Apesar de parecer que Sines acordou recentemente para a questão da desertificação e consequente degradação dos centros históricos, este é um problema antigo de décadas no nosso país.
O aumento do poder de compra, a facilidade do acesso ao crédito e o consequente boom da construção levou a que os mais jovens trocassem as antigas habitações dos pais, de divisões acanhadas, em ruas estreitas e sem estacionamento, por amplos e arejados apartamentos com garagem, moradias e vivendas, nas periferias dos centros históricos, sem as condicionantes, tantas vezes absurdas de construção nos centros históricos.
O abandono dos centros histórico foi tanto maior e mais rápido quanto o crescimento da periferia. O aumento da longevidade humana manteve os velhos mais tempo na sua casas e a deslocalização de equipamentos e serviços, com o beneplácito das autarquias, tratou do resto.
E enquanto andávamos nesta legitima aspiração de melhores condições de habitabilidade, os empreiteiros foram enchendo os bolsos com mais ou menos especulação e as autarquias empenhando o futuro a troco de verbas imediatas, uma para investir na localidade, outras no futuro politico do autarca ou do partido que representa.
Com o despertar do impacto social e económico do desaparecimento dos centros históricos como pólo identitário das cidades, começaram a sugerir soluções, desde as mais felizes às mais patéticas.
Em Sines, os politicos no poder, sem criatividade e/ou capacidade - ou outros interesses - optou por investir milhões num centro de artes que diziam os seus mentores levariam a populaça a correr em debandada para morar junto dele, a comprar desenfreadamente no comércio local e a estacionar alegremente na cave do mamarracho. Foram-se os milhões, a população e por arrasto o comércio e do centro histórico pouco mais resta que o casario.
E enquanto Sines andava no regabofe de receber prémios de arquitectura e e levar as actividades para a avenida da praia, outras localidades tratavam de agilizar o licenciamento de projectos na zona histórica, recuperar os edifícios históricos, como os cinemas, teatros, bibliotecas, criar ou modernizar serviços âncoras como repartições públicas, criar estacionamento para os moradores, reforçar a segurança com policiamento, incentivar a abertura do comércio durante a noite no período estival, manter as actividade culturais no coração do centro histórico, construir ciclovias que cruzam o centro histórico e ainda um conjunto de coisas mais ou menos óbvias, e sem projectos de elevadores ou quejandos conseguem manter o centro histórico pujante de vida.
A mais recente aposta da Câmara de Sines em reduzir os impostos como incentivo à reabilitação de prédios na zona histórica, faz lembrar o dono do restaurante que baixa os preço para assegurar mais clientela ao contrário de manter os preços e aumentar a qualidade. Louvável a intenção, nulos os resultados.
Como Siniense regozijo-em com a aprovação do programa de Regeneração Urbana através do qual a autarquia conseguiu financiamento, garantindo um investimento na recuperação de espaços públicos do centro histórico de 9,5 milhões de euros, dos quais uma verba foi para as músicas do Mundo e festivais de Jazz. Como português revolta-me que se beneficie quem não teve visão e agora a solução passe por jogar milhões para o Centro Histórico, sem que signifique a sua solução, como o tempo tratar de demonstrar.
Com tantas prioridades - locais e nacionais - os fundos do QREN financiarem actividades como o FMM e festivais de Jazz, no âmbito de um programa de regeneração urbana atesta bem o desconhecimento do terreno dos decisores políticos da aplicação dos fundos comunitários. Não deixa de ser esclarecedora a forma como o edil siniense tranquiliza a população quanto ao financiamento destas actividades. Basicamente não nos preocupemos que o dinheiro não é da autarquia mas dos patos bravos da UE.
Se a incapacidade de um homem é uma tragédia, a de um conjunto de homens é uma comédia.
16 comentários:
Atenção! O Programa tem, na sua área de intervenção, questões e orçamento devidamente direccionados para a urbanística e outras para a animação. Os espetáculos e festivais têm um orçamento específico e diferenciado. Critiquem com conhecimento.
Essa é rigorosamente o cerne da questão. Apenas as localidade que não tenham as prioridades urbanísticas de Sines, deveriam ter acesso à componente de animação.
Não me parece que o post fosse assim tão dificil de entender.
Só os assalariados do regime se atreverão ou é-lhes imposto sair á praça para debater o que quer que seja em relação a este post.
Aliás isto não é um post, é um espelho que reflecte fielmente a realidade de Sines.
É preciso ter muita cabecinha e discernimento para expôr desta maneira simples e em meia dúzia de palavras, o que os que nos têm governado em Sines de há trinta anos até agora ainda não tiveram a capacidade de ser capazes de entender, ou não quiseram e isso é muito mais grave.
Os meus parabéns a que o escreveu.
isto da cee andar a dar dinheiro para festas é pior de qaundo financiou jipes aos supostos agricultores. Daqui a uns anos uns aproveitaram o dinheiro para investir e modernizar a cidade e Sines aprendeu a cantar. mas não há ninguém a por ordem nesta merda.
Quem nasce incapaz, tarde ou nunca será capaz...
Venho dar os meus parabéns a quem escreveu tudo isto,e da maneira tão esclarecedora como o fez.
È tudo verdade.
Obrigada
Francamente não entendo isto!
Os regulamentos de acesso ao QREN estã na internet e se lerem o que respeita à Regeneração Urbana, verificam que a chamada "componente imaterial", designadamente o programa de animação e dinamização, têm obrigatoriamente que constar entre os programas candidatados, pelo que, do que eu entendo, a Câmara limitou-se a encaixar nesse financiamento actividades que já realizava, sem qualquer financiamento externo, garantindo assim a continuidade de projectos culturais relevantes com menores encargos.Onde é que está a questão, onde é que está a má gestão?! Não consigo compreender.
É ... ales (CEE) andam a dar dinheiro, mas nada de ilusões ... mais tarde ou mais cedo, nós teremos que o pagar !!!
A questão está que o dimnheiro dos nosso impostos está a ir para FMM e não para tratar de prioridades urgentes. Se a CMS fez bem em aproveitar a oportunidade, CLARO num pais de chicos espertos, fez bem. Quer a minha opinião, mesmo financiado o FMM exisge dinheiro da autarquia, então que cessasse temporariamente, pois existem muitas prioridades, as ruas, o trânsito, o centro históricos, os jardim, os arranjos exteriores da ZIL, metem nojo
O centro histórico de Sines está entregue ás drogas, violência e prostituição. Deveria-se chamar centro da desordem e do abandono. Não há quem queira morar no centro de Sines muito por causa destes 3 pontos acima referidos.
A realidade é esta, a solução poderia ser feita com a mobilização destas 3 actividades para fora do centro da cidade.
Está á vista de toda a gente, é ilegal mas existe, porque não criar uma zona especifica para a prostituição? Porque não criar uma zona para consumo de drogas leves?
Ter controlo sobre estas situações e poder tirar proveito delas através da cobrança de impostos. Um tipo de RED LIGHT ZONE como existe em paises muito mais desenvolvidos que o nosso.
Pensem nisto.
Aqui a questão está na prioridades que a CM de Sines dá.
No meu entender e de muitos sinienses existem prioridades mais urgentes que o financiamento do FMM.
Deviam é guardar esse dinheiro todo para fazer Asilos porqué Sines tá cheio de velhos do Restelo asim depois de estarem todos no asilo, já podemos fazer o FMM a vontade...
O centro de artes, ou Biblioteca que ligado ao nome pouco tem, não passa de um elefante branco implantado à força num espaço que se aconchegou para o receber. O edifício devia estar numa área solta e ampla, onde a sua envolvência fosse rica em arborização. Enquadrava-se perfeitamente num amplo jardim, talvez perto da Clídis.
Já agora! Poderiam aproveitar a cave para fazer um Oceanário ou Fluviário, água não falta, é a que meteram por ter ali construído o “coiso” e a que entra de forma natural.
Pode ser que um dia a justiça renasça das cinzas e se venham a pedir responsabilidades a quem irresponsavelmente esbanjou dinheiro público.
Outra coisa que não faz qualquer sentido em Sines é fecharem-se as vias públicas para determinado grupo étnico fazer o seu mercado semanal, ou durante meses para se fazer as tasquinhas.
As tasquinhas então é um abuso à paciência, será difícil de ver que incomodam a maioria da população? Será que por exemplo o espaço a seguir à Marina até ao Clube Náutico não era bem aproveitado para esse efeito, aliás atrevo-me a dizer que o mesmo poderia ser aproveitado com carácter permanente, dava uma excelente zona comercial de bares, tascas e lojas, mas tudo feito com cabeça, provavelmente o turismo agradeceria.
E para quem tem ideias megalómanas ou faraónicas existe ainda a pedreira, aí então dava pano para mangas, uma zona de lazer de excelência, onde se poderiam acomodar até as músicas do mundo ou um shopping center.
Ofereço as ideias, não cobro nada por isso.
Bem hajam a todos e ajam bem.
J. C.
No século passado houve um senhor chamado Maslow que criou uma pirâmide onde representa a prioridades das necessidades humanas.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Hierarquia_de_necessidades_de_Maslow
Aqui parece-me que esta foi invertida, música em ruas esburacadas num centro histórico moribundo... faz todo o sentido...
Ao anónimo ( só coragem) das 12:02 PM, Setembro 06, 2010, pela sua lógica se estive consagrado um item de desportos na neve também era possível a CMS se candidatar e usufruir desse dinheiro!!??
TODOS os autarcas à nossa volta apostaram na necessidades básicas com vista a melhorar o bem comum de TODOS, em Sines foi ao contrário.
mas ganharam democráticamente: "Uma ideia errada apoiada por um milhão de pessoas continua a ser uma ideia errada".
passem bem.
Meus Amigos o Vewrão está no fim, e as faladas intervençõres na via publica onde estão ?
Não fazem agora com bom tempo vão fazer no inverno?
Mais um ano sem nada fazerem nas esburacadas ruas de Sines.
Uma Vergonha SIM...............SIM uma grande vergonha
Anónimo 12:02 PM, Setembro 06, 2010
disse:
"...à Regeneração Urbana, verificam que a chamada "componente imaterial", designadamente o programa de animação e dinamização, têm obrigatoriamente que constar entre os programas candidatados, pelo que, do que eu entendo, a Câmara limitou-se a encaixar nesse financiamento actividades que já realizava, sem qualquer financiamento externo, garantindo assim a continuidade de projectos culturais relevantes..."
Ora nem mais, bem dito. Estes tolinhos que por aqui comentam são mesmo uns tapados. Então quer dizer, não havendo dinheiro para honrar os compromissos assumidos com algumas das colectividades envolvidas, dentro de outros âmbitos e noutros contextos, e podendo ir saca-lo aos papalvos da Europa,(nós depois pagamos mas isso agora não interessa nada), perdíamos a oportunidade? Está bom de ver que isso é que seria um erro. Então com estes fundos garantiu-se que o rombo do FMM foi mais pequeno e condicionou-se durante mais um ano uma colectividade, isso não é bom? A história da moralização, da transparência, das regras transparentes e justas, da participação e do envolvimento da sociedade, etc, é retórica para "toldar" papalvos. Infelizmente, por aquilo que se vê e lê, até que nem é preciso esforçarem-se muito.
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