sábado, 5 de janeiro de 2008

Balcão Central, 1.ª Fila (I)
Autárquicas 2005


Inicio hoje um conjunto de crónicas de análise politica local. Estas reflectirão a imparcialidade de quem se demitiu de toda a actividade partidária e de qualquer candidatura e o rigor de quem conhece a realidade da política local. O objectivo nunca será de influenciar, mas tão-somente contribuir para a reflexão dos leitores.

Pré-campanha
Comecemos pela pré-campanha que mais não é do que um argumento falacioso de fazer campanha fora do período previsto. A CDU, gozando do estatuto de quem está no poder, dá-se ao luxo de publicitar o trabalho feito, confundindo-se o trabalho da Câmara com a campanha da CDU. Duas verdades inquestionáveis: a) todas as câmaras utilizam este expediente, o que não torna correcta a atitude; b) mais importante que ajuizar eticamente a atitude é avaliar o conteúdo (são estas as obras necessárias e prometidas?). Em suma quanto mais informação estiver ao nosso dispor, mais válida será a nossa escolha. O PS respondeu, colocando flyers, questionando "quem paga esta publicidade?", atitude inteligente e engraçada. Marca assim a posição do que se prevê vir a ser a sua campanha - irreverente e agressiva, directa ao coração dos mais descontentes e inconformados (olá, bloquistas). Contudo ao elevar o tom da campanha, sujeita-se ao efeito boomerang: se os outdoors são pagos pela autarquia, perguntarão os eleitores: e quem paga os do PS?
Regista-se a atitude do PSD, quer seja por inércia ou incapacidade quer seja por opção foi nesta fase o primeiro vencedor, passando ao lado duma guerrilha que não aprova a ninguém, nem contribui para as questões centrais a que a campanha deve responder.

Candidatos
A cinco meses das eleições autárquicas, salvaguardando-se alguma surpresa, como candidaturas independentes utilizando siglas de pequenos partidos, ou o Bloco de Esquerda corajosa e inteligentemente apresentar uma candidatura para fidelizar um eleitorado com cada vez maior expressão, já são conhecidos os candidatos.
A CDU aposta na continuidade, sendo certo que a renovação se fará através da equipa que acompanhar o candidato. Escolha óbvia - em candidato que ganha não se mexe. Apesar de algum desgaste, é o melhor candidato possível para a CDU, pois, até por via do seu excesso de protagonismo, não deixou espaço a veleidades, nem se lhe conhecem delfins.
O PS deixando cair o anterior candidato e opta, na condição de única alternativa possível ao poder, apresentar um candidato pouco conhecido da população (nada que uma boa campanha não resolva), detentor de vasta experiência autárquica, fora de portas é certo. Lufada de ar fresco ?, a seu tempo veremos. Será curioso ver se a sua equipa fará a ligação ao PS que conhecemos ou pelo contrário assistiremos a uma renovação. O PSD correndo por fora, recuperou uma velha glória, com o objectivo de manter o pequeno mas fiel eleitorado, e devido à simpatia e notoriedade do candidato ir pescar em águas alheias. Contudo considerando o descontentamento generalizado com o Governo Sócrates, se traduzirá em Sines na transferência de parte do eleitorado flutuante do PS para a CDU, não deve o PSD sonhar com grandes voos, nas próximas autárquicas.


“Texto publicado no semanário Noticias de Sines, em 18 de Junho de 2005.”

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