral. Contudo posso garantir-lhe que mais facilmente a Administração lhe faculta acesso Às contas que a autarquia lhe diz o custo do FMM.

O seu problema é essa infindável sede de informação que não acho normal.

Eis o que nos separa, a minha sede de informação é proporcional à passividade e gosto pela ignorância de outros.

Um abraço também.

Anónimo disse...

Eis o que nos separa, a minha sede de informação é proporcional à passividade e gosto pela ignorância de outros.

Caro colega Bráz,
Eu trabalho na Compelmada e mais não digo, deixo o resto ao seu critério.

Eu se pertencesse a algum executivo, também não acharia relevante para a transparência da coisa publica, a divulgação dos custos do FMM, agora para si são bastante relevantes, aliás, já afirma que é um sucesso demasiado caro ... se calhar sabe mais alguma coisa... ou não, tendencioso como sempre.

A sua sede informação ultrapassa os limites do tolerável, confunde-se com a bisbilhotice, não com proactividade, aliás, qualidade que poucos lhe reconhecem.

Já agora as contas da Cáritas?
Se calhar interessam apenas ao Bispo de Beja.

Estação de Sines disse...

Antes de mais quero dizer-lhe que o facto de trabalhar na Compelmada para o caso é completamente irrelevante.

Acho fabuloso quando diz:
"Eu se pertencesse a algum executivo, também não acharia relevante para a transparência da coisa publica, a divulgação dos custos do FMM", talvez por isso mesmo não pertença a nenhum executivo.

Depois eu não digo que é demasiado caro, tem um ponto de interrogação. O que digo é que não é possível responder à questão.

Existem coisas baratas monetariamente com custos incomensuráveis e vice-versa.

Em relação às contas da Cáritas e sendo uma entidade privada, como todas as entidades privadas quem decide e tem poderes de decisão ou legais como a direcção, a segurança social, etc, tem conhecido das contas.

Já agora aproveitar para lhe dizer que por mim podiam ser públicas e afixadas em edital, podia ser que outros aprendessem, o que é a a qualidade e rigor de gestão que transformaram a instituição numa entidade lucrativa, ao ponto de estar em fase de construção o melhor equipamento social para a infância da região, e atente bem, sem qualquer subsidio da autarquia ou do estado. Isto sim é obra.

Para seu desgosto, temos pena, que a "regateirice" tenha destas coisas.

Quer um conselho, não acite encomendas, nem faça fretes a ninguém nem em nome de ninguém, e já agora altere de vez em quando o IP.

Estação de Sines disse...

Só um aparte, a sua manobra de diversão sobre trabalhar na Compelmada é infantil, ridícula e infrutífera.

Anónimo disse...

anónimo das 4.04, voce a falar de proactividade, que por acaso a para da coragem até é das principais caracteristicas do autor deste blog, fica-lhe mal, principalmente com o percurso associativo que tem.

a sua ansia de poder é tanta que é facilmente identificado. não se preocupe que a sua familiar continuará a galgar os degraus profissionais que a servidão politica permite.

Anónimo disse...

No sábado passado, tive necessidade de ir a Odemira, e lá fui com a minha esposa. Lembro-me de no regresso ao passar no pontão do vidigal disse para a minha mulher em tom de brincadeira:
"Sabes vamos sair dum concelho pobre e entrar num concelho rico."
Passados uns minutos responde-me ela:
"Pelo menos rico em buracos na estrada, disso não nos podemos queixar."
Agora pensando no assunto mais friamente, e porque o FMM está em Porto Covo, ainda podemos acrescentar que tambám somos ricos em festivais municipais, e assim poderemos mostrar aos visitantes a riquesa das nossas estradas. Como amostra para chamar turismo ao sul do concelho desfaz em cinco minutos o que um festival pode levar onze anos a construir.

Ontem passei pelas tasquinhas, e fiquei impressionado,
estou muito contente,
constatei que dentro de pouco tempo vou passar a viver numa terra de conceitos, isto é vou passar a viver entre Barcelona, Melburne, S. Paulo, entre outras grandes cidades bem planeadas.
Mas hoje tive de voltar a Odemira e os mesmos buracos lá estavam à minha espera.
Bom verão para todos.