segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Balcão Central, 1ª Fila (IX)
Vencedores


Vencedores
Manuel Coelho - é sem dúvida o grande vencedor destas eleições, oportunamente distanciou-se dos 30 anos de política CDU, centrou em si e nas recentes obras a sua campanha. Apesar de não alcançar o máximo da CDU (64% em 1985), há 8 anos poucos acreditariam que chegasse tão longe. Trata-se de um verdadeiro gestor de emoções a que Sines se rendeu. Entregar pelouros aos vereadores da oposição seria a suprema lição de maturidade e democracia.
CDU - à excepção de Porto Covo foi uma vitória em toda a linha, comprovando Sines como um bastião comunista irredutível, destaque para a recuperação da maioria na Assembleia Municipal. Continua a manter a capacidade de renovação, conforme demonstra o aumento do eleitorado jovem, muito por contestação ao governo centrai e de um apurado trabalho local, nomeadamente do Gabinete da Juventude.
José Arsénio - comprovou que são os candidatos que ganham eleições, ao vencer ganha folgadamente a Junta, numa freguesia que vota maioritariamente CDU para a Câmara. Muito mérito para o trabalho do PS feito no Porto Covo.
Francisco Pacheco e António Correia - Figuras de sempre da CDU, representam a linha mais ortodoxa da CDU. A par com Manuel Coelho, fecharão um ciclo político da vida sinieense. Têm 4 anos para preparar a sua sucessão.
Idalino José - alcança uma meia vitória. Se por um lado consegue uma votação superior ao candidato socialista à presidência - o PS terá que contar com ele nas próximas autárquicas - por outro não impede a maioria absoluta da CDU na assembleia municipal, deixando fugir dois deputados municipais para a CDU.
Porto Covo - Parabéns! O nível de participação cívica é de fazer inveja a qualquer democracia.

Vencidos
Carlos Silva - pela responsabilidade de principal alternativa é também o principal vencido. O PS pedia a vitória e exigia a manutenção de 3 vereadores. Não conseguiu nenhuma das duas. Peio seu conhecimento e experiência autárquica será certamente um dos melhores vereadores da oposição que Sines conhecerá.
PS - Apesar de não conseguir consolidar o crescimento iniciado há 12 anos, manteve uma razoável base eleitoral, deixando o PS numa desconfortável encruzilhada entre o modelo actual ou a renovação. Terá que procurar no seu seio respostas a "muitas questões, sem esquecer que a poucos dias das eleições José Sócrates afirmar que "a contestação tem sido pouca" ou Jorge Coelho dizer que" o Eng. José Sócrates apenas irá aos concelhos em que temos dúvidas da vitória ou que são importantes", são duas excelentes pistas para procurar razões de tão magro resultado. O divórcio dos partidos com as suas bases, têm um nome: derrota.
Carlos Salvador — mais que vencido é o grande derrotado das autárquicas sineenses. Por um lado, alcançou o pior resultado dos candidatos do PS nas urnas, e por outro, é o responsável peia estratégia que conduziu o PS a esta derrota, enquanto presidente da concelhia. Surpresa não ter apresentado a demissão, na noite eleitoral.
Manuel Lança - Tratava-se de uma reserva do partido, que apesar das circunstâncias favoráveis, ficou a menos de 80 votos de conquistar o lugar de vereador à CDU. Demasiado pouco para quem se esperava tanto.
PSD-PPD - Volta a não ultrapassar a barreira dos mil votos, não elegendo o ambicionado vereador que lhe foge desde 1989. Caiu por terra a teoria da existência de um eleitorado flutuante do centro direita e a vitória em Sines de uma eventual aliança com o PS para derrotar a CDU. Salve-se o facto de manter os 2 deputados municipais.
BE - depois do resultado nas últimas legislativas aguardava-se com expectativa a candidatura do BE. A candidata e os BE estiveram irreconhecíveis durante a campanha. Dizer que cada voto é uma vitória não fica bem a um partido que veio para ficar.
CDS-PP - foi a demonstração que na política, a soma matemática, nem sempre é sinal de vitória. O CDS-PP candidatou-se a mais câmaras que em anos anteriores, e depois? Não seria estes votos necessários a Manuel Lança. Perdeu a direita, por que ficou de novo órfão do poder e a política local, porque esta candidatura contraria a tão apregoada proximidade e conhecimento das populações por parte dos autarcas.
Armando Amador - Depois de muitos anos como autarca a primeira vez que se sujeita ás urnas como cabeça de lista, sai derrotado. Aposta forte da CDU para recuperar a freguesia de Porto Covo, constituiu a única desilusão numa noite memorável para a CDU.
Política Local -Espelhado na hiperbólica frase" se o poder corrompe o poder absoluto corrompe absolutamente", sempre que existe uma maioria absoluta, perde o debate de ideias, o diálogo e a transparência. Sines fica sem oposição digna de relevo.
Campanha - a fraca mobilização, associada â ausência de ideias concretos para alguns dos principais problemas de Sines como a poluição ou a insegurança que assola as ruas, minando o turismo, comércio e a vida social Siniense, principalmente, a nocturna, tomaram esta a mais monótona e bocejante campanha autárquica dos últimos anos.

Nota: a todos os que criticaram as previsões da última crónica, sugiro, que confiram os resultados. O segredo é bom senso, saber ouvir a sociedade e ler os seus sinais, pois eles estão lá.

“Texto publicado no semanário Noticias de Sines, em 11 de Outubro de 2005.”

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