quinta-feira, 27 de março de 2008

IVA e sandes de couratos


Analisemos, hoje mais serenamente a redução da taxa de IVA, anunciada em paragonas em todos os meios de comunicação social.

Considerando um agregado familiar de 3 pessoas que auferem € 3.500 mensais líquidos e têm um filho de 1 ano.
Temos:
Rendimento anual de € 35.000, (resultante de 14 x € 2.500)

Despesas anuais estimadas, sem IVA a 21%:
Pagamento empréstimo à habitação: € 6.000;
Alimentação a taxa reduzida ou intermédia: € 12.000;
Saúde, considerando seguro de saúde e medicamentos a taxa reduzida: € 2.000
Infantário: € 1.800
Condomínio: € 400
Jornais, revistas e livros: € 250
Electricidade: € 700
Gás e água de uso doméstico: € 1.000
Poupança: € 2.000

Daqui resulta, por exclusão de partes, aquisições de bens com IVA a 21% no montante anual de € 8.850.

O que significa que, actualmente este casal dispõem de € 7.314
Com a redução de 1% na taxa de IVA, passa a dispor de € 7.375,

Ou seja aumenta o seu poder de compra anual em € 61, ou dito de outra forma € 5 por mês.

Isto considerando que a redução da taxa de IVA se reflecte na redução do preço dos bens e não é canalizado para a margem de lucro das empresas.

Esta medida de redução da taxa de IVA, em um ponto percentual, à semelhança da redução das taxas moderadoras pretende ter um efeito psicológico sobre os eleitores e sobre os agentes económicos. Não terá efeito prático sobre o poder de compra dos consumidores, terá seguramente algum (pouco) sobre as empresas e o Estado deverá anular a ligeira perda de receitas de IVA com algum incremento do investimento privado e IRC/IRS sobre a margem de lucro acrescida das empresas. Vislumbro algum significado para quem comprar uma viatura nova, um barco, férias ou outros bens desta ordem.

Se o Estado pretendia tomar uma medida social com impacto deveria reduzir o IVA, mesmo que somente em um ponto percentual na taxa reduzida (5%) ou intermédia (12%), ou seja nos bens de 1ª necessidade ou todos e principalmente os consumidores mais desfavorecida não pode deixar de gastar o seu dinheiro, com prejuízo de perda significativa de qualidade de vida. O estado poderia ir mais além e com a mesma perda eventual de receitas em um ponto percentual do IVA poderia baixar um ponto percentual na taxa reduzida e um ponto percentual na taxa intermédia ou 2 pontos percentuais na taxa reduzida.

1 comentário:

Anónimo disse...

Areia para os olhos...

Abraço!