terça-feira, 8 de abril de 2008

Páiii, quero uma mota.

Jorge Coelho foi Ministro das Obras Públicas dos Governos Guterres, destacadíssimo dirigente do PS, conhecido como grande mobilizador das bases e angariador de fundos, verdadeiro pittbull do partido - ou não fosse dele a famosa frase, “quem se mete com o PS leva”-, correu o País berrando dos palanques, travou duros, mas quase sempre leais, combates com os adversários políticos. Foi a ligação entre as bases e o Partido, arregimentou militantes para a luta, cativou simpatizantes, convenceu indecisos, tudo fruto de um considerável capital politico, em muito resultante da sua demissão, na sequência da queda da ponte Entre-Rios, quando na qualidade de Ministro das Obras Públicas afirmou que a culpa não pode morrer solteira. Atitude que no nosso País não é coisa pouca.
Agora vai assumir as funções de CEO da Mota-Engil, somente a maior empresa de construção portuguesa, a quem foram adjudicados milhões de euros em obras públicas pelos governos PS. Que se saiba não foram adjudicações feridas de legalidade, assim como não é, Jorge Coelho assumir as funções de CEO.
Contudo, Jorge Coelho desbarata um capital de confiança, em troco da suspeita de que a construtora pretende utilizar a sua capacidade de lobbying, na melhor das hipóteses, ou está a pagar algum favor, na pior das hipóteses. Por sua vez a Mota-Engil abre uma janela de suspeição sobre anteriores ou futuros benefícios políticos desta nomeação, numa altura que, coincidência ou talvez não, aproximam-se grandes obras públicas em Portugal.
Melhor que ser Ministro e ter viatura com motorista, só ser ex-Ministro e ir de mota.

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