Balcão Central, 1.ª Fila (IV)
Eleições Autárquicas de Sines 2005
Antes da análise das listas candidatas à autarquia, existem três aspectos que tenho como inquestionáveis em termos de análise autárquica local.
- Não existem listas ganhadoras, mas sim candidatos vencedores. O cabeça de lista é pai na vitória e irmão nas derrotas. Os eleitores votam no candidato ou no partido, não na lista, contudo esta poderá ter o efeito contrário, levar a que não se vote no candidato. Idiossincrasias eleitorais;
- Actualmente a gestão autárquica assenta, fundamentadamente 3 áreas: financeira e recursos humanos, obras (públicas e privadas) e jurídica;
- O número de eleitores que vota de forma diferente para os diferentes órgãos autárquicos, é meramente marginal.
Câmara Municipal
O PS demonstra saudável preocupação em que os elementos da sua lista assegurem as áreas fundamentais da gestão autárquica. Curiosa constituição da lista. Mantém o elo com o partido, e procura simultaneamente a renovação, onde pontuam agradáveis surpresas. Pretende o melhor de dois mundos, aposta muito arriscada para quem assume ser a alternativa. A considerável notoriedade dos candidatos, não compensa a ausência de experiência politica e autárquica, o que poderá penalizar a candidatura.
Por seu lado a CDU aposta forte na juventude e experiência inquestionável dos seus elementos. Imperdoável a lacuna na área financeira, verdadeiro calcanhar de Aquiles da autarquia. Notoriedade muito elevada dos candidatos, numa lista que assume de corpo inteiro ser CDU. Com a saída do actual vice-presidente, para uma mais que provável empresa municipal de desporto e cultura, apresenta esta candidatura como número dois um candidato, preterindo outros nomes mais sonantes e consensuais junto do seu eleitorado. Apesar da lendária coesão partidária, a referida escolha deixará marcas não só no resultado eleitoral como no interior do partido. Paradoxalmente, somente uma oposição forte manterá unida esta lista, que disputará entre si uma futura candidatura à presidência.
O PSD, com legitimas pretensões de recuperar o vereador perdido há oito anos apresenta uma lista convincente para o seu eleitorado. Conjugando a provável recuperação de parte do seu eleitorado, que à 4 anos viu no PS uma alternativa à gestão CDU, com a actua ção do Governo PS e com a candidatura do BE que proporcionará a transferência de eleitores de ambos os partido de esquerda. Manuel Lança têm as condições ideais para reunir as "tropas" à volta da candidatura que encabeça, reforçando a aspiração de ser eleito.
As candidatura do BE e CDS, apresentam em comum o alargamento do espectro político, com o desejado abrir do leque de ideias e projectos e o facto de se tratar de candidaturas com elevado ênfase partidário, o seu eleitorado votará mais pela sigla que pelos candidatos.
Conforme previa o Bloco de Esquerda, não desperdiça a oportunidade de fidelizar eleitorado. Ao contrário do que querem fazer crer os seus responsáveis, que qualquer resultado é positivo, o BE espera alcançar um resultado próximo das legislativas, o que me parece improvável. A parte substanciai dos seu votos, não serão de transferências do PS ou CDU, mas sim da abstenção, o que só por si vale bem uma candidatura.
O CDS, mais por estratégia nacional do que por decisão local, surpreendentemente avança com a sua candidatura a Sines. Votando a direita no PSD, com o objectivo de eleger um vereador e simultaneamente, endereçar um recado ao Governo Central, restará ao CDS os votos dos irredutíveis, que pouca expressão têm em Sines.
Assembleia Municipal
A Assembleia Municipal é simultaneamente a rampa de lançamento na politica e o repouso dos guerreiros. Idalino José, candidato do PS, não sendo novo nestas andanças, também não procura o repouso, antes retempera forças para novos combates. Para já aguarda-o uma derrota certa contra o globetrotter Francisco Pacheco. Elogie-se o facto, de apesar de ver gorada a expectativa da candidatura presidencial, Idalino José, aceitar assumir as despesas numa derrota que não é sua. Caso obtenha mais votos que o candidato do PS à CMS, deixará muitos amargos de boca nos socialistas sinienses. De Francisco Pacheco pouco há para dizer, para além do facto de obter a proeza de derrotar, em ocasiões distintas, a dupla - Guinote-Idalino - que fez o partido socialista acreditar na vitória em Sines. A apresentação por parte do PSD, de um histórico do seu partido, associado ao facto da penalização da acção do Governo, permitirá, a Francisco Venturinha, fixar o seu eleitorado e obter transferência de votos do PS, aumentando o número de deputados municipais. Uma eventual lista do BE, permitiria, em minha opinião, a sua entrada na politica municipal pela porta da assembleia.
Junta de Freguesia de Sines
A CDU mantém, também, aqui o princípio de candidato que ganha recandidata-se e apresenta António Correia, um dinossauro político que seguramente se manterá no poder.
O PSD que já surpreendia por não surpreender, surge com uma lista liderada por Sandra do Ó, como a maior surpresa destas eleições. Agradável atitude, a de resgatar da sociedade civil a disponibilidade para abraçar cargos políticos de elementos com bastante notoriedade. Esta opção proporcionará um resultado curioso, com prejuízos de maior vulto para o PS.
O candidato do PS, Carlos Salvador, depois da experiência anterior enquanto candidato à Camara Municipal de Sines, ter resultado em pesada derrota (15%, contra 60% da CDU e 18% do PSD), também desta vez, não o espera melhor sorte. Será aqui que se verificará a maior derrota do PS na noite eleitoral, em grande parte devido aos adversários que enfrenta.
Junta de Freguesia de Porto Covo
Aqui jogar-se-á a mais renhida luta dos vários órgãos do poder local Com a saída do actual presidente da Junta, e estando colocada em risco a única conquista eleitora! do PS em 30 anos, o PS apresenta José Manuel Arsénio como sucessor natura! e consensual. Comprovar-se-á se o Porto Covo vota PS ou Luís Gil, principalmente se o actual presidente da Junta não demonstrar inequivocamente o seu apoio a esta candidatura.
A CDU procura a solução para recuperar a freguesia perdida há 4 anos, por escassas dezenas de votos, através de Armando Francisco, homem da terra, com vasta experiência política e autárquica. Sendo o caminho para a vitória exíguo e escorregadio, terá como trunfo o trabalho da Câmara Municipal, de que é vereador.
A renhida luta pelo poder na freguesia, manterá a bipolarização, não deixando espaço para o PSD, que sem surpresa, manter-se-á abaixo dos 10%.
A dúvida se a CDU conseguirá alcançar a maioria na Assembleia Municipal é a par do resultado da freguesia de Porto Covo a grande incógnita destas eleições.
Curiosas como esta duas questões estão relacionadas. Perante, o previsível cenário da CDU eleger 9 elementos, mais o presidente da Junta de Freguesia de Sines, eleito por inerência, e as restantes forças politicas elegerem 10 deputados, a eleição da freguesia do Porto Covo ganha um valor acrescido. Para além de eleger o presidente da freguesia, este eleito por inerência para a Assembleia Municipal, decidirá a existência de maioria CDU na Assembleia Municipal.
“Texto publicado no semanário Noticias de Sines, em 13 de Agosto de 2005.”
Eleições Autárquicas de Sines 2005
Antes da análise das listas candidatas à autarquia, existem três aspectos que tenho como inquestionáveis em termos de análise autárquica local.
- Não existem listas ganhadoras, mas sim candidatos vencedores. O cabeça de lista é pai na vitória e irmão nas derrotas. Os eleitores votam no candidato ou no partido, não na lista, contudo esta poderá ter o efeito contrário, levar a que não se vote no candidato. Idiossincrasias eleitorais;
- Actualmente a gestão autárquica assenta, fundamentadamente 3 áreas: financeira e recursos humanos, obras (públicas e privadas) e jurídica;
- O número de eleitores que vota de forma diferente para os diferentes órgãos autárquicos, é meramente marginal.
Câmara Municipal
O PS demonstra saudável preocupação em que os elementos da sua lista assegurem as áreas fundamentais da gestão autárquica. Curiosa constituição da lista. Mantém o elo com o partido, e procura simultaneamente a renovação, onde pontuam agradáveis surpresas. Pretende o melhor de dois mundos, aposta muito arriscada para quem assume ser a alternativa. A considerável notoriedade dos candidatos, não compensa a ausência de experiência politica e autárquica, o que poderá penalizar a candidatura.
Por seu lado a CDU aposta forte na juventude e experiência inquestionável dos seus elementos. Imperdoável a lacuna na área financeira, verdadeiro calcanhar de Aquiles da autarquia. Notoriedade muito elevada dos candidatos, numa lista que assume de corpo inteiro ser CDU. Com a saída do actual vice-presidente, para uma mais que provável empresa municipal de desporto e cultura, apresenta esta candidatura como número dois um candidato, preterindo outros nomes mais sonantes e consensuais junto do seu eleitorado. Apesar da lendária coesão partidária, a referida escolha deixará marcas não só no resultado eleitoral como no interior do partido. Paradoxalmente, somente uma oposição forte manterá unida esta lista, que disputará entre si uma futura candidatura à presidência.
O PSD, com legitimas pretensões de recuperar o vereador perdido há oito anos apresenta uma lista convincente para o seu eleitorado. Conjugando a provável recuperação de parte do seu eleitorado, que à 4 anos viu no PS uma alternativa à gestão CDU, com a actua ção do Governo PS e com a candidatura do BE que proporcionará a transferência de eleitores de ambos os partido de esquerda. Manuel Lança têm as condições ideais para reunir as "tropas" à volta da candidatura que encabeça, reforçando a aspiração de ser eleito.
As candidatura do BE e CDS, apresentam em comum o alargamento do espectro político, com o desejado abrir do leque de ideias e projectos e o facto de se tratar de candidaturas com elevado ênfase partidário, o seu eleitorado votará mais pela sigla que pelos candidatos.
Conforme previa o Bloco de Esquerda, não desperdiça a oportunidade de fidelizar eleitorado. Ao contrário do que querem fazer crer os seus responsáveis, que qualquer resultado é positivo, o BE espera alcançar um resultado próximo das legislativas, o que me parece improvável. A parte substanciai dos seu votos, não serão de transferências do PS ou CDU, mas sim da abstenção, o que só por si vale bem uma candidatura.
O CDS, mais por estratégia nacional do que por decisão local, surpreendentemente avança com a sua candidatura a Sines. Votando a direita no PSD, com o objectivo de eleger um vereador e simultaneamente, endereçar um recado ao Governo Central, restará ao CDS os votos dos irredutíveis, que pouca expressão têm em Sines.
Assembleia Municipal
A Assembleia Municipal é simultaneamente a rampa de lançamento na politica e o repouso dos guerreiros. Idalino José, candidato do PS, não sendo novo nestas andanças, também não procura o repouso, antes retempera forças para novos combates. Para já aguarda-o uma derrota certa contra o globetrotter Francisco Pacheco. Elogie-se o facto, de apesar de ver gorada a expectativa da candidatura presidencial, Idalino José, aceitar assumir as despesas numa derrota que não é sua. Caso obtenha mais votos que o candidato do PS à CMS, deixará muitos amargos de boca nos socialistas sinienses. De Francisco Pacheco pouco há para dizer, para além do facto de obter a proeza de derrotar, em ocasiões distintas, a dupla - Guinote-Idalino - que fez o partido socialista acreditar na vitória em Sines. A apresentação por parte do PSD, de um histórico do seu partido, associado ao facto da penalização da acção do Governo, permitirá, a Francisco Venturinha, fixar o seu eleitorado e obter transferência de votos do PS, aumentando o número de deputados municipais. Uma eventual lista do BE, permitiria, em minha opinião, a sua entrada na politica municipal pela porta da assembleia.
Junta de Freguesia de Sines
A CDU mantém, também, aqui o princípio de candidato que ganha recandidata-se e apresenta António Correia, um dinossauro político que seguramente se manterá no poder.
O PSD que já surpreendia por não surpreender, surge com uma lista liderada por Sandra do Ó, como a maior surpresa destas eleições. Agradável atitude, a de resgatar da sociedade civil a disponibilidade para abraçar cargos políticos de elementos com bastante notoriedade. Esta opção proporcionará um resultado curioso, com prejuízos de maior vulto para o PS.
O candidato do PS, Carlos Salvador, depois da experiência anterior enquanto candidato à Camara Municipal de Sines, ter resultado em pesada derrota (15%, contra 60% da CDU e 18% do PSD), também desta vez, não o espera melhor sorte. Será aqui que se verificará a maior derrota do PS na noite eleitoral, em grande parte devido aos adversários que enfrenta.
Junta de Freguesia de Porto Covo
Aqui jogar-se-á a mais renhida luta dos vários órgãos do poder local Com a saída do actual presidente da Junta, e estando colocada em risco a única conquista eleitora! do PS em 30 anos, o PS apresenta José Manuel Arsénio como sucessor natura! e consensual. Comprovar-se-á se o Porto Covo vota PS ou Luís Gil, principalmente se o actual presidente da Junta não demonstrar inequivocamente o seu apoio a esta candidatura.
A CDU procura a solução para recuperar a freguesia perdida há 4 anos, por escassas dezenas de votos, através de Armando Francisco, homem da terra, com vasta experiência política e autárquica. Sendo o caminho para a vitória exíguo e escorregadio, terá como trunfo o trabalho da Câmara Municipal, de que é vereador.
A renhida luta pelo poder na freguesia, manterá a bipolarização, não deixando espaço para o PSD, que sem surpresa, manter-se-á abaixo dos 10%.
A dúvida se a CDU conseguirá alcançar a maioria na Assembleia Municipal é a par do resultado da freguesia de Porto Covo a grande incógnita destas eleições.
Curiosas como esta duas questões estão relacionadas. Perante, o previsível cenário da CDU eleger 9 elementos, mais o presidente da Junta de Freguesia de Sines, eleito por inerência, e as restantes forças politicas elegerem 10 deputados, a eleição da freguesia do Porto Covo ganha um valor acrescido. Para além de eleger o presidente da freguesia, este eleito por inerência para a Assembleia Municipal, decidirá a existência de maioria CDU na Assembleia Municipal.
“Texto publicado no semanário Noticias de Sines, em 13 de Agosto de 2005.”
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