Mail recebido, hoje, às 22h 17m
Após 5 anos a trabalhar e viver em Sines, regressei a Lisboa, minha terra de origem à cerca de 3 meses.
Alguns assuntos pendentes e amizades conquistadas, fazem com que continue a deslocar-me a essa localidade com regularidade e a acompanhar os seus acontecimentos quer através dos referidos amigos, quer na imprensa escrita e na rede.
Conhecia os seus artigos do jornal local e recentemente indicaram-me o seu blogue.
Apesar de alguma indefinição na estratégia (nacional, regional, local?) da mensagem do blogue e a natural perda de qualidade da escrita (que por vezes revelou e até supreendeu, nomeadamente na imprensa escrita) permita-me que o felicite pela originalidade e desconhecida -para mim - fina ironia.
O referido afastamento diário da vida de uma localidade permite-nos uma leitura mais desapaixonada e desinteressada das problemáticas.
Estranho ainda não ter visto comentários sobre a Escola de Música (???), estranho em sentido lato, pois da intitulada oposição política siniense nada é passível de causar estranheza, tudo se espera, até não esperar nada.
A referida escola de música - propositadamente com minúsculas - é descabida no actual contexto, mas não deixa de fazer todo o sentido numa lógica marxista-leninista. Alimente-se o espírito mesmo que o corpo passe fome. Veja-se Cuba, China, e todos, mas todos, os estados comunistas que até hoje existiram e felizmente esfumaram-se na inteligência dos povos.
O PCP Sines continua obtuso, tacanho e desgraçadamente a comprometer o futuro. Como é possível deixar por cumprir a totalidade do projecto GISA, ter atletas de alta competição a treinar em condições terceiro-mundistas, barracas e hortas apalaçadas por todo o Concelho, rupturas constantes em condutas com 30 anos, pombais cravados no coração da falésia, ruas imundas, e agora investir numa escola de música sem garantia prévia de financiamento do QREN. Tudo isto é possível num regime comunista, tudo isto é possível em Sines.
Aí é possível viver numa roullote, a aguardar habitação social, não tomar banho por falta de água, pisar toda a espécie de porcaria na rua, respirar em direcção ao cancro, bairro sociais a carregar as baterias para graves problemas sociais num futuro próximo, ruas desertas a partir das 9 da noite pejadas de violência, mas têm cultura, muita cultura.
O FMM, o Centro de Artes e agora a escola de música, fecham a trilogia da demagogia comunista no seu melhor.
Não que tenha espectativa que publique o meu mail, nem o entenda como provocação, mas como um lamento e sentimento de pena. Sim, sinto pena dos Sinienses.
Sem abraços ou cumprimentos, mas com profundo lamento,
Hugo Cordeiro
"Concorde ou não com as opiniões enviadas, desde o início assumi o compromisso de publicar todas as opiniões, desde que não sejam ofensivas.
Compreenderá que não era razoável publicar o seu mail na íntegra, pelo que optei por omitir alguns parágrafos sem comprometer a mensagem.
Em relação à sua opinião deixemos os leitores se manifetarem, sendo meu leitor habitual saberá que existem alguns aspectos nos quais me revejo, assim como outros que acho exagerados ou desadequados. Mas uma opinião é, isso mesmo, uma opinião e nada mais, o que já não é pouco. "
António Braz